Psicodrama para Terapia de Casal: como fazer?

Posted on Posted in Uncategorized

Este trabalho caracteriza a estratégia e a metodologia do profissional psicanalítico na prática e sua forma de atuar no setting com os postulados de Freud e seus seguidores clássicos e contemporâneos, inserida no Psicodrama para Terapia de Casal. No estudo dos conflitos e das somatizações dos pacientes, em busca de auxiliá-los na sua evolução egóica.

O trabalho é dividido em:

  1. Introdução
  2. Objetivos: gerais e específicos (I)
  3. Justificativa (II)
  4. Revisão Teórica (III)
  5. Metodologia (IV)
  6. Conclusão (V)

 

Introdução

O método psicanalítico, enquanto processo de investigação do inconsciente, permite o estudo de diversas situações nas quais o sujeito está implicado e atá entender como funciona o psicodrama. Também, fornece importantes subsídios para a compreensão da conjugalidade, da familiaridade e dos impasses daí decorrentes.

Neste sentido, a teoria psicanalítica contribuiu para a construção dos parâmetros teóricos de uma clínica do casal e da família – o que contribui para o desenvolvimento do Psicodrama para Terapia de Casal.

A Psicanálise de Família e Casal surge como uma ampliação da técnica psicanalítica e da técnica de psicodrama individual a partir do atendimento a pacientes esquizofrênicos e suas famílias, em meados da década de 40. Os psicanalistas que pretenderam incluir esta clínica no contexto da psicanálise apoiaram-se nos conceitos desenvolvidos por Freud, Bion, Klein, Winnicott, Bleger, Pichon-Rivière, entre outros, para elaborar suas propostas.

Com uma forte influência da escola inglesa de psicanálise, teorizaram acerca do funcionamento fantasmático inconsciente partilhado entre os membros do grupo. Ainda, estudaram a grupalidade como estrutura permanente do ser humano, assemelhando-se ao atual Psicodrama para Terapia de Casal.

Também, teorizaram sobre um psiquismo familiar e ampliaram o conceito de transferência para designar tanto aquela que ocorre entre os membros do casal e da família, como entre estes e o terapeuta.

O consciente, para a psicanálise, é apenas uma parte da mente e inclui tudo o que temos de ciência num dado momento. Tendo em vista que a psicanálise como um método de investigação criado por Sigmund Freud, faz distinção entre consciente e inconsciente e põe em questão uma mente cujas funções não são igualmente acessíveis ao sujeito.

O que, porém, traz a busca da área da consciência menos expostas e exploradas, o que Freud, denominou “pré-consciente e inconsciente”. A premissa inicial de Freud é de que há conexões entre todos os fenômenos mentais, e quando um pensamento ou sentimento parece não estarem relacionados, aos pensamentos, ou sentimentos que o precedem, estas conexões estão no inconsciente.

Além de que, há dados que foi excluído da consciência, censurado, reprimido e recalcado. Para Freud, esses dados não são esquecidos ou perdidos – mas não é permitido ser lembrado em um dado momento. E o pré-consciente, por sua vez, é uma parte do inconsciente, que pode se tornar consciente com facilidade.

 

Definição contemporânea

É como uma vasta área de posse das lembranças que a consciência necessita para desempenhar suas funções. Assim, dentro destes postulados de Freud, surge na atualidade a temática das somatizações ou doenças psicossomáticas que originam da repressão de sentimentos, desejos e conflitos psicológicos inconscientes.

Ou seja, segundo a definição contemporânea, é uma tendência para experimentar e comunicar desconforto somático e sintomas que não podem ser explicados pelos achados patológicos. É o que atribuí a manifestação física com lesões orgânicas com sintomas físicos sem explicação médica.

Tendo em vista, que Freud não empregou o tema somatização e psicossomática, o mesmo começou a ser objeto de estudo nas primeiras décadas do século XX. Isso pode ser considerado a sua consagração tendo como marco a fundação da American Psychosomatic Society.

A interação humana é definida como uma série de mensagens trocadas entre pessoas e a comunicação. Então, refere-se a qualquer comportamento verbal ou não verbal (Watzlawick,Beavin & Jacksson, 1993).

