Completo de Electra

Complexo de Electra: o que é, qual seu funcionamento

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Antes de entrarmos no tema principal deste artigo, sobre o que é o Complexo de Electra, seu funcionamento e suas consequências, acho importante conhecermos os conceitos de feminilidade e o Complexo de Édipo para a Psicanálise.

Complexo de Electra e o que é ser mulher para a psicanálise

Para Freud e Lacan explicar e dar um lugar a feminilidade na psicanálise sempre foi um desafio. Quando Lacan fala: “A mulher não existe.” É porque não há uma palavra, uma performance, um nome que define mulher, todas são castradas. Ela não tem uma imagem totalitária de exclusividade. A lógica do feminino é, em essência a lógica da diversidade, portanto a lógica inexplicável. E é, por isso que Lacan fala que ela não existe.

Como pode um “negócio” que não tem certo ou errado, ser quem você quiser, isso não pode. Um pouco sobre complexo de Édipo Para falarmos sobre o Complexo de Electra é importante também conhecer o Complexo de Édipo.

Quem foi Electra na mitologia grega

Na Psicanálise o Complexo de Édipo é um conceito que usamos para explicar como funcionam a relação entre filho e pai. Foi descrita por Sigmund Freud, conhecido como o pai da psicanálise. Até hoje é usado na área de Psicologia, mostra que as crianças necessitam se completar em afetos que encontram em outras pessoas, como os pais. Explica que o primeiro amor de um menino é sua mãe e, ele cria uma competição e rivalidade com o pai para que a mãe seja somente dele.

Resumidamente Electra, para a mitologia grega foi a filha de Agamemnon, que foi morto pelo amante de sua esposa. Anos após a morte de Agamemnon, a jovem Electra com ajuda de seu irmão, Orestes, decide planejar um plano terrível para vingar a morte e defender a honra de seu pai, no qual tinha um imenso sentimento de adoração, admiração e do qual sentia muita falta. Com isso, acaba matando cruelmente sua mãe e o amante dela.

O que é e, como acontece Complexo Electra

O Complexo de Electra também chamado por alguns de “Complexo do Édipo Feminino”, termo utilizado pelo psicanalista e psicoterapeuta Carl Gustav Jung para o que seria forma de expressar o inconsciente dos afetos da menina o desejo livre pelo pai.

E, a mãe como sua concorrente ou adversária. A diferença entre os complexos de Édipo e Electra são os personagens, enquanto no Complexo de Édipo é o menino quem deseja a mãe, no Complexo de Electra, a menina tem uma relação de “amor e ódio” tão complexa com a mãe que chega ao ponto de desejar excluí-la para que o pai seja somente dela. Acontece geralmente entre os três a seis anos da menina (podemos ver por aí algumas divergências quanto a faixa de idade exata). É um momento de intenso conflito, onde ela vai identificando que já não é mais o centro das atenções.

Sigmund Freud recusou a ideia de Jung sobre um Complexo de Electra. Freud preferia conceber que o Édipo se aplicava tanto para meninos quanto para meninas.

Percebe que apesar de receber amor e carinho dos pais, também sente raiva e frustração, ao ser reprimida ou por atitudes e comportamentos considerados inapropriados perante a sociedade. É possível observar algumas mudanças de comportamento nas meninas, durante essa fase, como: conflitos constantes com a mãe, preferência repentina e exagerada pelo pai, busca exacerbada da aprovação do pai, a menina passa a viver os conflitos de casal dos pais como os próprios, sempre se posiciona em defesa do pai, sente ciúmes do pai com a mãe ou com qualquer outra mulher, cria uma dependência com o pai (exemplo: só o pai sabe fazer a mamadeira ou dar banho).

Complexo de Electra tardio

Obviamente, cada ser é único e, deve ser observado em suas especificidades. Essa etapa costuma terminar quando a menina tem entre 6 e 7 anos de idade, que é quando elas voltam a querer estar perto e a se identificar com a mãe, tendem a imitar e ter curiosidades pelos trejeitos e comportamentos femininos que a mãe demonstra no dia-a-dia. É importante ressaltar que pode parecer para muitas pessoas algo estranho ou preocupante esse excesso de amor com o pai e implicância com a mãe. Mas, para a Psicanálise esse processo é extremamente normal e natural. Podendo-se dizer que é esperado durante o desenvolvimento psicossexual e psicológico de uma menina.

Quando a rivalidade com a mãe e a predileção exagerada pelo pai não diminuem e se estendem até a juventude ou fase adulta, pode se tratar como chamamos na Psicanálise de um “Complexo de Electra tardio ou mal resolvido”. Mas é preciso saber que existem as consequências deixadas em casos de complexo de Electra tardio. É comum que já na fase adulta, que mulheres deixem de viver seus sonhos e seus desejos reais para buscar eternamente a aprovação do pai, até mesmo em decisões que só dizem respeito a vida dela. Há sempre uma necessidade de agradar o pai.

Por não superarem esses comportamentos na fase correta, da infância, elas muitas vezes acabam em buscam de relacionamentos que a remetam a relação e imagem paterna, como com um homem mais velho, que tenha personalidade e imagem que lembrem de seu próprio pai.

