Dissertar sobre os enigmas antropológicos e sociológicos e fantasia literária em obras literárias ou mesmo acadêmicas é um desafio para qualquer estudioso das “fantasias” encontradas não apenas nas linhas, mas nas subjacentes entrelinhas. Aqui entra a Psicanálise pois as entrelinhas permanecendo no superego liberam sonhos que vencem as Regras Morais e indiretamente permitem que o Id promova “desejos” ou “pulsões” no “Eu quero” para o ego. Uma situação de Pode Ser x Deve Fazer.
Conhecendo a Fantasia literária
“Fantasias literárias”, mesmo as mais criativas, desde os títulos da capa aos encontrados nos capítulos e frases, de qualquer Ser Humano que pretenda desenvolver roteiros terá como conteúdo mental a situação proposta acima. A dualidade “Pode x Deve” encontra no Ego as estratégias que diminuem o receio deste ou daquele assunto ou situação.
No decorrer da elaboração do texto, onde além de descrições detalhadas encontramos as falas ou pensamentos dos personagens.
O autor escolhe os caminhos dos capítulos e na largura dos passos ao final, cruzamos com mecanismos de defesa, acolhimento, deslocamento, sublimação, identificação ou semelhantes, numa espécie de contrato analítico simbólico colocado em papel. O detalhamento destas estratégias irá originar aquelas “conversas” com o leitor e o criador da “fantasia”, o escritor.
Fantasia literária e Clubes de leitura
Em casos de Clubes de Leitura os participantes são adeptos da Primeira Tópica (visão Topográfica) onde “Eu quero”, “Eu sou”, “Não posso” surgem através das falas individuais determinando posicionamentos e até detalhes de parapraxes ou impulsos que, pelo excesso, demonstram uma insegurança ou consciências distorcidas por desejos reprimidos.
Três perguntas: no movimento dos olhos, o leitor não estará sendo o escritor ao mesmo tempo? Nos movimentos corporais integrados à sua imaginação não estaria dando vida aos personagens e aos locais onde ocorrem os fatos? Na “fantasia literária” deixaremos fluir nossos problemas pela interpretação do escritor ou pelas figuras construídas no livro?
Freud e a fantasia literária
Freud teve interesse nos sonhos, verdadeiras histórias de possíveis realidades a serem faladas ou escritas. Ele também procurou inferir, mesmo sem verificar com rigor as premissas que o levaram a classificar como cena primitiva ou a origem do Ser Humano, a passagem para a fantasia de sedução como a explosão da sensualidade e a uma terceira fantasia, aquela da diferença sexual advindo a simbologia da castração.
Neste posicionamento talvez encontremos as respostas para as 3 questões colocadas. Será uma visão interpretativa do leitor.
Cada uma destas fantasias torna-se fonte da criatividade de um redator em busca do criar, conduzir, in/deduzir, reduzir (dependendo do tempo de filmagem ou número de páginas – em ambos os casos não há pressa do resultado enquanto não ocorrer um processamento das questões levantadas nas obras) até concluir, sempre em busca de uma resposta à tantas questões forjadas durante o desenrolar da “fantasia literária”.
Fantasia literária: comunicação fantasiosa
Encontrar o motivo proposto e a linha de pensamento que liga o leitor ao escritor ou vice-versa, é o posicionamento necessário para o ato produtivo de criação ou leitura que estará sujeita a fatores ligados com a tranquilidade ou agito próprios de um inventor, desencadeando emoções, ideias, desejos e sentimentos, num processo contínuo de transformar o ainda indefinido em algo, pelo aprimoramento do desempenho e, principalmente no detalhar o entendimento da forma de vida a ser vivenciada na leitura de cada palavra ou de linhas do texto.
Assim nos encontramos perante um leitor em autoanalise (ou cliente analisado) em busca de sua ruptura com a fantasia literária. Na Antropologia com seus inúmeros fatores influenciadores e na Sociologia com outros tantos valores manipuladores, chegamos muito próximos aos processos de uma possível quebra de paradigmas com a “fantasia literária” que pode ser desenvolvida em diferentes lugares e, quando necessário, se consolida no Consultório do Psicanalista Sistêmico.
O perfume do ambiente, discreto, tem semelhanças com a realidade que os personagens desejam encontrar ou reencontrar.