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), as taxas de separação ou divórcio cresceram significativamente no Brasil nos últimos anos (IBGE, 2002). Trata-se de informação relevante para os profissionais da área de saúde, considerando que o rompimento de relações amorosas estáveis vem sendo apontado como um importante fator de estresse. E, assim, pode contribuir para o desencadeamento de estados de crise (Epstein & Schlesinger, 1995).

     

    Estudos em Psicodrama para terapia de casal

    Estudos publicados na América do Norte apontam que os serviços de saúde mental dessa região vêm recebendo uma grande quantidade de casais para tratamento (Áries & House, 1998; Bradbury & Fincham, 1990). Outros estudos indicam ainda que os problemas que os parceiros enfrentam, por conta das relações conflituosas, podem influenciar no desenvolvimento ou manutenção de transtornos psíquicos. Como: depressão e ansiedade (Epstein, 1985; Bonet & Castilla, 1998; Kung, 2000; Mead, 2002).

    Estabelecemos ao longo da vida relações de natureza diversa, e um dos diversos tipos de relação que desenvolvemos e que tem um grande impacto nas nossas vidas é a relação amorosa. Subjacente à relação amorosa está a conjugalidade, e é sobre esse tema que o estudo da Psicodrama para Terapia de Casal se debruça.

    A busca de uma união romântica é um processo que envolve expectativas de satisfação, bem-estar e felicidade (Andrade, Garcia & Cano, 2009). O casal é visto como um todo, um sistema (Alarcão, 2002; Relvas,1996).

    Sistema é definido como o conjunto de elementos em interação de forma que uma modificação num elemento provoca um no outro (Marc & Picard, 1984 in Alarcao, 2002).

    O casal também faz parte de outros sistemas, os quais influencia e é influenciado, como a sociedade, comunidade e a família (Alarcão, 2002; Relvas,1996).

     

    A satisfação conjugal

    Satisfação conjugal é, sem dúvida, um conceito subjetivo. Ele implica em ter as próprias necessidades e desejos satisfeitos, assim como corresponder, em maior ou menor escala, ao que o outro espera, definindo um dar e receber recíproco e espontâneo.

    A junção de duas pessoas é considerada como um tecido relacional em permanente criação onde se emalham semelhanças e diferenças, proximidades e distâncias, complementaridades e simetrias. E é do olhar sobre este tecido que emerge o julgamento de maior ou menor satisfação conjugal (Narciso & Costa, 1996).

    Thompson, 1998 (in Narciso & Costa 1996), considera que a satisfação resulta de uma avaliação subjetiva (porque cada indivíduo tem os seus critérios para considerar a satisfação) e pessoal de cada parceiro sobre a sua relação conjugal.

    Os componentes preditivos da satisfação são diferentes para o homem e para a mulher (Hernandez e Oliveira, 2003). Por exemplo, os comportamentos de apoio dos homens parecem contribuir mais para a satisfação das mulheres que o inverso (Acitelli, 1996 in Narciso & Ribeiro 2009).

    Os homens, no geral, têm uma visão mais positiva da sua relação conjugal (Gottman 2000 in Narciso & Ribeiro 2009). Assim, Antunes e Carvalho (2011) consideram que as mulheres são mais exigentes do que os homens relativamente à conjugalidade.

    O relacionamento duradouro requer um esforço descomunal, paciência, união e sabedoria. Muitos tomam como base uma relação religiosa, mas nem sempre estão sucessivos a felicidade eterna, o cansaço e as pequenas brigam acumulam um certo desconforto de ambos. O psicológico, então, começa a buscar alternativas viáveis de separação.

     

    I – Objetivos do Psicodrama

    Objetivo geral

    Analisar a importância que o Psicodrama para Terapia de Casal possui dentro da terapia de casais que já possuem uma longa convivência juntos.

    Objetivos específicos

    Realizar uma pesquisa bibliográfica para demonstrar a importância do Psicodrama para Terapia de Casal;

    Construir um comparativo entre casais que utilizam a terapia de casais e casais que não realizam nenhum tipo de acompanhamento psicológico;

    Analisar num contexto geral a felicidade, casamento e satisfação conjugal;

     

    II – Justificativa do Psicodrama para Terapia de Casal

    Diante dessa visão baseada nas referências de autores conceituados na área e na percepção de convivência de uma relação, a terapia é um escape de salvamento de uma união longa com aspecto de desgaste.

