O que é Loucura: isso realmente existe?

Hoje entenderemos sobre o que é loucura. Desde os primórdios da sociedade a pessoa que tivesse algum tipo de transtorno, era colocada como louca e sem o direito de exercer um papel social.

Podemos observar até mesmo nas Escrituras, quando Jesus encontra um homem considerado louco e busca libertá-lo. Nessa passagem, o louco é descrito como alguém perigoso e digno de distanciamento, tido como um perigo para a sociedade. Principalmente, quando o indivíduo, considerado louco, apresentava um quadro delirante, ou seja, psicótico.

Entendendo o que é loucura

Em algumas películas, também podemos ter exemplos de reis considerados loucos e, com isso, podendo gerar a destruição de um império próspero. Entretanto, a loucura não existe.

O filósofo Michel Foucault escreve justamente como os padrões sociais sofrem alterações ao longo das épocas. Sendo assim, para Foucault, a loucura é algo que se transforma, se adequa, se desfaz e se reúne ao longo do tempo.

Hoje sabemos que existem diferentes transtornos psicossociais e que não tornam alguém louco por tê-los. É importante ressaltar, que não podemos esquecer da memória histórica e vergonhosa presente no Brasil e no mundo.

O que é loucura: exemplo

Memória recente, em que pessoas eram condenadas a viver em manicômios , sem qualquer dignidade humana. Temos como exemplo, o Hospital Colônia de Barbacena , em Minas Gerais, fundado em 1903. Neste local, ocorreu uma espécie de holocausto, em que comboios chegavam lotados de pacientes.

Não existia a elaboração de um tratamento, apenas algumas pílulas e injeções com a finalidade de “acalmar a loucura”. Fora isso, o ambiente era representado por dejetos humanos, pacientes sem a alimentação e higiene adequadas, em um ambiente superlotado. E mais do que isso, eram tratados com total desumanidade, por serem diferentes de alguma forma.

Como se o diferente fosse sinônimo de inferior, de louco, de excluído. Alguns, passaram grande parte da sua vida sob essas condições e assistidas pelas lentes do preconceito social.

A histeria na compreensão sobre o que é loucura

A histeria, conhecida desde os tempos de Hipócrates, é um exemplo de transtorno que teve a sua definição alterada ao longo dos séculos e que vinha seguida pelo preconceito. Sendo assim, antes do Renascimento, a histeria era considerada presente apenas nas mulheres e tida a origem por problemas no útero.

Com isso, podemos observar que a figura de uma pessoa histérica e inconstante era atribuída no campo do feminino. Uma crença deturpada que somente as mulheres podem ter desequilíbrios emocionais.

Somente no século XX, com estudos de Freud e Breuer , que a histeria foi definida como uma neurose causada por lembranças reprimidas e de grande impacto emocional, situação que independe de gênero.

Psicose e a loucura

Nas diferentes películas consumidas no mundo, as mais populares são as que chamam a atenção para os comportamentos ditos loucos, os comportamentos delirantes. Em termos psicanalíticos, na psicose, o Ego não consegue suportar o mundo externo, a realidade. Assim, é derrotado pelo ID, uma instância primitiva da mente, responsável pelo prazer e a evitação da dor.

Por isso, observamos que uma pessoa em psicose vive em um universo criado por ela mesma, por exemplo, apresenta a crença que está sendo perseguida, ou a crença que é uma divindade.

Justamente por esse domínio do ID, que as pessoas psicóticas podem ter comportamentos como a nudez (em ambientes públicos), gritos e possíveis agressões físicas. É importante compreender que os psicóticos criam e vivem no seu próprio castelo, há intensa fuga da realidade.

Delírios de perseguição

A figura do louco no cinema ficou atrelada, durante muito tempo, aos esquizofrênicos. Justamente por apresentarem a fuga da realidade, delírios de perseguição ou grandeza. Vale salientar, que a psicose pode ocorrer também em outros transtornos , como na depressão maior e no transtorno bipolar (tipo I).

Depressão, melancolia e suicídio

Depressão e melancolia são diferentes apesar dos sintomas serem similares : sono em excesso ou insônia, falta de apetite, falta de energia para o seu autocuidado e o cuidado com as tarefas diárias (casa, estudos, trabalho), apatia, perda de esperança, etc.

A depressão pode ser cuidada com terapia e, em alguns casos, como a depressão maior, se faz necessário a introdução de medicamentos pelo psiquiatra. Já a melancolia é uma espécie de tristeza, de luto, que pode durar alguns dias, por conta de alguma ruptura.

É muito comum acontecer durante a perda de um ente querido, de um emprego, após algum acidente, e a pessoa irá se estabilizar dentro de alguns dias, podendo ser vista como algo de menor duração. É importante ressaltar, que em ambos os casos, o apoio familiar é fundamental.

A depressão

No século XVIII, um livro intitulado “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, tornou-se um “best seller” da época. Narrava a história de um jovem sensível, escritor e apaixonado. Como a jovem não o correspondeu, casando-se com outro rapaz, o jovem Werther suicidou-se. Muitos jovens da época se inspiraram no personagem e a Europa perdeu vários jovens para o suicídio.

A principal medida, em alguns países, foi a proibição desse livro. Contudo, quanto mais reprimimos o que acontece no nosso campo sentimental, pior é a dor, maiores são os riscos emocionais. Quando não tratada, a depressão maior pode ocasionar o suicídio.

Por isso, devemos, sim, dialogar sobre as diferentes temáticas referentes aos transtornos da mente. E, acima de tudo, compreendermos que a depressão não é preguiça, não é escolha, existe todo um complexo bioquímico e emocional que contribui para a sua existência.

Conclusão: sobre o que é a loucura

Com base em nossas reflexões, notamos que não existe a figura de um ser troncho e louco. Mas sim, psicopatologias que precisam ser cuidadas através do respeito social , autoconhecimento, autoaceitação, terapia.

E que, acima de tudo, as diferentes áreas que cuidam da saúde mental continuem o brilhante empenho em buscar a melhoria do bem-estar dos seus pacientes.

Este artigo sobre o que é loucura Bióloga foi escrito por Clariana Lima ([email protected]), estudante de psicanálise, poeta, mochileira e apaixonada por cães.