dismistificando transtorno bipolar

Dismistificando o transtorno bipolar

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Vamos apresentar uma proposta de dismistificação do transtorno bipolar. O transtorno bipolar é classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como a principal causa de incapacidade no mundo.

No entanto, não tem havido qualquer prevenção ou promoção de políticas de saúde mental por parte.

Na verdade, não sabemos sequer, se a pandemia atual e os perigosos sinais decorrentes desta realidade, farão despoletar a tão necessária atenção, a um transtorno que infere em todas as vertentes do indivíduo.

Identificando e caracterizando o transtorno bipolar

A psicoterapia, a psiquiatria ou a psicanálise continuam a não ter qualquer apoio sério e efetivo para que os doentes possam recorrer de forma continuada e profícua a um tratamento psicoterapêutico. O acompanhamento do doente, continua ainda hoje, a ser um luxo que muitos não podem pagar. A situação é grave.

Não é hábito alguém levantar dúvidas quanto existe ou surge alguma doença física: uma fratura, uma queimadura, ou qualquer sintoma visível, no entanto, quando se trata de problemáticas mentais, tudo se altera. Há um descrédito grande no que diz respeito à dor mental. Porque existe dor mental. É preciso dizê-lo e sublinhá-lo.

É urgente e necessário enfrentar a existência deste preconceito, pois existe uma verdadeira negação para com as doenças do foro mental, e por arrasto, a todos os doentes que delas sofrem.

Um preconceito que tem nome – psicofobia, e que representa, infelizmente, a principal causa de afastamento do paciente do consultório e do uso correto de medicação prescrita. A doença bipolar não é ser caprichoso, não é ser moody, é ter efetivamente uma perturbação que necessita de acompanhamento e de aceitação por parte dos pares, mas sobretudo por parte de si próprio.

Apenas e só o tratamento continuado, e com medicação adequada, é possível o doente lidar com a sua realidade duma forma que lhe possibilite, controlá-la e também prevê-la.

A depressão atinge mundialmente, mais de 300 milhões de pessoas, e apesar da versão unipolar ser a mais comum, esta manifesta-se também, e em alguns casos, sob do transtorno bipolar. A qual é designada como depressão bipolar.

Desmistificar para tratar a bipolaridade

A Perturbação Bipolar, anteriormente designada como psicose maníaco-depressiva, manifesta-se, tipicamente, por períodos de elevação do humor e aumento da energia e da atividade (mania – mais grave; ou hipomania – menos grave) alternando com fases de depressão e diminuição dessa mesma energia e atividade. Qualquer destes dois tipos, pode predominar numa mesma pessoa, sendo a sua frequência bastante variável.

Os episódios podem ser graves, moderados ou leves, mas apresentam um impacto significativo nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa bipolar, existindo comprovadamente uma perda significativa de qualidade de vida e de autonomia.

As flutuações de humor, de energia e níveis de atividade (execução e realização de tarefas) interferem com a vida quotidiana e com as relações sociais. Como já referido, a bipolaridade em nada tem a ver com normais flutuações nas emoções e humor, que ocorrem ao longo do tempo em todos nós.

Sintomas do transtorno bipolar

Neste transtorno, os sintomas são mais graves. Prejudicam relacionamentos, desempenhos escolares e atividades profissionais, e podem conduzir ao suicídio. No entanto, e apesar de tudo, pode e deve ser tratada, pois é possível, com os devidos cuidados de saúde, manter uma vida mais estável e produtiva. É frequente que a doença se manifeste durante a adolescência ou na fase jovem/adulto.

E em 50% dos casos, manifesta-se pela primeira vez antes dos 25 anos de idade. Contudo, pode manifestar-se mais cedo, ou então, em fases mais tardias da vida.

Frequentemente, é diagnosticada mais tarde, quando o transtorno, pela idade, se torna mais frequente, mais visível e atinge de forma mais severa a qualidade de vida. Estima-se que cerca de 2% da população sofra desta doença, em percentagens idênticas em ambos os géneros.

Mas se incluirmos outras doenças do espectro bipolar, falamos em valores entre os 4% e os 12% de população atingida.

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    Tipos de transtornos bipolares

    Enquanto a doença bipolar do Tipo I afeta homens e mulheres de forma semelhante, a doença bipolar do Tipo II, é mais frequente em mulheres. Quanto ao espectro do transtorno bipolar, existem vários tipos distintos:

    • Transtorno Bipolar I – é definido por episódios maníacos que duram pelo menos sete dias, ou sintomas maníacos que não sendo tão graves, necessitam de cuidados hospitalares imediatos. Geralmente, os episódios depressivos ocorrem, típica e durante, duas semanas, pelo menos. São também possíveis, os episódios de depressão de características mistas – em que coabitam sintomas depressivos e maníacos em alternância.
    • Transtorno Bipolar II – é definido por um padrão de episódios depressivos e episódios hipomaníacos, mas não com a gravidade dos episódios maníacos desenvolvidos no transtorno bipolar Tipo I.
    • Desordem ciclotímica (denominada como ciclotimia) – é definida por numerosos períodos de sintomas hipomaníacos, assim como inúmeros períodos com sintomas depressivos de pelo menos dois anos – nos mais jovens, por períodos mais curtos. No entanto, os sintomas não atendem aos requisitos diagnósticos de episódio grave de hipomanía e/ou depressivo.
    • Outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados – são definidos por alguns sintomas de transtorno bipolar, mas que no geral, não se enquadram em nenhuma das três categorias definidas. As pessoas que sofrem de transtorno bipolar experimentam períodos de intensidade fora do normal, mudanças de sono e níveis de atividade e/ou comportamentos incomuns.

    Esses períodos distintos são designados como episódios de humor, e que são drasticamente distintos do modo de comportamento típico duma pessoa. Aqui, existe arrastamento dos domínios da funcionalidade e do sono. Algumas pessoas com transtorno bipolar sofrem de hipomania, uma forma menos grave de mania, e que durante os episódios hipomaníacos, podem sentir-se bem e ser bastante produtivas.

    A pessoa pode não percecionar que algo está errado, mas aqueles que estão à sua volta, família ou amigos, podem reconhecer as mudanças de humor e/ou mudanças nos níveis de funcionalidade, como possível transtorno bipolar. Sem o tratamento adequado, as pessoas com hipomania podem desenvolver uma mania severa ou depressão.

    Desta forma, é muito importante distinguir naqueles mais próximos, o que é uma normal mudança de humor e o que é já um sintoma cíclico mais gravoso, que deve ser diagnosticado para ser tratado. Os números disponíveis relativos à realidade nacional, estimam que existam cerca de 200 mil casos de doença bipolar em Portugal.

    É importante salientar, que não obstante a importância do diagnóstico de bipolaridade, o mesmo não deve servir de carimbo nem de justificação para não agir contra a doença. A consciência deste autoconhecimento é benéfica para a pessoa atingir um maior controlo e domínio sobre si próprio, e nunca como manto de autocomiseração. 30 de março é o dia que representa o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, e também, a data de nascimento de Van Gogh, o impressionista holandês, que se acredita, ter sofrido de bipolaridade.

    Este conteúdo “desmisitificando o transtorno bipolar” foi escrito por Catarina SottoMayor, Portuguesa, Lisboeta, Arquiteta, Professora, Estudante de psicanálise no curso Psicanálise Clínica.

    One thought on “Dismistificando o transtorno bipolar

    1. Sandra Regina Soltau Prates Batisti disse:

      Com a pandemia a todo vapor! Certamente aumentou os distúrbios e agravaram com os confinamentos.

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