    O Psicodrama para Terapia de Casal se torna um favor primordial e favorável capaz de trazer mudanças positivas. Além disso, o psicodrama para casais contribui para reconciliação e mudança de hábitos dos casais.

    Para executar um diagnóstico se faz necessário o levantamento de dados bibliográficos que possibilitem uma análise crítica construtiva relacionada a uma união duradoura. Isso levando em consideração os problemas de rotina, desgaste emocional, falta de tempo, relações sexuais e imparcialidade, entre outros.

    Portanto, o embasamento teórico é o caminho para definição de uma terapia funcional que trabalhe de forma objetiva a conciliação entre as pessoas que desejam a prosperidade e harmonia em seus lares. Visando, assim, a constituição familiar para como exemplo aos filhos e a sociedade.

    A importância desse levantamento bibliográfico possibilita o entendimento do Psicodrama para Terapia de Casal e do que é psicodrama como alternativa para terapia dos casais. Além de influenciar a procura por melhorias em universo muito restrito aos assuntos pessoais.

    Oferece um modelo eficaz para o manejo dos problemas conjugais e melhoria da satisfação dos parceiros com seus relacionamentos. Tudo através das buscas sistemáticas de dados bibliográficos demonstrados na revisão teórica que proporcionará ênfase com embasamento dos resultados que serão obtidos.

    Aspectos analisados na psicanálise e Psicodrama para Terapia de Casal

    Levando em consideração os diversos aspectos:

    • Familiares;
    • Religiosos
    • Relação de modo geral
    • Comunicação
    • Sentimentos
    • O dia a dia, entre outros.

    Percebe-se que é cada vez mais necessária a realização de uma análise que possibilite, de uma forma eficaz, a harmonia nos lares e reconciliação entre casais.

     

    III – Revisão teórica

    Segundo Freud, no Ego, ou Eu, regido pelo ‘princípio da realidade’, está a consciência, pequeno ponto na vastidão do inconsciente, que busca mediar e equilibrar as relações entre o Id e o Superego. O inconsciente precisa saciar o Id sem violar as leis do Superego.

    Assim, o Ego tem que se equilibrar constantemente em uma corda bamba, tentando não se deixar dominar nem pelos desejos insaciáveis do Id, nem pelas exigências extremas do Superego. Isso lutando igualmente para não se deixar aniquilar pelas conveniências do mundo exterior.

    Para executar um diagnóstico, antes do Psicodrama para Terapia de Casal, se faz necessário o levantamento de dados bibliográficos que possibilitem uma análise crítica construtiva relacionada a uma união duradoura. Sem deixar de levar em consideração os problemas de rotina, desgaste emocional, falta de tempo, relações sexuais e imparcialidade, entre outros.

    Portanto o embasamento teórico é o caminho para definição de uma terapia funcional (como o psicodrama) que trabalhe de forma objetiva a conciliação entre as pessoas que desejam a prosperidade e harmonia em seus lares. Visando sempre a constituição familiar para como exemplo aos filhos e a sociedade.

    A importância desse levantamento bibliográfico possibilita o entendimento do psicodrama como alternativa para terapia dos casais. Além de influenciar a procura por melhorias em universo muito restrito aos assuntos pessoais.

    Oferece um modelo eficaz para o manejo dos problemas conjugais e melhoria da satisfação dos parceiros com seus relacionamentos. Tudo através das buscas sistemáticas de dados bibliográficos demonstrados na revisão teórica que proporcionará ênfase com embasamento dos resultados que serão obtidos.

    Levando em consideração os diversos aspectos familiares, religiosos e de relação de modo geral como a comunicação, sentimentos, dia a dia, entre outros, é cada vez mais necessário a realização de uma análise. Uma análise que possibilite de uma forma eficaz a harmonia nos lares e reconciliação entre casais.

     

    IV – Metodologia

    O método de realização deste projeto (Psicodrama para Terapia de Casal) se enquadra no estudo de revisão integrativa. Segundo Beyea e Nicoll (1998), uma revisão integrativa sumariza pesquisas passadas e tirar conclusões globais de um corpo de literatura de um tópico em particular.