Alguns trazem para as letras que descrevem ou falas que exalam situações naquele ambiente onde os personagens nos levam a sentir, como participantes ativos, o ar descrito para o local em letras perfeitas e até personalizadas. É a “fantasia literária” em exposição…
O desejo libidinal do ID
No desejo libidinal do ID, encontrar o nosso cheiro permite que fiquemos mais à vontade tornando possível mergulharmos num paralelo com a nossa própria história, surgindo assim os “Diários”, “Autobiografias”, “Romances Históricos” e semelhantes (um exemplo, possíveis anotações de Psicanalistas com o histórico do analisado – Anamnese ) que pode seguir por meses e até anos, tornando-se um substrato para um futuro roteiro de alguma obra de arte.
Uma “fantasia literária” é percebida nos títulos, parágrafos, falas, etc. onde ocorrem os fatos narrados, construindo em paralelo a situação do leitor no chamado “Campo Analítico” nem sempre tranquilo ou neutro, numa espécie de contrato não escrito entre o criador e criatura.
Ambos sujeitos a diferentes realidades subjetivas, onde podemos encontrar desde fugas das verdades, o evitar as dores reais ou imaginárias, o desprazer de estar e no detalhe do Narcisismo, perceber nos personagens reais ou virtuais, momentos muito voltados para si mesmo, para a própria imagem deixando de lado o “Princípio da Realidade”.
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Repetição de um real da fantasia literária
A “fantasia literária” considerada como a repetição de um real, das lembranças ou histórias passadas, positivas ou negativas, possui as características de personalidade do escritor.
Nas escritas podemos buscar e encontrar o material recalcado e nele incluímos a opinião sobre si mesmo (redator e leitor), como uma necessidade de admiração ao comentar o que está lendo ou vendo tal e qual obra. É a crença da superioridade seja pela cor, idioma, escolaridade, sexo e até religião numa falta de empatia pelo próximo.
O conceito de fantasia pode ser entendido, na teoria freudiana, em várias passagens, pois para ele nada era tabu. Ele considerava a “Fantasia” como atividade mental e poderá ser considerada de leitura subjetiva, que pode ser organizada a partir de obras literárias ou de outras artes visuais e mentais, dependentes dos desejos advindo da realidade dos fatos e, principalmente dos 8 (oito) mecanismos de defesa de quem estiver envolvido na denominada realidade psíquica, que na análise tradicional tem suas bases na infância e nas fantasias filogenéticas ou/e ontogenéticas.
Os trabalhos de Freud e a fantasia literária
Uma obra de arte, música, pintura, livro, filme, audiovisual, ou em deslocamento para uma situação familiar, pode em processo de sedução (Ver: Freud – Teoria de…) quem convive com ela, que penetrando no seu âmago poderá produzir imagens em sequencias em processos de fantasia (Ver: Freud Fachadas Psíquicas), premissa para sintomas de neurose e casos de histeria.
Chamando a fantasia literária como originais, podemos traçar uma linha com os trabalhos de Freud e as análises dos acontecimentos reais e por terem sido na infância ou adolescência traumatizantes.
Sem dúvida, o conceito de fantasia com o tempo de vivência do Ser Humano, torna-se abrangente e com inúmeras significações e definições que permitam ao “cliente” uma maior compreensão de suas leituras fantasiosas nas seções psicanalíticas para que ocorra um tratamento analítico de sucesso.
Os impactos efeitos das fantasias
Mas o tratamento irá depender dos diferentes impactos e efeitos cuja recordação por fantasias, tanto do profissional de Psicanálise como de seu Analisando que, por vezes, poderá ser disfarçada por fantasias obtidas em algum tipo de obra, seja literária ou qualquer outra arte, como por exemplo o teatro do oprimido (Augusto Boal (1931-2009), uma evolução do sinédrio da Lei Judaica.
O set analítico estará sempre preparado para qualquer “fantasia literária” para buscar e mudar diferentes materiais recalcados ou que estejam conjugados na verdade psíquica trazida da infância e adolescência, e em casos estremos, da vida adulta.
Este artigo sobre Fantasia Literária e sua relação com a Psicanálise é de autoria do escritor, cronista social e procurador de arte Prof. Dr.Ph.D Independente Tibor Simcsik ([email protected] ou [email protected]) atuando por sistema remoto em plataformas digitais na Psicanálise Sistêmica integrada com Constelações Familiares e Laborais.