desejo na modernidade

O desejo na modernidade e como ele influencia nossas escolhas

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Você já ouviu falar em desejo na modernidade? O ser humano é um animal com grandíssimas ambições. Desde o princípio, nós estamos sempre buscando novas formas de evolução. Do nomadismo para o sedentarismo, por exemplo, nos quais buscamos novas formas de nos adaptarmos ao meio externo, nos alimentarmos, acasalarmos e pensarmos.

Entendendo o desejo na modernidade

As demandas básicas, porém, permaneceram as mesmas e, conforme os anos passaram, elas foram se adaptando ao ambiente em que vivemos. Isso significa que nós continuamos com os mesmos instintos básicos do que nossos ancestrais, porém, com uma mente complexa e difícil de compreender.

A inserção de elementos que outrora não faziam parte da realidade humana e o fácil acesso a coisas que antes eram complicadas de conseguir fizeram com que muitas facilidades surgissem. Hoje, não é mais necessário ter a própria plantação e caçar para a própria família, pois há a disposição de diversos produtos variados e de qualidade no supermercado.

Também não é mais preciso andar grandes quantidades a pé, já que, por conta de nossa racionalidade e inteligência, conseguimos inventar bons meios de transporte, tais como os carros, os aviões, os trens, etc.

O desejo na modernidade e a felicidade

A facilidade, também, tem o seu lado sombrio. Estamos nos tornando pessoas cada vez mais insatisfeitas com o que temos, e cada vez desejamos ter mais o que não temos. Arthur Schopenhauer, filósofo moderno, falou sobre como a nossa vontade dirige a nossa vida, e o quão vazio isso é. “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de possuir e o tédio de ter”, disse ele.

Nós desejamos algo e, quando o temos, não o desejamos mais. Isso é a raiz de quase todos os problemas que temos como seres racionais. Para Freud, o desejo é uma parte importante do funcionamento de nossa psique. Ele diferencia, no entanto, o instinto da pulsão. O instinto é a fome em si, a reprodução em si.

Não é possível negar o instinto, e ele não se direciona a um objeto específico. A pulsão, no entanto, dirige-se a algo específico como, por exemplo, “estar com fome de algo”, “sentir vontade de algo”. A pulsão nasce do instinto.

O desejo

Outro filósofo que falou acerca da modernidade foi o polonês Zygmunt Bauman, dando a nossa nova era a denominação de “modernidade líquida”. Isso se relaciona com o quanto nós, por sempre querermos mais e “melhores” coisas, estamos cada vez sendo mais velozes em trocar de objeto, de relação ou do próprio desejo.

“Vivemos em tempos líquidos: nada é feito para durar”, diz Bauman, o que certamente apresenta-se como verdade numa sociedade consumista que diz não ter tempo para cuidar da própria saúde, dos próprios relacionamentos e da própria existência.

Freud, quando falou das pulsões, disse que a sua repressão não faz com que ela deixe de existir, e sim a coloca para nível inconsciente, ou seja, nós deixamos de saber que ela “existe”, porém, ela continua controlando nossas vidas.

O desejo na modernidade e o consumo

Ser consumista ou viciado, em qualquer sentido possível, muito tem a ver com nossos traumas de infância, nossas cicatrizes, os eventos que nos aconteceram antes de tudo ser traduzido em algo aparentemente superficial.

Um exemplo prático é o costume de querer sempre “o telefone do ano”, mesmo que o seu esteja funcionando perfeitamente bem. De forma geral, o consumismo material vem de um medo extremo de ser abandonado, de ser deixado pelo grupo.

O desejo por comprar um aparelho novo de forma desnecessária não é algo que a pessoa sabe as causas ou controla: isso somente acontece e, como todo monstro inconsciente que não quer ser descoberto, ela arruma desculpas para si mesma: pois o telefone é melhor, pois ele tem uma câmera melhor. Sabemos, porém, que as coisas não são exatamente dessa forma.

Os vícios

O mesmo acontece com aqueles que são viciados em algo específico, como álcool ou comida. A substância em questão faz com que a pessoa se sinta reconfortada, é como algo “estável” que a segura quando ela está emocionalmente abalada ou insegura.

O desejo vem de uma falta. Na maioria das vezes, é a falta de pertencimento, de amor, e isso tem raízes na nossa infância, na qual, talvez, nossos pais não souberam exatamente como suprir nossas ânsias e vazios.

Os orientais já falavam há muito sobre como o desejo pode levar o ser humano a completa autodestruição – caso não lidemos bem com eles.

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    O desejo na modernidade e a psique

    É natural que tenhamos desejos, no entanto, caso eles passem a controlar nossa vida, nós nos tornamos apegados as boas sensações que, por consequência, possuem péssimas sensações. Como, por exemplo, comer até passar mal, ou beber até ter uma ressaca. Mesmo que entendamos que estamos fazendo algo ruim para nós mesmos, ainda não conseguimos parar. É aí que, em vez de sermos senhores de nossa vida e de nós mesmos, nos tornamos um mero objeto da psique.

    Por fim, neste processo de autoconhecimento para entender a raiz dos desejos e do apego, é que passamos a também entender o que faz bem para nós e o quanto isso faz bem para nós. Não é necessário o radicalismo, pois o desejo é uma parte natural do ser humano – o que é, de fato, preciso, é olhar para dentro de si mesmo e entender até onde esse desejo nos controla, até onde ele se tornou protagonista na nossa vida.

    Em termos psicanalíticos, é entender o nosso ID, as nossas maiores ambições, aquilo que não é “bem-visto”, que está oculto. No budismo, foi chamado de “Caminho do Meio”. Aristóteles chamou isso de “Mediania”. Freud chama de “o princípio da realidade”. O princípio de todos é o mesmo: o encontro de uma solução ótima para si mesmo, no meio de um extremo e outro. Talvez você precise de um bom celular, mas não precise trocá-lo por um melhor na edição seguinte.

    Talvez você precise comer um doce de vez em quando, mas não coma todos os dias. Isso é ser o senhor da própria existência.

    Este artigo sobre o que é o desejo na modernidade foi escrito por Luíza Prates Fagundes([email protected]). Sou estudante de psicologia e escritora, cada vez mais apaixonada e fascinada pelo estudo da mente humana e pelo entendimento da sociedade num geral. Meu contato: 51 980133713.

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