    Segundo Fernandes (2000), a revisão integrativa permite a construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisa. Assim como reflexões sobre a realização de futuras pesquisas.

    É necessário, portanto, seguir padrões de rigor e clareza na revisão e crítica, de forma que o leitor possa identificar as características reais dos estudos revisados. Seguindo os procedimentos de Ganong (1987), embora os métodos para a condução de revisões integrativas variem, existem padrões a serem seguidos.

    Na construção deste projeto, utilizaremos as seguintes etapas:

    1. Seleção da questão temática
    2. Levantamento bibliográfico (quanto a pesquisas já produzidas a respeito do tema)
    3. Análise e interpretação dos resultado
    4. Apresentação da revisão
    5. Aplicação do Psicodrama para Terapia de Casal
    6. Escolha do público alvo para aplicação da pesquisa
    7. Elaboração de questionários
    8. Aplicação
    9. Análise dos resultados obtidos
    10. Apresentação dos resultados

     

    V – Conclusão: aplicabilidade do Psicodrama em Terapia de Casal

    Este projeto procura aprofundar o entendimento quanto a relacionamentos de longa duração, bem como a terapia utilizada para harmonia destes casais, ou seja, no Psicodrama para Terapia de Casal. Segundo Norgren et al. (2004), os relacionamentos íntimos são aspecto central da vida adulta e a qualidade dos mesmos tem implicações. Não só na saúde mental, mas também na saúde física e vida profissional de homens e mulheres.

    Observa-se de acordo com os projetos de pesquisa, artigos dentre outros trabalhos do meio acadêmico, que ao longo do século XX, os pesquisadores demonstraram interesse crescente em compreender a vida amorosa e conjugal. Bem como avaliar a qualidade desses relacionamentos.

    De acordo com Norgren et al. (2004), o relacionamento conjugal está associado à saúde e qualidade de vida, principalmente nos anos de maturidade e velhice. Embora o fato de um casamento durar não necessariamente signifique que o mesmo é satisfatório para os cônjuges.

    Este trabalho possui a função de identificar os processos e variáveis associadas à satisfação conjugal em casamentos de longa duração, ou seja, mais de 20 anos. Nestes casais a análise da aplicação da terapia juntamente com o Psicodrama para Terapia de Casal se torna interessante ao ponto de vista que um relacionamento com mais duração possui mais desgastes e problemas que um relacionamento com curta duração.

     

    Pesquisa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Uma pesquisa de campo realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, publicada no livro “Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: uma construção possível Estudos de Psicologia”. A pesquisa com trinta e oito casais paulistas, mostrou que se comparando casais satisfeitos e insatisfeitos foi possível identificar que a satisfação aumenta quando há proximidade, estratégias adequadas de resolução de problemas, coesão, boa habilidade de comunicação.

    Assim, se os cônjuges estiverem satisfeitos com seu status econômico e forem praticantes de sua crença religiosa.

    Nesta pesquisa bibliográfica os estudos realizados por Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2010), revelam que o relacionamento conjugal está positivamente associado à saúde e à qualidade de vida, principalmente nos anos de maturidade e velhice. Embora seja apontada a necessidade de um maior número de estudos sistemáticos no contexto brasileiro.

    Segundo Machado (2007), a necessidade de se estar com o outro é algo típico do ser humano. Essa necessidade vem desde o nascimento, nas primeiras relações com as figuras de referência.

     

    Vínculos afetivos

    Assim, somos constituídos pelos relacionamentos que estabelecemos, motivo pelo qual é muito importante investigarmos como se dão esses vínculos. Perlin (2006) afirma que, a despeito de, na modernidade, o casamento ter sido ponto de partida para a formação da família, atualmente há um estágio no qual as relações são marcadas por um aprofundamento do individualismo, que estimula a instabilidade do relacionamento íntimo.

    E ainda leva a constantes reformulações dos projetos conjugais.

    É possível constatar por meios de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2007), em 2006 o total de casamentos no Brasil foi de 889.828, número 6,5% maior do que o apurado no ano anterior. Isso confirma a tendência de crescimento que vem sendo registrada no país desde 2002.

