A Síndrome do Filho do Meio: o que é, quais os impactos?

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Ver cenas de ciúmes entre irmãos é algo comum, afinal, quem já não achou que os pais amavam mais o outro filho? Os ciúmes acontecem independente da quantidade de irmãos. Porém, você já pensou como se sente o irmão que nem é o mais velho e nem o mais novo? Aquele que se tornou o do meio? Esse filho pode estar passando pela síndrome do filho do meio.

Contudo, o que realmente é essa síndrome? É sobre isso que iremos falar nesse artigo. Também falaremos sobre possíveis causas, características, consequências e como evitá-la no ambiente familiar.

Vamos lá?

O que é a síndrome do filho do meio

Ser pai, ser mãe

Para começar, é preciso explicar que ninguém nasce com manual de instrução. Dessa forma, nenhuma mãe ou pai sabe como ser mãe ou pai desde o começo. A relação familiar é construída com o passar do tempo e é necessário romper com a ideia de que o tratamento do filho que chega será igual ao do filho anterior.

Considerando o que foi dito, o primeiro filho sempre traz para os pais e para as mães a insegurança do que fazer. Quando o segundo filho vem, além de ele ser diferente, a atenção dos pais precisa ser dividida. Nesse momento, o ciúme pode começar a surgir. Afinal, o primeiro filho perde a atenção total que tinha.

Tudo isso pode ser agravado na chegada do terceiro filho. Nesse momento, além do ciúme, pode haver um sentimento de insignificância por parte dos mais velhos. Afinal, o filho mais novo requer mais cuidados. Contudo, no tocante ao filho do meio, esse sentimento pode assumir contornos mais agudos.

Ser filho mais velho, ser filho mais novo, ser filho do meio

O sentir-se insignificante se justifica na medida em que o filho do meio não precisa de tantos cuidados quanto o mais novo e não está realizando tantas coisas quanto o mais velho. Afinal, o irmão mais velho está na escola tirando notas boas ou ruins, enquanto o mais novo precisa de cuidados sendo bebê ou não. Nesse contexto, o filho do meio pode sentir que não tem importância e que, por isso, ninguém liga para ele.

Todo esse sentimento caracteriza a síndrome do filho do meio.

No que tange ao desenvolvimento infantil, é preciso dizer que é na infância que as crianças estão desenvolvendo sua personalidade e valores. Nesse momento, tudo é mais intenso porque as crianças são mais sensíveis ao que as rodeia. Dessa forma, a síndrome é como uma reação não racional de uma pessoa em desenvolvimento.

Além disso, assim como não podemos culpar as crianças, não podemos culpar os pais. É preciso trabalhar isso quando identificado, mas não com um sentimento de culpa. Pensando nisso, nos próximos tópicos vamos falar sobre as características e como evitar.

Características da síndrome do filho do meio

Antes de falarmos sobre as características da síndrome, precisamos dizer que nem todo o filho do meio a desenvolve.

Porém, dentre os que desenvolvem a síndrome, vemos características como:

Competição por atenção

Como dissemos, tentar chamar a atenção dos pais é normal. Porém, uma criança com síndrome do filho do meio pode inventar situações para conseguir ser vista. São exemplos atitudes como fingir uma doença e brigar com colegas ou irmãos.

Baixa autoestima

Nesse caso, a criança se sente inferior aos seus irmãos e acaba por desenvolver baixa autoestima. Isso porque ela sente que não recebe atenção, não faz coisas tão boas, ou não merece tantos cuidados.

Desconforto ao receber atenção

O filho do meio se sente esquecido por tanto tempo que, quando recebe atenção, se sente desconfortável. Assim sendo, acaba tentando se esquivar ou se manter “invisível”.

Isolamento em relação à família

Em muitas ocasiões, o filho do meio se sente um estranho em meio a família. Como dissemos, ele se sente mal até por ser lembrado. Consequentemente, esse indivíduo busca maneiras de se proteger e uma dessas maneiras é justamente o isolamento anteriormente indesejado. Ele não quer atrapalhar e nem se sentir mal, por isso tenta estar distante.

