Possessivo ou pessoas possessivas, em um sentido literal, refere-se à posse. Imagine a liberdade se tornando uma gaiola dourada. Essa é a realidade de quem convive com pessoas possessivas.
Mas, realmente, o que são pessoas possessivas? O que explica a pessoa ciumenta ao extremo? Neste texto, vamos entender as causas, características e formas de lidar com pessoas assim.
O sentimento de posse sempre foi um estigma do ser humano. Desde os primórdios da humanidade o que é conquistado passa a ter um dono.
Posse de terras, direitos, pessoas, animais e daí tudo aquilo que alguém pode chamar de seu. Com o passar dos anos, além do direito de posse legal diante da lei, os sentimentos estão sendo revistos de uma forma controladora.
O que são as pessoas possessivas
Atualmente isso tem desacerbado devido às informações enviadas para a mente humana de todas as formas, principalmente pela mídia, internet, cinema. Crianças sendo criadas com o sentimento de posse desde o nascimento.
A situação chegou ao ponto que a intolerância nos relacionamentos seja sentimental, familiares, negócios estão levando as pessoas a situações de pose extrema que acaba em morte.
Sinais de comportamento em pessoas possessivas
Todos os dias se ligarmos o noticiário na TV vamos deparar com mortes de pessoas que estavam em relacionamentos possessivos.
Adolescentes não tendo uma relação sadia entre duas pessoas, ciúmes desproporcional ao relacionamento. Muitas das vezes não aceitando o término. A relação passa a ser doentia, talvez pela imaturidade do indivíduo ou desse adolescente. A falta de comunicação entre pais e filhos leva a essa situação. A criança entra na puberdade e começa a ter relacionamentos com adultos.
Há pouco tempo assisti a uma matéria entre tantas que enchem a tela da nossa televisão um adolescente matou a menina pois a mesma estava conversando com o tio que é pouco mais velho que ela e o rapaz achou que era traição.
Que ponto esta geração que está aí vai chegar
Casamentos sendo desfeitos devido ao ciúme de homens e mulheres despreparados para ter uma vida a dois. O ciúme descontrolado está tanto em relacionamentos heterossexuais e homossexuais.
No meu tempo de adolescente os ciúmes dentro de um relacionamento eram por colegas de escola, amigos do bairro, colegas de trabalho. Hoje com a criação de redes sociais o mundo virtual ganha uma dimensão muito grande na vida de uma pessoa.
Antigamente para vigiar alguém você tinha que montar plantão no portão da casa do namorado ou namorado. Hoje pelas redes sociais você acha e sabe o que o outro está fazendo.
Características deste perfil de comportamento
Temos alguns sinais de pessoa controladora:
- Irritação: A pessoa que controla é ou está sempre irritada com alguma coisa que o outro faz ou deixa de fazer. A pessoa controladora demonstra um ciúme doentio onde sufoca o parceiro ou parceira.
- Não tem amigos ou se possui não apresenta. Por não ter amigos não quer que a outra ou outro tenha também.
- Não gosta dos amigos da parceira ou parceiro: Neste caso sempre está boicotando o encontro com os amigos do outro. Sempre procura afastar a pessoa dos amigos que ela fez ao longo dos anos. A vida só gera nos dois, assim começa até mesmo a separação da própria família.
- Monitora seus passos: Esse tipo de relacionamento a pessoas não tem o prazer de estar em lugar nenhum. Imagina você em uma reunião de trabalho e até mesmo em um serviço que você não pode atender ninguém devido a demanda de tempo e processo a pessoa controladora monitorando todo o seu tempo.
- Pessoa Grudenta: Esse tipo de pessoa controla a vida do outro de tal forma que sufoca o relacionamento. O controle começa sutil de maneira que não é percebido.
- Insinua que o companheiro (a) está traindo: Tudo que acontece em termos de demora em responder ou até mesmo dar sinal de vida vira motivo de traição. Nessa situação a pessoa afetada fica sem saída, pois suas explicações passam a provar contra ela. A pessoa fica diante de um tribunal sem advogado para sua defesa. Esse tipo de pessoa que insinua uma traição na verdade está ofuscando a outra para que não seja descoberta uma vida dupla.
