“Esse obscuro objeto do desejo” e a psicanálise

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No filme intitulado “Esse obscuro objeto de desejo”,  de origem francesa, dirigido por Luis Buñuel, é retratada a história da busca por controle e desejo em uma relação não convencional. Aliado a isso, você sabe qual é a relação dessa incessante busca por desejo e controle presente no filme e a perspectiva da psicanálise de Freud?

Há muitas possíveis interpretações sobre a existência do sentimento de desejo obscuro, presente no ser humano, uma delas é pela perspectiva da psicanálise. Além disso, há também a necessidade de entender a busca por controle feita pelas pessoas, principalmente em relações pessoais. Ficou curioso? Continue lendo para descobrir tudo a respeito!

 Um pouco sobre o filme 

Mathieu, um homem rico e de meia idade, se apaixona por sua arrumadeira, Conchita. Essa paixão repentina leva os dois a um jogo de “gato e rato”, no qual buscam, cada vez mais, manipular e controlar um ao outro. Além disso, nessa espécie de relação, Conchita manipula os desejos carnais de Mathieu para ganhar seu controle absoluto, enquanto ele busca, obsessivamente, ganhar os afetos da jovem.

 Você já se fez estas perguntas?

Ao viajarmos no universo das reflexões, segundo o filme, são levantados alguns questionamentos que visam perceber como a arte se relaciona com a sistematização do pensamento. Veja seguintes indagações:

  • Como se dá o funcionamento do corpo humano em uma linguagem psicanalítica?
  • O querer ou vontade é um desejo repentino? 
  • O desejo não encontra, jamais, uma satisfação na consumação do objeto? 
  • Qual o sentido do desejo com “paixão da perda”?
  • Desejar é querer se perder como ser humano?
  • Haverá sempre uma relação de obscuridade nas relações humanas?

O desejo segundo a psicanálise de Freud

Freud relacionou o funcionamento do corpo ao mecanicismo do prazer, ou seja, a fuga do desprazer. Além disso, para o psicanalista, apenas o desejo é capaz de movimentar o aparelho psíquico, e esse movimento é regido pelas percepções de prazer e desprazer.  

Ademais, para a psicanálise, os desejos implícitos dos seres humanos são os causadores das leis e das proibições, criadas para manter o bom funcionamento da sociedade. Nesse momento, você pode estar se perguntando sobre o que poderia ser capaz de, como desejo, desestruturar a sociedade como um todo. Ora, pense sobre o desejo de praticar relações incestuosas ou, até mesmo, o desejo de matar.

Reflexões acerca do tema

A busca constante pelo prazer está presente em nossas vidas. Por conta disso, ela é visível nos desejos e realizações, como na busca por se alimentar bem, dormir em uma cama confortável, trabalhar na vaga dos sonhos e poder descansar e viajar com frequência.

 Além dessas áreas, as relações carnais e uma boa vida sexual são, frequentemente, os mais fortes desejos das pessoas. Junto disso, os fetiches pessoais e a libido são, por vezes, usados como um rumo a ser seguido pelo homem. Enfim, nós desejamos uma vida prazerosa e completa, de uma forma bem ampla.

Quando não nos atentamos a essas realidades da natureza humana, estamos abrindo mão de qualidade de vida. Isso pode gerar, além de infelicidade, sintomas de doenças emocionais, como neuroses, psicoses e histeria.

“Olhe para dentro, para as suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer.”  — Sigmund Freud

Ao longo da história

Do início da era dos filósofos até hoje, no nosso tempo, vários estudos foram feitos com um olhar voltado para essas questões. Com isso, diversas formas  de pesquisa e atuação foram utilizadas, como teorias, artes plásticas, filmes, fotografias.Com isso, muitos pensadores e filósofos se sentiram instigados a estudar sobre tais tópicos da nossa vida. 