    Ainda segundo o documento de divulgação da pesquisa, o aumento pode estar relacionado à legalização de uniões consensuais. Além disso, os pesquisadores atribuem a expansão também à realização de casamentos coletivos, que têm o atrativo da redução de custos.

    Na análise de Dessen e Braz (2005), o relacionamento marital tem sido apontado, recentemente, como um fator preponderante para a qualidade de vida das famílias. Particularmente no que tange às relações que pais e mães mantêm com suas crianças.

     

    Saúde e qualidade de vida no relacionamento conjugal

    O relacionamento conjugal está associado à saúde e qualidade de vida, principalmente nos anos de maturidade e velhice – embora o fato de um casamento durar não necessariamente o mesmo seja satisfatório para os cônjuges. No entanto, Costa (2005), afirma que a conjugalidade é fundamental para o bem-estar psicológico e social dos indivíduos.

    Concomitante a isso, Perlin (2006) diz eu o casamento e satisfação se tornaram, ao longo da história do ocidente, estreitamente interdependentes.

    O casamento, dentro de nossa estrutura política e econômica, tem sido definido como uma resultante social que satisfaz necessidades básicas do indivíduo. Dias (2000) considera que o casamento contemporâneo tem algumas características determinantes, entre as quais está a busca da felicidade, da satisfação e do amor.

    A literatura, ainda segundo resgate feito por Dessen e Braz (2005), aponta inúmeros prejuízos diretos e indiretos, tanto para os cônjuges, como para seus filhos, provocados por uma relação conjugal insatisfatória. As consequências negativas das relações maritais insatisfatórias, e, possivelmente, do divórcio ou da separação do casal, incluem o aumento do risco de os cônjuges apresentarem psicopatologias, de estarem envolvidos em acidentes automobilísticos, de exposição à incidência de doenças físicas.

     

    Satisfação no casamento x Psicodrama para Terapia de Casal

    Também de cometerem suicídio, homicídio ou outros atos de violência, de mortalidade em função de doenças em geral, entre outras.

    Como dito por Perlin (2006), a satisfação é um elemento fundamental em um relacionamento interpessoal. Mas, segundo revisão realizada por essa autora, existe uma verdadeira diversidade de definições do que seja a satisfação no casamento.

    De acordo com Perlin (2006) quando se pensa em relacionamentos conjugais de longa duração – com mais de 20 ou 25 anos – deve-se considerar que estes casais já passaram por várias transformações na sua relação conjugal e familiar. Quanto à fase do ciclo de vida familiar, se tiverem filhos, eles podem ser adolescentes, jovens ou adultos e os próprios cônjuges devem estar, pelo menos, na meia idade.

     

    Rever o que foi feito

    Apesar de atualmente este período ser visto como época de novas oportunidades e expansão de vida, é momento também de rever o que foi feito até então: conquistas, ganhos, decepções e perdas; portanto, de projetar e redirecionar o futuro, corrigir o rumo e – por que não? – o casamento. Não descartando a busca pelo Psicodrama para Terapia de Casal, por exemplo.

    Na fase do ciclo vital familiar que envolve os casais idosos, o cuidado dos filhos deixa de ser uma tarefa central, a vida profissional perde destaque ou se interrompe e os cuidados com a saúde se agravam.

    Seja como for, em ambas as fases o casal tem mais tempo para ficar junto. Muitos casamentos não sobrevivem à saída, ou mesmo à independência dos filhos, e o divórcio acontece após 20 anos ou mais de casados.

     

    Psicodrama e conflitos conjugais no Brasil

    No Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2001, 15% das separações judiciais concedidas em primeira instância ocorreram entre 15 e 19 anos de casamento e 19% com 20 anos ou mais. Os casais já parecem não serem capazes ou não desejarem transformar sua relação, revendo a conjugalidade, dando-lhe, neste momento, maior destaque do que às questões familiares.

    Um ou ambos talvez desejem algo diferente do que seu casamento propicia e, como seus filhos, acreditem que têm de deixar a casa, embarcar numa nova vida e realizar seus sonhos.

    Minuchin (1990), afirma que as relações duradouras e satisfatórias, por outro lado, possibilitam que o sistema conjugal se torne um refúgio em relação aos estressores externos, bem como a matriz para o contato com outros sistemas sociais.

