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Mãe presente: o que é ser uma mãe assim?

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Os conceitos que envolvem a maternidade, a mãe presente e o papel materno coexistem desde os tempos mais remotos e sofreram e sofrem alterações de acordo com a sociedade. Continue a leitura e entenda mais sobre o assunto.

Entendendo sobre a mãe presente

Historicamente, existem relatos e escritos que comprovam que as mães não exerciam diretamente todos os cuidados com sua prole, mas delegavam amamentação, cuidados com a saúde, higiene as servas e amas de leite em um local distante da casa dos pais, o que à época era tido como o melhor para as crianças, já que iriam viver junto a natureza. Esse conceito foi sendo modificado, quando na idade de retornar a casa da família, não acontecia tal volta, já que ocorriam inúmeros infanticídios.

Foi a partir de então, e pelo advento da Revolução Industrial e necessidade de mão de obra operária, começou a observar-se a quantidade enorme de crianças mortas, por inúmeros motivos, que começou a reverberar uma mudança no contexto anterior. Passando a responsabilidade do cuidado com a saúde, higiene e crescimento saudável deste ser para a Mãe, numa condenação ao trabalho das amas de leite.

Sendo então propagada por toda a sociedade essa mudança no Papel Materno e novas atribuições das mães, sendo confundido o papel de mulher com o de Mãe, o que contou com todo o aparato da Igreja Católica para tal feito. Anos depois, quando do surgimento da Psicanálise e seu estudo sobre o comportamento humano, principalmente na conjuntura das Famílias, que são até hoje as primeiras fontes e mais importantes de convívio e iniciação social.

Mãe presente e a Psicanálise

No advento da Psicanálise a maternidade e seu papel já estavam definidos nos moldes que presenciamos hodiernamente. Mesmo sendo interpassada pelas fases do feminismo, que ensejaram desde o questionamento do real desejo da mulher em ser mãe, bem como seu local no mercado de trabalho, este não foi suficiente para retirar a responsabilidade que envolve toda a conjuntura do Papel Materno.

Para Freud, que é o criador da Psicanálise, em seus primeiros estudos fica bem claro a importância que a mãe tem na formação da personalidade de todos os indivíduos, bem como seu papel como intermediadora e primeiro objeto de desejo/amoroso, tendo papeis e locais diferentes para cada sexo, mas, sempre mantendo um vínculo amoroso muito forte. Independente do sexismo que permeia essa teoria inicial de Freud, resta evidente que a presença ou ausência da mãe, como fonte primaz do afeto, desde a amamentação e principalmente nesta que perpassa a primeira fase psicossexual da criança, a fase oral, é de suma importância para o desenvolvimento da psique humana.

Havendo na relação mãe e filho(a) o envolvimento com o Complexo de Édipo e de Castração como precursor e formador da sexualidade, que vai depender de uma tranquila passagem por estes, para o alcance de uma vida sexual saudável.

Freud e a maternidade

Segundo Freud, na menina diante do complexo de castração em que o amor ilimitado da mãe é suprimido e o sentimento de inveja do pênis aparece, com a passagem pelo Complexo de Édipo, na qual surge o desejo de ter um filho do pai. Esta menina, acaba tendo sua feminilidade alcançada pela substituição do falo por um filho, que então, Freud considera como uma busca pelo falo faltoso o advento da maternidade.

Quando esta menina torna-se mãe, toda a teoria psicanalítica se descortina novamente e surge o questionamento trazido inicialmente por Freud e depois perseguidos por outros estudiosos psicanalistas de: o que é ser uma mãe presente¿ Melanie Klein, considera que diante das fantasias edipianas da menina em ter filho com o pai, o ato de ter o filho acaba ressignificando essa frustração e gerando uma relação amorosa da mãe com seu filho.

Winicott, surge com o conceito de “mãe suficientemente boa”, que está atrelado a mãe saudável, e que não tem como não vir atrelada a como essa maternidade vem sendo exercida dentro do contexto social da mãe, se viável economicamente, se tem rede de apoio. Todos esses quesitos e muitos outros perpassam na formação da função materna e na possibilidade da presença/ausência da mãe, tendo em vista que a situação financeira/social, bem como a raça, sexualidade, são fatores que culminam na possibilidade de essa mãe ter um maior acesso e cuidado com seu filho.