Conclusão sobre o Complexo de Electra

Nesse mesmo sentido, vemos como consequência também a busca por um relacionamento amoroso entre filha e pai, com isso essas mulheres acabam sempre caindo em relações abusivas, submissas, dependentes emocionalmente do homem com o qual escolhe viver. É um caminho que sempre gera na mulher dependência seja emocional ou financeira.

Sempre gera prejuízos para mulher, pois ela se coloca como objeto em uma relação, onde ela esta sempre ali para servir e agradar e, acaba assim se anulando, se diminuindo para atender expectativas sociais esperada e, consideradas corretas. Estabelecer limites, papéis claros dentro da família.

É importante que se entenda que não é algo que a menina faz de forma consciente então não deve ser castigada pela preferência pelo pai ou seja impedida de demonstrar esse amor por ele. É preciso estar atenta aos sinais e, procurar ajuda ao identificar este comportamento após a idade considerada aceitável.

O presente artigo sobre o Complexo de Electra foi escrito por Pamella Gualter (pamellagualterleite2017@gmail.com). Estudante de Psicopedagogia e Psicanálise. Amo descobrir e conhecer como funciona a mente humana para a partir disso junto com o indivíduo chegarmos a um equilíbrio entre o que se é e, o que precisa ser para a sociedade.

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    8 thoughts on “Complexo de Electra: o que é, qual seu funcionamento

      1. Pamella Gualter disse:

        Obrigada Mizael, somente hoje vi seu comentário.
        Fico feliz que tenha gostado, tenho adorado tentar explicar de uma forma mais básica e menos rebuscada conceitos que acho básicos para Psicanálise.

    1. Achei muito bem explicado, não sabia sobre o tema!

      1. Pamella Gualter disse:

        Obrigada Yamal, somente hoje vi seu comentário.
        Fico feliz que tenha gostado, tenho adorado tentar explicar de uma forma mais básica e menos rebuscada conceitos que acho básicos para Psicanálise.

    2. David Ferreira da Silva disse:

      Obrigado pelo artigo, apontando a ênfase da mulher também como construção cultural.
      Obrigado!

    3. Muito interessante e bem triste me identificar com esse complexo , foi o que eu fiz a vida inteira buscar a aprovação e o amor do meu pai mesmo que de forma inconsciente, mesmo depois do abandono dele . Acabei entrando em relações falidas, abusivas e não conseguia sair e achava que merecia tudo que vivenciei, agora aos 27 anos , estou tomando consciência de quem eu sou , do que quero me tornar , estudando lendo sobre pra melhorar como ser humano , e espero em breve fazer terapia , obrigada pelo artigo simples e objetivo .

    4. Maria das Dores disse:

      Muito bem explicativo, estudo Freud e o C
      Complexo de Electra é bem isso.

    5. Marli Serrão disse:

      Minha filha, hoje com de 55 anos, que foi assediada na adolescência pela jovem professora de Educação Física – fiquei sabendo recentemente! – e se declara homossexual aos 17, passando a viver com companheira 10 anos mais velha aos 20, após outro assédio, desta vez de uma psicóloga homossexual com quem está até hoje, que a assediou em bar de homossexuais vendo nela a fragilidade para poder manipular , fez psicoterapia por 10, tem chances de vir a se dar bem com a mãe? O pai era alcoólatra, intelectual narcisista maligno, e fez alienação parental durante todo o casamento de 26 anos. Hoje a mãe reconhece na fala da filha – e tbm do filho – frases de julgamento que o pai passou sua vida de narcisista maligno repetindo para os filhos e a filha. É caso perdido, uma vez que ela diz que fez psicoterapia por 10 anos e tem aversão a mim? Considero caso raro em que a psicoterapia fomentou aversão à mãe, não tornando o relacionamento saudável, como se espera. Meu estado emocional estava sempre às voltas com o pai, com tentativas de suicídio de minha parte, já me sentindo abandonada emocionalmente por todos. Era uma menina que estava sempre em rixa com os irmãos menores durante a infância. Ninguém podia encostar nela no banco traseiro do carro. Em casa só passou a se mostrar belicosa na adolescência, por época do assédio da professora por quem se apaixonou a ponto de repetir o ano para não sair da escola por terminar o ciclo escolar. Hoje é visto que o pai narcisista jogava uns contra os outros. Vivo em situação de abandono emocional e filhos não falam entre si.Faço psicoterapia. Comecei aos 30 anos e hoje tenho 79. Ontem tive oportunidade de mencionar a ela, em meio a uma conversa de minha parte e discussão da parte dela, o Complexo de Electra falado aqui. Tentava fazê-la entender a destruição que o pai causou. a cada frase minha, escrita, ela reagia com agressões verbais. Sinto compaixão por ela. Por todos nós, agora que a revolta arrefeceu. Uma psicóloga a quem contei que os 2 filhos se uniram a mulheres 10 anos mais velhas, assim como a filha, esclareceu que era caso de filhos e filha à procura da mãe e eu, a mãe, à procura dos filhos. isto porque depois estive em 2o casamento com diferença de 14 anos – ele mais novo – por mais 26 anos. Confirmando que o 1o narcisista da minha vida foi um pai, este 2o e tbm o 3o eram homens abusivos, em todos os sentidos. Tenho sequelas físicas das agressões dos 3. E muita vergonha pelo depoimento que, espero possa ajudar mulheres jovens em seus relacionamentos disfuncionais não percebidos.

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