Muita gente já ouviu falar em histeria, especialmente quem trabalha com saúde mental. Contudo, com o tempo, os médicos descobriram que existem diferentes tipos de histeria. Um deles é chamado de histeria de conversão.
Portanto, hoje vamos explicar o que Freud e outros psicólogos pensavam sobre isso!
Qual o conceito de histeria?
Na psicologia, a histeria é quando uma pessoa tem problemas físicos que não são causados por uma doença do corpo.
Por exemplo:
- Tiques nervosos
- Gagueira
- Espasmos
- Dormência em partes do corpo
- Dificuldade para se movimentar
Os psicólogos acreditam que esses problemas vêm da mente da pessoa, não do corpo. Por isso, eles tratam a histeria conversando com o paciente.
Na terapia, o paciente fala livremente sobre sua vida. O objetivo é lembrar de coisas que aconteceram e podem ter causado a histeria.
Quando o paciente entende e fala sobre essas causas, os sintomas da histeria geralmente diminuem ou até desaparecem.
O que é histeria de conversão?
O termo conversão (em Psicanálise) refere-se a um mecanismo de formação de sintomas regularmente associado à histeria.
É uma transposição de um conflito psíquico que busca se resolver e encontra no corpo o local de descarga, gerando efeitos:
- motores (paralisias e tremores, por exemplo) ou
- de sensibilidade (dormências ou dores localizadas, por exemplo)
Para Freud, a libido que está ligada a um evento recalcado no inconsciente é transformada em energia, que é convertida em sintomas.
Os sintomas são a manifestação consciente (no corpo) das representações que foram recalcadas (no inconsciente).
A conversão não é a única forma como a energia libidinal conflituosa se manifesta.
Freud dirá que a energia de um afeto emocional forte que foi recalcado pode se expressar por três mecanismos:
- o da conversão do afeto [no corpo] (histeria de conversão);
- o do deslocamento do afeto (obsessões); e
- o da transformação do afeto (neurose de angústia, melancolia)”.
Histeria de conversão, segundo Freud, descreve a presença de sintomas que afetam a função sensorial e motora de um paciente.
Por meio dela os especialistas indicam a existência de uma doença neurológica ou condição sem comprovação objetiva.
Alguns fatores psicológicos estão associados com o surgimento desses sintomas ou déficit do paciente.
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Foi em 1894 que a palavra “conversão” passou a ser utilizada no trabalho de Freud e Josef Breuer.
Segundo estudos, o termo passou a designar um sintoma motor que substitui uma ideia reprimida.
Freud e outros estudiosos acreditavam que as informações que estavam distantes da consciência poderiam ser avaliadas por meio da hipnose.
Um dos casos clássicos analisados por Freud e relacionado à histeria é o caso Emmy Von N.
Tabela: Exemplos de sintomas e possíveis causas.
Sintoma | Possível Causa |
---|---|
Paralisia ou Fraqueza | Traumas Emocionais |
Distúrbios de Movimento | Estresse intenso |
Perda de Sensação | Supressão Emocional |
Problemas de Fala | Conflito psicológico |
Como se vê a histeria hoje?
Hoje, considera-se que:
- Não há gênero para o transtorno: mulheres e homens podem ser acometidos por sintomas histéricos.
- Principalmente a partir do DSM III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o conceito de histeria foi sendo subdividido em outras classificações.
- Hoje, há autores que mantêm o uso do termo histeria no sentido geral, e complementam com outras subclassificações mais específicas que melhor reportem o transtorno psicossomático do paciente.
- Essas classificações e nomenclaturas têm combinação virtualmente infinita, pois cada autor diferente pode agrupar como “histeria” um conjunto diferente de transtornos especificamente nomeados.
Para L. Maia (2016), haveriam quatro tipos de histeria a se considerar pelos diferentes sintomas:
- histeria de natureza mais depressiva,
- histeria relacionada a comportamento infantilizado,
- histeria manifesta em posições anti-sociais ou socialmente disruptivas e
- histeria de sintomas físicos (somáticos).
Fatores de predisposição
Segundo estudiosos, eventos traumáticos na infância ou problemas estressores na vida recente de alguém influenciam no aparecimento da histeria de conversão.
Além disso, o estresse que um paciente enfrenta diariamente ajuda na permanência dos sintomas sentidos.
Pessoas que são sugestionáveis podem desenvolver sintomas caso convivam com pacientes com graves problemas neurológicos.
Não somente a convivência com doentes, mas também testemunhar experiências de transe sociais e religiosas, além de doenças somáticas.
Por fim, abusos físicos na história de alguém, sejam eles de natureza sexual ou não.
Sintomas
Os sintomas da histeria de conversão são caracterizados como variados e de início abrupto.
De acordo com os médicos, os sintomas podem ter duração curta, ocorrendo a remissão dentro de 2 semanas após solucionar os conflitos.
Sendo muito parecidos com doenças neurológicas agudas, os sintomas mais comuns são divididos em:
Sintomas motores
- movimentos involuntários;
- perda da voz;
- opistótono, sendo a contratura generalizada capaz de encurvar as costas;
- tiques;
- crises convulsivas;
- quedas;
- fraqueza;
- dificuldade de andar;
- paralisias.
Sintomas sensitivos
- extremidades anestesiadas;
- cegueira;
- vômitos psicogênicos;
- perda dos sentidos/ desmaios;
- surdez;
- alucinações;
- pseudociese ou sintomas de uma falsa gravidez;
- retenção urinária;
- diarreia;
- sintomas viscerais/autonômicos.
Manifestação física dos sintomas
Freud e Breuer revelaram que os sintomas da histeria de conversão são representações dos conflitos psíquicos do paciente.
A hiperssexualidade, inibição e sedução do indivíduo foram convertidas e representadas por meio dessas manifestações.
Por causa dos conceitos psicanalíticos desses estudiosos que a compreensão do psicossomatismo foi positivamente simplificada.
Além disso, também se tornou fácil entender o que acontece no psiquismo de pacientes somáticos, bem como significado dos sintomas.
Freud e Breuer determinaram que os sintomas da histeria podem surgir de várias formas. A mais conhecida é a dor que, provavelmente, se justifica em bases orgânicas adaptadas para fins neuróticos.
Logo, os sintomas orgânicos do indivíduo não são completamente de natureza histérica.
Qual a diferença entre um histérico de uma pessoa comum?
Nas suas várias reflexões, Freud e Breuer tentam diferenciar alguém com histeria de conversão de uma pessoa normal. Em suma, os autores apontam para o fator quantitativo.
Ou seja, o quanto o organismo de alguém consegue tolerar uma tensão afetiva.
Um histérico consegue reter uma quantidade considerável das causas provocadoras do seu problema. Tal quantidade aumenta conforme as causas se somam até que ultrapasse a tolerância do indivíduo, originando a conversão.
Assim, a formação dos sintomas histéricos pode acontecer por meio de afetos novos ou relembrados.
No entanto, surgiu o questionamento sobre por que o sofrimento mental do indivíduo se manifesta especificamente em uma parte do corpo.
Segundo Freud e Breuer, a neurose não criou a dor somática, mas a usou, acrescentou e manteve. A dor orgânica do paciente sempre esteve presente, mas foi adaptada para representar a histeria.
Princípios do tratamento da histeria de conversão
Considera-se um desafio dentro da prática médica tratar um paciente com histeria de conversão. Tudo por causa da negação dessas pessoas em relação a existência dos seus problemas sociais e psicológicos conectados as queixas.
Em muitos casos, os encaminhados ao psiquiatra desenvolvem a sensação de raiva e rejeição quado ouvem que “o problema está na cabeça”.
Por isso que muitos deles abandonam o tratamento e vivem a mercê dos seus sintomas. Assim, acabam buscando por outros terapeutas sem conseguir qualquer conexão terapêutica que amenize o problema.
Nós ressaltamos que o tratamento tem o intuito de minimizar os danos do problema e não fazer a remissão dos sintomas.
Caso aceite a ajuda psiquiátrica, o paciente desenvolverá a consciência a respeito da relação entre problemas psicológicos e sintomas.
Logo, ele aprenderá estratégias alternativas para se adaptar e melhorar a qualidade de vida.
Tabela: O tratamento da histeria de conversão é multidisciplinar; Esta tabela resume algumas abordagens terapêuticas.
Exemplos de Tratamentos | Descrição |
---|---|
Terapia Cognitivo-Comportamental | Modifica padrões de pensamento e comportamento. |
Psicanálise | Investiga o desejo, os medos e os eventos passados que possam ensejar inconscientemente os sintomas. |
Hipnoterapia | Acessa traumas suprimidos, por meio de sugestões. |
Terapia Familiar | Busca compreender a dinâmica familiar, as mágoas e eventos traumáticos que dão origem a sintomas. |
Apesar dessas diferentes abordagens, recomendamos a psicanálise e seu método da associação livre, por ser um tratamento mais consistente com o processo identitário do sujeito.
Estratégias do tratamento
Para ajudar no tratamento da histeria de conversão, os especialistas se baseiam no seguinte roteiro:
- Relacionamento terapêutico
Ter um vínculo empático ajuda na determinação do diagnóstico e tratamento do transtorno somático com mais aceitação da parte do paciente.
Dito de outra forma, se trata do profissional ter interesse nos sintomas, entender a incompreensão dos outros e avaliar o sofrimento do paciente por meio desses sinais.
Mostrar-se interessado nas queixas do paciente permite uma melhor aceitação dele ao tratamento.
- Diagnóstico
Comunicar o diagnóstico para o paciente evitará que ele desacredite da avaliação e busque outros profissionais.
Além disso, o indivíduo compreenderá melhor os seus sintomas e fatores estressantes que agravam o seu problema.
- Manejo clínico
Em suma, o médico aconselhará o paciente a manter o relacionamento clínico com apenas um profissional.
A comunicação constante durante as visitas de rotina proporcionará mais tranquilidade ao indivíduo.
Embora não seja recomendável ignorar a possibilidade de outras doenças, a investigação deve ser criteriosa e cuidadosa.
- Uso de psicofármacos
Os médicos indicam os remédios quando o transtorno conversivo se combina com outros transtornos mentais.
A aplicação dos medicamentos deve ser cuidadosa, respeitando a sensibilidade aumentada do indivíduo a efeitos colaterais.
- Mudanças no ambiente
O paciente é motivado a mudar o seu comportamento diante de ambientes que lhe causam estresse.
Por exemplo, problemas no trabalho ou pessoais que podem agravar a doença.
- Psicoterapia
Caso o indivíduo esteja receptivo a comunicação terapêutica inicial, talvez esteja pronto para adentrar na psicoterapia.
O processo envolve o conhecimento do problema, causas, como mudar crenças e capacitá-lo para lidar com adversidades.
A medida que o tratamento evolui, a pessoa aprende a ter comportamentos mais saudáveis e produtivos.
Considerações finais sobre histeria de conversão
Enfim, na perspectiva sobre o que é psicanálise, podemos explorar as raízes da histeria de conversão. Sigmund Freud postulou que ela se origina do recalque de eventos traumáticos. Esta supressão emocional leva a uma manifestação física.
Além disso, as teorias contemporâneas apontam para o papel da neuroplasticidade na histeria de conversão. Isto é, o cérebro, ao longo do tempo, molda-se em resposta ao ambiente, o que pode desencadear tais condições.
Por último, devemos considerar a importância do tratamento multidisciplinar, combinando psicoterapia, psiquiatria e mudanças na vida social do sujeito.
A histeria de conversão na Psicologia descreve um fenômeno capaz de perturbar a ordem natural da psique de uma pessoa.
Por meio desse transtorno, o paciente se mostra incapaz de tomar decisões positivas para o seu crescimento pessoal.
O tratamento desse transtorno descreve um meio de escape para as ideias que o indivíduo tanto reprime no inconsciente. Ao lidar com essas repressões e os fatores estressantes que influenciam na sua condição é possível viver com mais saúde.
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Ao desenvolver o seu autoconhecimento terá acesso à sua capacidade interna de transformação pessoal permanente.
10 thoughts on “Histeria de Conversão: conceito em Freud e Psicologia”
Gostei demais da explanação sobre o tema
Muito bom comentário, parabéns!
Muito bom. Gostei
Excelente ❤
Muito interessante a abordagem! As doenças físicas na verdade,são reações do meu inconsciente, de conflitos, traumas, ansiedades, etc. E o acompanhamento psicanalítico pode aliviar os sintomas. Ou fazer mais leve a vivência do individuo. Excelente abordagem.
Muito boa a explanação,
Muito bom, aborda temas muito relevantes para o indivíduo.
Excelente artigo, clareza e objetividade perfeita.
O recalque dos desejos sexuais e outros desejos pode levar o indivíduo à histeria. O psicanalista consegue atingir esta profundeza do inconsciente pela livre associação e pela interpretação dos sonhos.
Excelente explanação sobre a histeria conversiva e demais psiconeuroses advindas de traumas infantis.