Mãe presente

Posto que, uma mãe que numa conjuntura tem que ser arrimo de família e provedora do lar, não tem como ser presente em todos os momentos da vida da criança, mas também tem a possibilidade de quando se fizer presente ter tempo de qualidade com essa criança.

Sendo assim, é muito sutil e relativo, esse conceito de mãe presente, tendo em vista que a mãe suficientemente boa não é especificamente a que superprotege o filho, pelo contrário essa pode até fazer um mal maior na formação da personalidade, já que acaba por formar um indivíduo inseguro, dependente do ato materno, com dificuldades de tomar decisões.

Noutro passo, também não o é a mãe ausente, que acaba por gerar também um filho carente, inseguro, com culpas quanto a esta ausência, com dificuldade de formular um relacionamento saudável consigo mesmo e com os outros na fase adulta.

Conclusão

Recaindo esse conceito de mãe suficientemente boa numa linha limítrofe, entre às necessidades, do filho, de maneira bem individual e subjetiva, em concomitância com necessidades básicas de toda criança, na qual a mãe atende as demandas, mas não em demasia e nem em falta.

Cabendo a cada caso concreto a avaliação de como essa presença é realizada, por exemplo, uma mãe solo, o atendimento a presença é realizado de outra forma, atentando para a não tentativa de substituir o pai.

Noutro passo, as inúmeras conjunturas do maternar, em cada vivência, bem especifica, bem como da necessidade da criança irão formular o quanto esse papel materno foi exercido com presença ou ausência, bem como de maneira a seguir a teoria winicottiana de suficientemente boa, sem julgamentos, a priori. Sendo assim, o que é uma mãe presente para você?

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    O presente artigo foi escrito Priscila Wanderley Saraiva([email protected]). Psicanalista com foco no social.

    6 thoughts on “Mãe presente: o que é ser uma mãe assim?

    1. Quando a esposa do meu primo faleceu, o filho deles deveria ter em torno de 3 anos; já meu pai faleceu quando eu iria completar 3 anos e 10 meses! Meu primo educou o filho com relativo conforto material e, mesmo que a minha tia avó tenha procurado dar o “seu melhor” ao neto, não foi suficiente para suprir a lacuna deixada pela morte da mãe dele! Presumo que a relação próxima de mãe e filho que a gestação favorece, gere na criança, quando a mãe falece, uma perda de alcance imensurável! Atualmente, o outrora, “priminho”, órfão, fica na casa que era do pai, vivendo modestamente, porque não foi “preparado” para o futuro sem o pai “provedor”! Já minha mãe nos incentivou estudar e mesmo sendo prole grande, se não for eu sair para fazer as compras e ter trabalhado uma vida inteira, como se diz, para me manter, nem seria ajudado financeiramente, por irmãos, embora já tenha pago plano de saúde a um dos meus irmãos! Portanto, embora importantíssimo o referencial masculino (paj) e feminino (mãe), para a criação da prole e do desenvolvimento emocional, mas as mães presentes evitam o sentimento de abandono, inclusive num acidente havido semana passada aqui em SC, onde a mãe veio a óbito e, quando o bombeiro foi resgatar a criança, emocionou a ele que ela nem sabia o contexto em que se encontrava, mas esticou os braços a ele, como se soubesse que a mãe não poderia mais lhe dar o colo!!!

    2. Olá! Sem desmerecer a qualidade e pertinência do tema, faz-se necessário uma ressalva na introdução do texto em relação as crianças serem cuidadas poramas de leite:: A quê sociedade se refere? Em que tempo histórico? Ao elaborar esse texto, não levou em conta a cultura de outros povos e em outros momentos….,Essa generalização leva a se pensar que todas as sociedades e culturas tinham esse comportamento!.

      1. Conheço uma moça que vive deixando o bebê de colo com terceiros ppr que quer curtir a vida. Parou de amamentar e deixa direito com babás que ela contrata por que a prioridade dela é sair e viajar com amigos, raramente fica com o filho. É normal isso, uma mae deixar o bebê com terceiros por que as prioridades sao outras? Dentro da psicologia isso é normal?

    3. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! Acredito que uma mãe presente é toda aquela que se dedica ao máximo! Independente das circunstâncias do momento, para darem o melhor de si, para seus filhos.

    4. Francisco das Chagas Sousa disse:

      A referência feita por quem escreveu o presente texto, é de suma importância para entendermos o contexto que tema.
      Parabéns pela publicação deste trabalho.

      Francisco das Chagas Sousa
      Estudante de psicanálise

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