    Isso é bastante relevante frente à longevidade crescente da população idosa.

    Desse modo, a relação conjugal pode se transformar em fonte de crescimento pessoal e aprendizagem, se houver espaço para as diferenças e trocas pessoais.

    Gagnon et al. (1999) investigaram os aspectos interpessoais e psicológicos associados à satisfação nos relacionamentos conjugais duradouros. Notaram que essas relações se beneficiam do baixo nível de conflito e aumento das fontes de prazer mútuo, por não terem mais filhos para criar.

    Além disso, a percepção do apoio que o cônjuge pode prover parece estar positivamente relacionada à satisfação conjugal e bem-estar geral das mulheres mais velhas.

    Contudo, se os membros do casal estimularem os aspectos negativos um do outro, o relacionamento conjugal pode se tornar conturbado e conflituoso.

     

    Casamentos com 50 a 60 anos de duração

    Weishaus e Field (1988) realizaram estudo com casamentos que variavam de cinquenta a sessenta anos de duração e identificaram seis tipos conjugalidade:

    • Estável/positivo (os membros do casal mantiveram satisfação de moderada a alta e afeto positivo durante todo seu casamento);
    • Estável/neutro (casais satisfeitos, mas que nunca sentiram grande afeto um pelo outro);
    • Estável/ negativo (afeto negativo desde o início da relação);
    • Curvilinear (a satisfação entre os membros do casal declinou nos primeiros estágios do ciclo vital da família, mas aumentou nos últimos anos);
    • Declínio contínuo (no início havia alto nível de satisfação, mas decresceu paulatinamente);
    • Aqueles com aumento contínuo (fenômeno que acontecia em casamentos arranjados, raros no Ocidente).

     

    Mais de 20 anos de relacionamento conjugal

    Em outro trabalho a respeito dos casamentos de longa duração, Fennel (1987) estudou uniões de mais de vinte anos. Foram encontradas seguintes características importantes entre os cônjuges:

    • Compromisso com a relação;
    • Respeito pelo outro como melhor amigo; lealdade para com o mesmo e expectativa de reciprocidade;
    • Abertura mútua;
    • Valores morais fortes e compartilhados; compromisso com a fidelidade, desejo sexual; desejo de ser um bom pai;
    • Fé em Deus e compromisso espiritual.

    Destacou-se ainda a camaradagem entre os cônjuges, incluindo passar uma quantidade de tempo considerável e agradável juntos. Lauer et al. (1990) realizaram pesquisa com casais entre quarenta e cinco e sessenta anos de relacionamento e identificaram como variáveis importantes para a satisfação:

    • Estar casado com alguém que se valorize como pessoa e aprecie estar junto;
    • Compromisso com o cônjuge e com o casamento;
    • Senso de humor;
    • Consenso sobre vários assuntos: objetivos e projeto de vida, amigos e tomada de decisão.

     

    Tipos de casamentos felizes e estáveis

    Notarius e Markman (1993) encontraram resultados semelhantes, em estudo de diferentes estágios do ciclo da vida familiar, e a investigação de Gottman (1994) que se baseou nesta última. Descreveu três tipos de casamentos estáveis:

    1. Validador
    2. Evitador
    3. Volátil

    O autor considera aspectos preocupantes num relacionamento a crítica, o desprezo, a defesa e a teimosia. Confirmando aspectos relevantes encontrados em todas essas investigações, Kaslow & Hammerschmidt (1992) buscaram identificar as características diferenciais dos casamentos satisfatórios de longa duração em diferentes países e a publicação de Sharlin et al. (2000).

    Sharlin et al. (2000) escreve a primeira discussão multicultural apresentando os estudos realizados nos Estados Unidos, Suécia, Alemanha, Holanda, Canadá, África do Sul, Israel e Chile. Seus resultados permitiram concluir que em diferentes países as uniões satisfatórias caracterizam-se por apresentar:

    Boa habilidade de resolução de conflitos; confiança entre os cônjuges;

    • Compromisso com o outro;
    • Apreciação, amor e respeito mútuos;
    • Habilidade em dar e receber;
    • Comunicação aberta e honesta entre os parceiros;
    • Sensibilidade aos sentimentos do outro;
    • Sistema de valores e interesses em comum;
    • Crença na dimensão espiritual da vida.