- Ciúme descomedido: O ciúme é descontrolado e doentio. Qualquer coisa na pessoa gera ciúme, reunião de família, onde sempre tem o primo mais chegado, amoroso, saída com amigos da escola, trabalho, etc. A falta de controle emocional ou até mesmo uma histeria leva a pessoa a esse comportamento.
- Isolamento emocional: Quando há isolamento emocional em um dos parceiros (as), acaba gerando uma neurose que leva ao casal ou outro tipo de relacionamento há uma situação difícil de lidar. Não há integração na relação a dois levando a desmotivação. O ciúme e a pessoa possessiva sempre vão coexistir enquanto não houver tratamento para amenizar o sofrimento.
Causas ou motivos em pessoas possessivas
Vamos falar agora sobre as motivações das pessoas possessivas. Mesmo que inconscientemente, esses fatores atuam para o comportamento de pessoas ciumentas em excesso.
- Ecos de Insegurança: Cada passo seguido, cada mensagem checada. Insegurança, desconfiança, tudo isso alimentando a possessividade.
- Ciúme ou Cativeiro? Controle ou Cuidado? Por trás de um argumento de cuidado, a pessoa possessiva cerca seu parceiro com perguntas e tentativa de controle. O que deveria ser amor torna-se aprisionamento.
- Autoestima Desmoronada: a pessoa possessiva precisa, antes de tudo, de atenção. Sua autoestima pode estar fragilizada. A terapia psicanalítica ou a psicoterapia podem ajudar a criar um verdadeiro programa de autoestima.
- O inconsciente e suas sombras: O passado pode estar projetando sombras sobre o presente. Formas de ver as relações, muitas vezes aprendidas com seus pais, ou fatos traumáticos que levam a fobias, compulsões e inseguranças extremas.
- Teoria do Apego: O apego nos molda. Desde bebês, a forma como nos relacionamos irá nos definir em nossa personalidade. É preciso verificar caso a caso por que algumas pessoas são mais inclinadas ao impulso de dominação.
- Dinâmicas de Poder e fatores culturais: Quando um conduz com força excessiva, a harmonia se perde.
- Cultura e mídia: Fatores culturais e a influência das mídias sociais também podem estar atuando. Por exemplo, sobre as representações que a sociedade faz sobre amor, sobre o papel do homem, sobre o papel da mulher etc.
Relacionamentos
Conheço caso que a pessoa tinha que tirar foto do lugar e enviar, ou não desligar o telefone para a outra saber o que e com quem está falando. Eu trabalhei com um sujeito que a mulher ligava todos os dias para saber se ele já tinha saído no final do expediente, quando tinha alguma reunião que atrasava ela ficava na porta da empresa esperando ele sair.
Trabalhei com uma moça que o noivo dela ia à empresa três vezes ao dia para levar lanche. Pedir para ela esperar ele na hora do almoço além de levar e buscar.
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Quando o relacionamento chega nesse nível, mesmo que não haja brigas, maus tratos acabam trazendo prejuízo em longo prazo, não existe a falta, saudade entre as duas pessoas.
Conclusão: sobre pessoas possessivas
A cabeça da pessoa condenada a essa tortura fica confusa que faz a mesma nem pensarem uma traição da outra parte. Perguntas e respostas sobre possessividade
Por que alguém se torna possessivo?
As raízes podem estar na infância, insegurança, medo de abandono e formas culturais como aprendeu sobre amor e relacionamento.
Possessividade é amor ou obsessão?
O amor liberta, a obsessão aprisiona. Possessividade é a corrente, enquanto o amor fortalece. É um tipo de relação de dependência emocional, em que o possessivo também depende do outro para manter o comportamento.
Quais sinais de ciúme excessivo que podem se converter em possessividade?
Ciúme excessivo, controle, falta de confiança. Em casos extremos, há o desejo de aniquilação do outro, ou seja, que o outro deseje o que eu desejo.
Como lidar? É possível mudar uma pessoa possessiva?
Transformação é possível, mas exige desejo e esforço. A mudança vem de dentro. O diálogo respeitoso entre as partes, a definição de limites e a terapia podem ajudar. O equilíbrio é a chave.
Este artigo sobre Pessoas Possessivas (o que são, características e como lidar) foi escrito por Paulo Antonio Pimentel, concluinte do Curso de Formação em Psicanálise Clínica.