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    Possíveis causas

    Como dissemos no começo, os pais não sabem ser pais antes de estarem sendo pais. Dessa forma, a causa da síndrome do filho do meio não é algo que podemos apontar como um erro dos pais. Mas, invariavelmente, ela surge do sentimento de menosprezo que o filho do meio sente.

    Mais do que apontar culpados, é preciso orientar as crianças para que a síndrome não se desenvolva. Por isso, é importante sempre estar atento ao comportamento dos filhos e do relacionamento entre eles. Mais abaixo trataremos de dicas de como evitar o desenvolvimento da síndrome do filho do meio.

    De qualquer forma, é importante entender que nenhuma família está imune de isso acontecer.

    Impactos da síndrome do filho do meio na vida adulta

    Uma criança que sofreu com a síndrome do filho do meio, quando adulto se torna alguém isolado. Afinal, ele reflete no mundo o sentimento que experimentou com seus pais. Dessa forma, ele não espera nada das pessoas: nem atenção nem ajuda ou qualquer reconhecimento.

    Consequentemente, esse adulto se torna egoísta, extremamente independente, inseguro e tem dificuldades para se relacionar. Ademais, a baixa autoestima perdura.

    Como evitar e superar a síndrome do filho do meio

    Nenhum pai, racionalmente, deseja que seu filho desenvolva a síndrome do filho do meio. A partir disso, é importante prestar atenção em algumas atitudes que podem ser evitadas. Pensando nisso, listamos algumas delas aqui.

    Evitar comparações

    Todos nós somos diferentes uns dos outros. Somos seres complexos e temos qualidades e defeitos diferentes. Consequentemente, a comparação pode trazer marcas profundas, pois a pessoa nunca se sentirá suficiente com relação ao padrão estabelecido pelos pais. Por isso, é muito importante não comparar os filhos.

    Valorizar a individualidade de cada um

    Cada filho tem uma personalidade e características únicas. Lembre-se de valorizar cada um, pois isso refletirá no desenvolvimento da autoestima deles.

    Praticar a escuta

    No meio da rotina corrida, acabamos achando que as crianças não têm nada para acrescentar. Porém, pare para ouvir o que seus filhos têm a dizer. Dessa forma, você estabelecerá uma via de diálogo com seus filhos. Consequentemente, seu filho do meio saberá que tem voz e que pode conversar com você.

    Ser compreensivo e paciente

    Como dissemos lá em cima, o filho do meio pode tentar conseguir atenção de formas não tão boas. É preciso que os pais compreendam o porquê dessas atitudes terem começado e como trabalhar tais questões. Agir com autoridade agressiva, nesse momento, só afastará e prejudicará mais a criança.

    Considerações finais sobre a síndrome do filho do meio

    Agora que listamos como evitar o surgimento do problema, precisamos pensar no caso em que a síndrome do filho do meio já é uma realidade.

    Para isso, devemos salientar que quanto mais novo é o filho mais explícitos são os sinais dos sofrimentos. Com o desenvolver da idade e do amadurecimento, os sentimentos podem diminuir. Porém, em casos onde o sentimento persiste e que prejudica a vida adulta, é preciso buscar ajuda.

    Os psicanalistas, nesse contexto, podem ajudar a entender seus sofrimentos e as causas de quem sofre com o problema. Nossa mente é complexa e precisamos de ajuda.

    Assim sendo, se você tem interesse em saber mais sobre a síndrome do filho do meio, conheça nosso curso de Psicanálise Clínica. Nele, você conhecerá sobre essa e outra síndromes, além de se aprofundar no conhecimento da psicanálise. A formação é 100% online e tem implicações tanto para sua vida pessoal quanto para o âmbito profissional. Confira!

    15 thoughts on “A Síndrome do Filho do Meio: o que é, quais os impactos?

    1. DINORÁ TAVARES DEUS disse:

      INFELIZMENTE ACONTECEU COMIGO, MEU FILHO DO MEIO TEM ESTE COMPORTAMENTO .ME ENTRISTEÇO DE NAO TER ESTA INFORMAÇÃO A MAIS TEMPO.

    2. Tenho 16 anos e hoje percebi que passei e passo pela síndrome do filho do meio. Minha irmã nasceu quando eu tinha 6 anos, depois que ela nasceu foram raras as vezes que senti amor do meu pai, desenvolvi uma autoestima extremamente baixa, me sentia só e insegura e, principalmente, inferior aos meus irmãos. Hoje em dia eu consegui melhorar e me desenvolver mais, porém ainda sinto as marcas dessa experiência.

      1. Me sinto como vc, e tenho 46 anos, mais não consegui me libertar desta síndrome do medo.

    3. Passei por isso, e passo um pouco até hoje .. tenho 21, já tenho uma mente madura pra certas coisas, umas NN me incomodam mais, mas depois de ler esse artigo percebo que algumas coisas em mim permaneceram infelizmente!! E agora com neto em casa a situação piora kkkk

    4. leticia da cunha farias disse:

      Minha tia me falou sobre isso,é pêlos sintomas,tenho todos esse,tenho essa síndrome

    5. LENDO ESSE ARTIGO LEMBREI DE QUÃO DOLOROSA FOI A MINHA INFÂNCIA E AINDA CONTINUA SENDO NA MINHA VIDA ADULTA ANTES EU ERA ESQUECIDA DENTRO DE CASA, QUERIA ATENÇÃO, CONVERSAR MAS, MEUS PAIS E ATÉ MESMO OS MEUS IRMÃO NÃO ESTAVAM AFIM DE ME OUVIR E AGORA NA VIDA ADULTA DEPOIS DE CASADA SIMPLESMENTE FUI DEIXADA DE LADO, COMPLETAMENTO IGNORADA E ESQUECIDA.

    6. Me identifiquei bastante, mas só identifiquei esses danos dps de adulta e me revoltei muito contra a minha mãe (não me revoltei com meu pai pq sequer criei laços com ele), pela omissão dela durante a minha infância, pelos abusos, constrangimentos, agressões… enfim…
      Passei anos tentando lidar com isso calada e sozinha, mas vi que era impossível e cada vez mais entrava num poço de amargura e ressentimento contra oq passei. Qnd contei pra minha mãe oq sentia, foi pior ainda, ela chegou a falar q ela poderia ter sido pior cmg, passou a dizer q era drama, me expor pra família… cheguei a pegar um fio no armário pra acabar com tudo e só pensava em amarrar no meu pescoço.
      Qnd percebi a recorrência desses pensamentos ruins, abri mão de tudo e sacrifiquei mta coisa pra iniciar a análise com um psicologo q tem uma escuta mto atenta. Ainda tenho mágoa sim e não consigo falar no assunto sem chorar ao lembrar, mas a raiva e a vontade de brigar com ela, debater o pq de tudo q aconteceu já passou, a vontade de me m@tar não te aqui, só qnd tenho gatilhos. Venho trabalhando mto isso pq quero q tenhamos uma relação melhor. Ela tb está com uma psicóloga pq tem depressão.
      Busquem ajuda, galera. Tem coisa q foge do nosso controle de resolução de problemas. Essas mágoas/marcas não vão embora sozinhas. Façam o impossível pra terem ajuda.

      1. Roseli Crestani disse:

        Querida Thais, fiquei impressionada com seu depoimento! Também sou a filha do meio e hoje tenho 51 anos. Também senti muitas coisas que relata, mas que bom que vc tem buscado ajuda, mas o que queria dizer-te que, embora tenha acontecido tantas coisas ruins, lembre-se que um dia Alguém morreu de amores por você em uma cruz! E isto foi feito porque ama muito vc e quer que vc tenha uma vida plena, abundante! Sempre lembro disto quando fico triste, porque isto é real. Espero que seu tratamento a ajude muito, mas gostaria de dar este recadinho de Jesus para vc não esquecer! Um grande abraço! João 3:16