Dessa forma, no universo do conhecimento sobre o homem, várias quebras de paradigmas aconteceram. Nesse contexto, não há dúvidas de que indagações como: “o que é o homem?”; “o que move o homem?” e “o homem vive em busca de quê?” foram frequentemente feitas.

As respostas para essas perguntas se deram de diversas formas e em momentos diferentes da história. No início, especialistas afirmavam que era o amor e o ódio que moviam os indivíduos. Já na fase intermediária, pensavam que era o desejo. Porém, no fim da Era Moderna, entenderam que era o prazer e o desprazer, relacionados ao desejo, que faziam com que o aparelho psíquico se movimentasse.

Neste contexto, elencamos as contribuições de Freud na construção do edifício do conhecimento. O “Pai da Psicanálise”, ao analisar os estudos realizados anteriormente sobre o princípio do prazer,  o ressignifica. Ele identifica a ideia da fuga da dor.

Assim, no filme “Esse obscuro Objeto do Desejo”, desenvolvido por Buñuel, é proposto um envolvimento com um movimento surrealista. Nele, podemos refletir sobre as ideias freudianas, acerca do princípio do prazer e dos desejos obscuros.

O desejo e o sexo

Logo, percebemos o surgimento de uma forma nova de perceber o mundo, através dos artistas da época. Vale lembrar que o filme é composto por um grupo de profissionais que transcendiam a arte, que utilizava a liberdade de expressão, mergulhando no planeta dos sonhos, sem se preocupar com uso da razão e da lógica.

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    No filme “Esse obscuro objeto de desejo”, nos deparamos com as personagens Mathieu e Conchita.  A primeira é um homem, de meia idade e solitário; A segunda é uma jovem, virgem, meiga e insolente, de apenas 18 anos. O homem se apaixona desesperadamente pela donzela. Assim, entendemos que há uma excelente retratação do desejo, mas que tipo de desejo será esse?

    Aparentemente, parece ser o desejo de ato sexual pelo Mathieu, em decorrência da brincadeira com o jogo erótico, de pura sedução, presente na trama. Entretanto, Conchita não disponibiliza na totalidade o objeto desejado, ela oferta apenas parte de seu corpo para que ele goze.

    Dessa forma, talvez, há uma tentativa de sustentação do desejo obscuro e do amor, em detrimento de ser somente um objeto de gozo.

    O desejo e os sonhos

    Na visão da psicanálise de Freud, o desejo tem a característica de um pesar. Ele não encontra, jamais, uma satisfação possível na consumação do objeto. Portanto, o desejo é sempre por algo insuficiente, ou seja, aquilo que falta.

    Assim sendo, ao possuir o objeto desejado, é possível que essa busca seja cessada, pois o desejo só perdura por não atingir seu alvo.Talvez, por isso, a personagem Conchita, no filme, não quis atender a demanda de Mathieu, tendo em vista o objetivo de nutrir um sentimento de amor. Nesse caso, o amor é um tesouro, no qual o desejo é condição para tal.

    Em resumo, desejar é se encontrar como ser humano. E, portanto, o homem vive em busca do prazer, consciente ou inconsciente.

    Inclusive, em alguns casos, em que os desejos são reprimidos, eles poderão se manifestar através dos sonhos. Para Freud, os sonhos são manifestações dos desejos reprimidos que se encontram no inconsciente. Isso vale também para os atos falhos, os lapsos de memória, etc. . 

    Entretanto, como será que esse desejo se realiza? Nos sonhos, somos surpreendidos por eles que, sem pedir licença, se satisfazem às custas do próprio eu. Portanto, o desejo é o que nos move, ele é o combustível que nos abastece de energias na busca do prazer, ou seja, do gozo. Aqui, entendemos o gozo como felicidade. E, devemos sempre pensar sobre qual é o nosso obscuro objeto de desejo, que permeia nossas vidas e mentes.

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    O artigo acima foi escrito pelo aluno do curso de Psicanálise Clínica Ademilson Marques de Oliveira.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

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