    Trata-se, então, de relações mais flexíveis e igualitárias na distribuição de poder. Além disso, os cônjuges apresentam senso de pertencimento e envolvimento e parecem ser capazes de lidar com as crises.

    Também, com as transições que a vida apresenta – estando mais orientados pelo presente e futuro do que pelos fatos passados da vida.  Eles gostam de passar o tempo juntos, de se divertir, são bons amigos e valorizam o aspecto sexual do seu relacionamento.

    Nos estudos realizados, o motivo para os companheiros continuar juntos foram: acreditarem que o casamento é parceria para a vida toda e sentirem-se responsáveis um pelo outro e por haver amor.

     

    Construção conjunta do casal no Psicodrama

    Podemos observar que o casamento é uma construção conjunta da realidade. Ou seja, é uma opção viável de relacionamento que diz respeito às expectativas de cada um dos parceiros. Isso, contando que cada uma se comprometa a acreditar no que está fazendo.

    Tendo em consideração que para que um relacionamento continue satisfatório ao longo de vários anos, é necessário investir na relação ao ponto em que seja proveitosa para ambos.

    Uma estatística interessante encontrada ao analisar todas essas pesquisas foi que todos os casais satisfeitos e insatisfeitos.

    Tanto homens quanto mulheres, deram como um motivo para permanecer da relação, é o amor.

    Ao realizar o levantamento bibliográfico, percebemos ao ver as pesquisas já realizadas que existem casamentos de longa duração satisfatórios; que pessoas casadas há muito tempo permanecem se importando com seus companheiros(as). Ainda amam um ao outro e consideram-se amigos.

    É possível perceber que existem valores, objetivos e modo semelhantes de encarar a vida, o que também é conquistado. Parecem estar envolvidos com as questões atuais do seu relacionamento, tentando buscar alternativas para evitar a rotina e continuar se desenvolvendo.

     

    Casais satisfeitos

    Os casais satisfeitos demonstraram que seu casamento permanece vivo, em transformação. Pois, eles continuam a investir no mesmo e a acreditar que é possível estar casado há muito tempo e continuar unido para o que der e vier.

    Mesmo com todas essas pesquisas analisadas, se faz necessário também uma análise da aplicação do Psicodrama para Terapia de Casal que já possuem muitos anos juntos. Pois com isso teremos um cenário diferente das possíveis soluções diante das crises que os casais enfrentam.

    E isso contribui para que outros estudos relacionados ao psicodrama surjam – além do Psicodrama para Terapia de Casal – como a aplicação da psicodrama na terapia de filhos que possuem os pais divorciados. Ou, também, na terapia de crianças que são filhos únicos dentre outros campos de pesquisas que podem ser abordados.

     

    Este material  sobre o que é Psicodrama para Terapia de Casal. Como funciona o psicodrama? foi escrito por Antonia Samiza, concluinte do nosso Curso de Formação em Psicanálise Clínica.

     

    Referências bibliográficas  – Psicodrama para Terapia de Casal

    Alarcão, M. (2002). (Des) Equilibrios familiares (3ª ed.). Coimbra: Quarteto.

    Andrade, A., Garcia, A., & Cano, D. (2009). Preditores da satisfação global em relacionamentos românticos. Psicologia: Teoria e Prática, 11(3), pp. 143-156.

    Áries, I. & House, A. S. (1998). Tratamiento cognitivo conductal de los problemas de pareja. Em: V. F. Caballo (Org.). Manual para el tratamiento cognitivo-conductual de los transtornos psicológicos (pp. 553-557). Madrid: Siglio Veintiuno.

    Beyea, S. C., & Nicoll, L.H. (1998). Writing in integrative review. AORN Journal, 67, 877-880.

    Bonet, J. L. C. & Castilla, D. S. (1998). Un programa estructurado para el tratamiento de los problemas de pareja. Em: V. F. Caballo (Org.). Manual para el tratamiento cognitivo-conductual de los transtornos psicológicos (pp. 576-600). Madrid: Siglio Veintiuno.

    Bradbury, T. N. & Fincham, F. D. (1990). Individual difference variables in close relationships: a contextual model of marriage as an integrative framework. Journal of consulting and clinical psychology, 54 (4), 713-721.