      2. CAROLINE GOMES ALVES disse:

        Olá querida, me solidarizei com seu comentário. Entrei nesse artigo pq sou mãe de três e minha mãe tbm foi mãe de três, e o artigo me interessou pq sempre estou buscando conhecimento sobre comportamento das crianças. Falo para vc como mãe, hoje eu sei o quanto é difícil criar três pessoinhas, é uma verdadeira luta diária, são tantas coisas pra se preocupar, alimentação, educação, saúde, sentimentos, tantos aspectos. Hoje nós temos tanto acesso a informações que nossas mães não tiveram antes, temos tantas coisas ao nosso favor tbm para nós auxiliar nas tarefas diárias. Hoje eu consigo enxergar tantas coisas que minha mãe fez que foram erradas e só o que penso é em não repetir isso com meus filhos, minha mãe teve seus erros mas ela não era uma mãe ruim, ela não é uma pessoa ruim, tenho certeza que ela acordava todos os dias e tentava fazer o melhor por mim e minhas irmãs, tentava ser a melhor mãe que ela podia ser, com os recursos e os conhecimentos que ela tinha. Não sei a profundidade dos seus sentimentos com relação aos erros de sua mãe no passado, mas espero que um dia vc consiga perdoar os erros dela tanto do passado como os do presente, no caso vc disse que ela não aceitou bem suas queixas, talvez atacar seja a forma dela se defender e não querer assumir seus erros, mas que um dia ela possa perceber que errou, ninguém é perfeito. Que Deus te abençoe grandemente, que ele te dê forças para seguir no seu processo de cura interior, siga firme no seu tratamento e que um dia vc possa se libertar de toda dor.

    7. vc que está lendo os comentários, lembre que isso não significa que seus pais amam menos vcs, lembre se que eles não desejam seu mal e não amam vcs menos do q os outros, digo isso pois esse sentimento pode surgir, mas não deixem que ele prevaleça. e para os Pais, não se culpem, os filhos não vem com manual de instruções, e, acreditem, eles te amam, mesmo que as vezes não digam.
      É isso…

    8. Lendo esse artigo, me identifiquei totalmente, tenho muito sofrimento até hj na vida adulta, que penso ser consequência de situações vividas na infância e que me trazem prejuízos até hj e que eu tento mas não consigo me libertar.
      Não sou compreendida e sim criticada e rotulada: ela tem auto estima muito baixa desde criança.

    9. Me sinto como vc, e tenho 46 anos, mais não consegui me libertar desta síndrome do medo. Até hoje sou tratada com indiferença pela minha mãe. Infelizmente nunca posso me defender em relação a está postura.

    10. Lendo esse artigo percebi que me sinto assim e que as vezes tento ser como minha irmã mais velha pra tentar ter atenção, porém continuo como se fosse só uma figurante na vida deles

    11. LARISSA MOREIRA BEZERRA disse:

      Eu não culpo os meus pais, afinal não deve ter sido fácil cuidar de 3 filhas. Mas… Eu me sinto assim, desse mesmo jeito. Vejo as minhas irmãs, todas formadas em faculdade, namorando, noivando… Trabalhando… E eu…? Sinto-me a vergonha, a ovelha negra da família. A que trouxe mais problemas do que orgulho. Me sinto inutil, e incompreendida. Quero atenção, mas ao mesmo tempo me sinto culpada ou desmerecedora, quando a recebo. Sinto que parei na minha infancia e não consigo evoluir, crescer…

    12. Rosiane Valério de Moura disse:

      Eu também sou a filha do meio. O grande problema desse tratamento dos pais é que toda a família passa a nos tratar com indiferença também. Eu sinto muito isso. Eu vivia “me esforçando para ganhar a atenção deles”. A primeira coisa que eu entendi é que minha mãe não agia assim por questões pessoais. Infelizmente, as atenções naturalmente ficam com o mais velho ou com o caçula. Eu procurei e ainda procuro tirar algumas vantagens, e a mais importante, para mim, é sem dúvida a independência – coisa que nenhuma delas tem. Vamos procurar explorar as coisas boas que essas experiências trouxeram? Nem tudo foi ruim!

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