A frase “Ser ou não ser, eis a questão” é dita por Hamlet no monólogo da peça homônima de William Shakespeare. A frase pode ser interpretada de várias maneiras, mas geralmente se refere à vida.
Mas muitas pessoas tem dúvidas do real significado da frase. Portanto, a seguir vamos explicar exatamente todo o contexto da frase e o que ela significa.
Contexto da frase
A história de “Hamlet” acontece no século XVI e fala sobre o príncipe da Dinamarca, Hamlet.
Ele descobre que seu tio Cláudio matou seu pai para virar rei.
Como se não bastasse, apenas dois meses, Cláudio se casou com a rainha Gertrude (sua mãe), o que é inaceitável para o jovem príncipe.
Então, dúvidas tomam conta do pensamento de Hamlet: ele realmente viu o fantasma de seu pai ou a visão foi fruto de sua imaginação ?
Se for verdade, ele vingará seu pai e se tornará um assassino? Ou é mais digno provocar a própria morte do que matar o tio?
Com todos esses questionamentos que ocorrem durante a trama, o príncipe se vê confuso e pensa em tirar sua própria vida.
É daí que surge a citação no monólogo três: “ser ou não ser”.
Significado de ser ou não ser
A famosa frase “ser ou não ser” de Hamlet basicamente questiona se é melhor continuar vivendo ou morrer.
Ele pensa nos prós e contras de acabar com a própria vida, mas logo percebe que o suicídio é visto como um pecado.
Hamlet compara a morte a um sono profundo, o que parece bom até ele começar a pensar sobre o desconhecido que vem depois.
A frase pode significar várias coisas, como:
- Decidir entre viver, mesmo enfrentando problemas, ou escolher morrer.
- Ponderar sobre o significado da existência.
- A ideia de agir ou não em determinada situação.
- Questionar sobre viver de forma autêntica e com integridade.
- O dilema entre o que se é capaz de fazer e o que se deixa de fazer, ou como se pode realizar no mundo.
No fim, Hamlet decide viver, escolhendo se afirmar no mundo, apesar das dúvidas e desafios.
A reflexão de Hamlet sobre a morte ser como o sono
Hamlet compara a morte a espécie de sono e, vista dessa forma, não parece tão assustadora. Mas, ele chega a esses questionamentos justamente porque é uma pessoa muito reflexiva.
No entanto, colocando-se diante de situações com uma atitude filosófica, ele se questiona sobre o que poderia ser após a morte, após o sono eterno.
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É assim que, na segunda parte da reflexão de Hamlet, ele se concentra mais no medo inato de todo ser humano sobre a morte. É o local do qual nenhum viajante jamais retornou.
Dessa forma, Hamlet teme as dores que a vida após a morte pode trazer.
Como não existe uma certeza de que haverá um alívio de seus sofrimentos terrenos através da morte, ele se forçou a questionar a morte mais uma vez.
Logo, acabou desistindo de cometer suicídio e ficou preso na dúvida: “Ser ou não ser, eis a questão”?
Hamlet aos olhos da psicanálise
A temática do indivíduo que se coloca como único juiz de sua morte ou vida é uma temática considerada “moderna”, muito à frente da época de Shakespeare.
Será por textos como Hamlet que Shakespeare será (séculos depois) lembrado:
- pelos autores do Romantismo como sendo um romântico avant la lettre;
- pelo Iluminismo como uma inspiração ao que há de valioso no humano, que não deve se subordinar a crenças, nem se limitar às regras sociais ditadas por outras pessoas.
Sem Hamlet, sem Shakespeare, sem o Romantismo e sem o Ilumunismo, seria difícil pensar as dimensões do talento, da liberdade humana e dos movimentos realizados pela vida psíquica interior, aspectos fundamentais para a psicologia e a psicanálise.
Há também a questão das forças psíquicas internas que não são completamente dominadas pelos personagens shakespeareanos.
Este aspecto seria um prenúncio da energia pulsional e do inconsciente, aspectos tão caros para se entender o que é psicanálise.
A frase “ser ou não ser” em Shakespeare, dita por Hamlet, serviu como objeto de estudo para grandes psicanalistas. No livro “Interpretação dos Sonhos”, Freud postula a teoria de que os sonhos são manifestações de desejos inconscientes e reprimidos.
Logo, ele afirma ainda que as crianças do sexo masculino muitas vezes têm um desejo edipiano inconsciente de matar seu pai e substituí-lo por estar com sua mãe.
Dessa forma, Freud menciona que no Hamlet de Shakespeare, o personagem-título experimenta esse desejo e se manifesta de várias maneiras oníricas.
Em outras palavras, como seu tio Cláudio já realizou as ações que o próprio Hamlet desejava, Hamlet luta com raiva.
Além disso, ao mesmo tempo que luta com ciúme e confusão, tenta suprimir esses sentimentos e chegar a um acordo com eles.
Entenda
Os conflitos internos de Hamlet se expressam em ações que muitos consideram loucura.
Suas visões e sonhos, como ver o fantasma do pai, são formas desses conflitos aparecerem.
À medida que o subconsciente de Hamlet ganha força, seus desejos escondidos começam a se mostrar.
A aparição do fantasma do pai é um exemplo disso.
O fantasma age como uma parte do subconsciente de Hamlet, falando coisas que Hamlet não consegue admitir para si mesmo, até que o fantasma as verbaliza.
A Influência formativa de Shakespeare em Freud
Antes de finalizar a leitura, vale destacar que as peças de Shakespeare ocuparam um lugar significativo na estante de Sigmund Freud durante a maior parte de sua vida.
O psicanalista começou a ler Shakespeare quando tinha apenas oito anos.
Além disso, Freud citava as peças em cartas para seus amigos, colegas e sua amada.
Durante suas reflexões sobre teorias, ele usou peças de Shakespeare para ajudá-lo a entender questões difíceis em sua vida. Em especial a frase “ser ou não ser, eis a questão ” fez com que Freud refletisse a respeito do fracasso e morte.
De modo geral, as peças de Shakespeare são parte da matéria-prima a partir da qual Freud construiu a psicanálise.
A relação intertextual do psicanalista com Shakespeare assumiu muitas formas, incluindo citação, alusão e interpretação literária.
Considerações finais de ser ou não ser, eis a questão
Espero que tenha gostado de saber o significado de ser ou não ser em Shakespeare.
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One thought on “Ser ou não ser, eis a questão: significado em Hamlet”
Muito bom texto! A preocupação do ser humano, após a morte é constante. Parafraseando “Ser ou não ser, eis a questão ” seria assim: Viver ou não viver, eis o dilema. Penso que temos duas fases,a vida e a morte. Vamos viver da melhor forma possível, para quando a morte chegar, o SER DIVINO, possa nos receber com alegria. A morte é uma questão Sobrenatural!