    Comin, F. S.; Silva, J. D. A.; Santos, M. A.; (2016). Conjugalidade e casamentos de longa duração na literatura científica. Contextos Clínic vol.9 no.1 São Leopoldo jun. 2016

    Costa, M. E. (2005). À procura da intimidade. Porto: Edições Asa.

    Dessen, M. A., & Braz, M. P. (2005). Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa 16, 221-231.

    Dias, M. (2000). A construção do casal: Um estudo sobre as relações conjugais contemporâneas. Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro.

    Epstein, N. & Schlesinger, S. E. (1995). Problemas conjugais. Em: F. M. Dattilio & A.

    Freman (Orgs.). Estratégias cognitivo-comportamentais para intervenção em crises (pp. 343-365). Campinas: Editorial Psy II.

    Epstein, N. (1985). Depression and marital dysfunction: cognitive and behavioral linkages. International journal of mental health, 13, 86-104.

    Fennell, D. L. (1987). Characteristics of long-term first marriages [Resumo]. In America Association for Marriage and Family Therapy (Org.), 45th Annual Conference Book of Abstracts (p. 418). Chicago: Autor.

    Fernandes, L. M. (2000). Úlcera de pressão em pacientes críticos hospitalizados: uma revisão integrativa da literatura. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

    Ganong, L. H. (1987). Integrative reviews of nursing research. Research in Nursing & Health, 1, 1-11.

    Gottman, J. M. (1994). What predicts divorce? The relationship between marital process and marital outcomes. Hillsdale: Lawrence Erlbaum.

    Hernandez, J., & Oliveira, I. (2003). Os componentes do amor e a satisfação. Psicologia: ciência e profissão, 23(1), pp. 58-69.

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2007). Comunicação social de 06 de dezembro de 2007. Retirado em 23/072008, de http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ noticia_impressao.php?id_noticia= 1046.

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. (2002). Estatísticas do registro civil. Rio de Janeiro: IBGE.

    Kung, W. W. (2000). The intertwined relationship between depression and marital distress: elements of marital therapy conducive to effective treatment outcome. Journal of marital and family therapy, 26 (1), 51-63.

    Lauer, R., Lauer, J., & Kerr, S. (1990). The long-term marriage: perceptions of stability and satisfaction. International Journal of Aging and Human Development, 31(3), 189-195.

    Machado, L. M. (2007). Satisfação e insatisfação no casamento: Os dois lados de uma mesma moeda? Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.

    Mead, E. D. (2002). Marital distress, co-occurring depression and marital therapy: a review. Journal of marital and family therapy, 28 (3), 299-314.

    Metz, M., & Epstein, N. (2002). Assessing the role of relationship conflict and in sexual dysfunction. Journal of Sex and Marital Therapy, 28, 139-164.

    Minuchin, S. (1990). Famílias – funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas.

    Narciso, I., & Costa, M. (1996). Amores Satisfeitos, mas não perfeitos. Cadernos de Consulta Psicológica, 12, pp. 115-130.

    Narciso, I., & Ribeiro, M. (2009). Olhares sobre a conjugalidade. Lisboa: Coisas de ler.

    Norgren, M.B.P.; Souza, R.M.; Kaslow, F.; Hammerschmidt, H.; Sharlin, S. A. 2004. Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: uma construção possível. Estudos de Psicologia, 9(3):575-584. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-294×2004000300020.

    Notarius, C., & Markman, H. (1993). We can work it out – making sense of marital conflict. Nova York: Putnam’s Sons.

    Perlin, G. D. B. (2006). Casamentos contemporâneos: um estudo sobre os impactos da interação família-trabalho na satisfação conjugal. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, Brasília.

    Relvas, A. P. (1996). O ciclo vital da familia – Perspectiva sistémica (3 ed.). Porto: Edições Afrontamento.

    Watzlawick, P., Beavin, J., & Jackson, D. (1993). Pragmática da comunicação humana (7-8-9 ed.). (A. Cabral, Trad.) São Paulo: Editora Cultrix.

    Weishaus, S., & Field, D. (1988). A half century of marriage: continuity or change? Journal of Marriage and the Family, 50(3), 763-774.

     

     

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *