Falseabilidade é o termo utilizado diante de uma afirmativa, teoria ou hipótese que pode ser falseada, ou seja, possível demonstrar ser falsa. Foi um conceito inovador para a Filosofia da Ciência, proposto por Karl Popper, no século XX, na década de 1930. Em suma, a falseabilidade foi uma solução encontrada para o problema apresentado pelo indutivismo.
Assim, uma teoria geral pode ser refutada a medida que uma experimento ou observação seja-lhe contrário, o que basicamente explica a chamada falseabilidade em Karl Popper. Desse modo, Popper entende que às teorias não podem se aplicados métodos de observação. Mas, sim, que as teorias devem ser falseadas, ou seja, testáveis, passíveis de serem desmentidas.
Segundo Karl Popper, uma teoria científica deve:
- ser passível de ser testada e, assim,
- ser passível também de ser refutada através da evidência empírica.
Neste conceito, não será uma teoria científica se:
- não puder ser testada: como uma teoria hermética, fechada em si mesmo e validada por si mesmo, como uma teoria de uma obra ficcional ou artística, ou a astrologia;
- não puder ser observada empíricamente: como uma crença espiritual que não tenha base testável no mundo material.
Assim, dar-se-á o nome de pseudociência, quando não cumpram estes quesitos.
Propper considera que uma teoria científica não falseável pode ter muitas evidências e, ainda assim, continuar sendo científica. Isso por estar aberta a contra-argumentos e contraprovas. Ou seja, será científica se permitir ser testada e, potencialmente, refutada, no caso de novas evidências serem encontradas.
Apesar das críticas, a falseabilidade permanece uma ideia influente na filosofia da ciência e continua a ser discutida e debatida por cientistas e filósofos.
O que é falseabilidade? Significado de falseabilidade
Falseabilidade, no significado da palavra, é o que se pode falsear, que pode ser alvo de falsificação, qualidade daquilo que é falseável. A etimologia da palavra falseabilidade vem de falseável + i + dade.
Sendo este o critério utilizado por Karl Popper para rebater as generalizações sobre teorias científicas. Para Popper, as asserções na filosofia da ciência, somente podem ser realizadas pelo sentido da falseabilidade. Ou seja, as teorias somente podem ser aceitas se forem submetidas a erro.
Filosofia da ciência
A Filosofia da Ciência trata dos fundamentos da ciência, seus pressupostos e implicações. Em outras palavras, trata das bases fundamentais da ciência, no campo de estudos filosóficos, com foco em compreender, questionar e aprimorar os processos e métodos científicos.
Para que, assim, o trabalho científico seja considerado válido, inquestionavelmente. Portanto, a ciência gera um objeto de estudo, ao passo que a filosofia busca entender se o objeto foi estudado corretamente e como ele pode ser aprimorado. Então, Karl Popper atua neste contexto, da filosofia da ciência, buscando compreender como a ciência deve ser portar.
Quem foi Karl Popper?
Karl Popper (1902-1994), filósofo austríaco, considerado um dos mais importantes nomes da Filosofia da Ciência do Século XX, principalmente por introduzir o princípio da falseabilidade.
Estudou na Universidade de Viena física, psicologia e matemática, quando então passou a lecionar. Logo, começou a trabalhar no Instituto de Pedagogia de Viena, para aprimorar seus métodos de ensino. Em 1928 tornou-se doutor em filosofia, quando, então, passou a ter contato com membros do Círculo de Viena, quando então passou a debater questões sobre o positivismo lógico.
A partir de então, como filósofo profissional, dedicou-se com afinco a pesquisa, escrevendo diversos livros e artigos. Além de tornar-se membro de diversas organizações internacionais de filosofia.
Falseabilidade para Karl Popper
Karl Popper trouxe, então, para o campo da filosofia da ciência, o princípio da falseabilidade, que, basicamente, é quando uma hipótese, ou teoria, pode ser falseada. Isso também diz respeito a chamada infalibilidade. Ao introduzir este princípio, Popper resolveu o problema do indutivismo, demonstrando que o conhecimento indutivo pode se levar a uma concepção falsa de ciência.
Nesse sentido, ao resolver este problema, Popper traz um progresso científico relevante no século XX, podendo ser, então, considerado um pensador filosófico e cientificamente progressista.
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Sobretudo, para se chegar a esse processo de falseabilidade, é necessário, primeiramente, entendermos como funciona um período de experimentação e observação. É, em suma, onde se permite, por exemplo, passar de uma hipótese para a confirmação desta hipótese, e, então, se chegar a uma teoria.
Em suma, ciência é um processo de conhecimento indutivo, tendo em vista que para se chegar a determinado conhecimento é necessário passar muitas vezes pela experimentação de casos específicos para que, então, se consiga formular uma teoria geral. Ou seja, você parte de casos menores e, pela observação, chega a uma teoria geral.
Neste ponto que se encontra o problema do indutivismo. Como você pode partir de casos particulares para formular uma teoria universal, sendo que você não consegue, muitas vezes, abarcar a totalidade dos fatos ou coisas?
Teoria da Falseabilidade e o problema do indutivismo
Então, a teoria da falseabilidade em Karl Popper resolve este problema do indutivismo. Pois não se pode reduzir algo, trazendo-o como universal, se suas experiências não são universais, mas sim, podem ser reduzidas a partir de particulares.
Para se exemplificar o problema do indutivismo é utilizado o clássico exemplo do cisne: foi observado que os cisnes na natureza são brancos, chegando-se a teoria de que todos os cisnes são brancos, porém, isso não impede de que possa existir um cisne negro, por exemplo.
Então, a partir do momento que se encontra o cisne negro, a teoria é considerada falsa, conforme o princípio da falseabilidade. Portanto, partindo dessa ideia, para Karl Popper a ciência não pode se basear no indutivismo, pois se assim fosse estaria trazendo uma base científica insegura.
Portanto, para a falseabilidade, um singular falso de um conjunto universal pode falsear o universal. Em outras palavras, se você formula uma teoria universal e um dos singulares sejam falsos, todo o sistema da teoria será, assim, considerado falso. Ou seja, se existe um cisne preto na natureza, a teoria de que todos os cisnes são brancos é falsa.
Importância do Princípio da falseabilidade para a ciência
Contudo, a falseabilidade de Karl Popper permite o progresso da ciência, mostrando que ela não é um processo de conhecimento cumulativo, mas sim progressivo. Ou seja, a questão não é um acúmulo de ideias ou teorias, mas sim o seu progresso, visando sempre um estágio mais alto do conhecimento científico.
A falseabilidade, sobretudo, é uma forma de tirar a rigidez que embasam o pensamento humano, sobretudo sobre costumes e definições, tirando a falsa ideia de segurança sobre teorias e conceitos. Nesse ínterim, a falseabilidade demonstra que não se pode alcançar uma verdade absoluta, assim, se deve entender um conceito científico como momentâneo, não permanente.
Ou seja, uma teoria somente pode ser qualificada como cientificamente válida, quando houverem tentativas constantes de ser falseada, e não tentativas de se verificar a sua veracidade. Assim, o progresso da ciência é dependente da falseabilidade.
Um bom exemplo de teoria científica é a Teoria da Gravidade, pois foram realizados vários experimentos para refutá-la. Entretanto, até hoje, todos as tentativas de falsear este teoria foram frustrados. Entretanto, vale dizer que nunca existirá uma garantia, exata, de que em circunstâncias diferentes não exista gravidade e que a maçã caia para cima.
Ao passo que, voltando para o exemplo dos cisnes, até o ano de 1697 considerava-se que todos os cisnes eram brancos, esta era a regra universal. Entretanto, neste ano foram encontrados cisnes negros na Austrália, sendo assim, a teoria foi totalmente invalidada. Assim, seria possível hoje dizer que a maioria dos cisnes são brancos, mas nem todo cisne é branco.
Portanto, esta é uma forma de demonstrar como a rigidez de conceitos podem embasar costumes e definições sobre a vida. Nossos pensamentos, em sua maioria, baseiam-se pela constância, e, consequentemente, prefere que ocorra a manutenção das coisas como estão, pois isso lhe traz uma certa segurança, ainda que ilusoriamente.
Nesse sentido, a falseabilidade demonstra que não existe uma verdade absoluta sobre as coisas, e as pessoas devem ser humildes o suficiente para compreender que o conhecimento científico pode ser alterado. Desse modo, uma proposição somente pode ser considerada significativa para ciência quando forem realizadas, de forma constante, tentativas para refutá-la.
Como se situa a psicanálise em relação à falseabilidade?
Há uma discussão se a psicanálise é uma ciência ou um saber. De toda forma, a psicanálise se inscreve no discurso científico. Então, não seria algo dogmático, místico ou doutrinário. Mas sim um teoria passível de ser revista e, até mesmo, refutada no todo ou em partes. Mesmo a ideia sobre o que é o inconsciente pode ser contradita ou melhorada, na existência de novas provas.
O mesmo se pode dizer sobre o trabalho do psicanalista. Se embasar-se em ideias superficiais e julgar seus pacientes por meio de universalizações apressadas, o psicanalista estará realizando o que Freud chamou de psicanálise selvagem e o que Karl Popper chamou de não-falseabilidade.
A falseabilidade introduz uma dimensão potencialmente “falha” ou “incompleta”, uma perspectiva que há milênios alimenta as ciências e o humano.
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1 thoughts on “Falseabilidade: significado em Karl Popper e na ciência”
Parabéns pelo artigo! O assunto é muito interessante!