o id e o instinto

O Id e o instinto em nossos ancestrais

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Neste texto, entenderemos sobre a relação entre o o id e o instinto.

“Quando estamos à beira de um abismo e a noite está escura, o cavaleiro sábio solta as rédeas e se rende ao instinto do cavalo”. Armando Palacio Valdés

Entendendo o o id e o instinto

A segunda, das três feridas narcísicas, nos mostra que a investigação de Charles Darwin trouxe, para a compreensão da humanidade, a ideia de que a superioridade do homem, por sentir-se uma criação única e especial, estava destinada ao caminho do fracasso. O homem, que antes permanecia impávido, em um pedestal de centralidade, recebe uma verdadeira “rasteira” da ciência que abala suas estruturas protetivas e fantasiosas, levando-o então a realidade sem disfarces.

A teoria Darwinista mostrou-nos que estamos mais distantes de Adão e Eva do que a Bíblia nos catequisou e muito mais próximos dos nossos antepassados símios do que imaginávamos. Em outras palavras: destes três acontecimentos (feridas) que apunhalaram o narcisismo humano, jogando-o montanha abaixo, atingindo seu amor próprio, sua incomensurável auto estima e seu orgulho, investigando biologicamente este ser e associando-o, não mais a uma entidade antropocêntrica, mas, comparando-o e colocando-o na categoria da sua natureza animal inextinguível, a teoria darwinista associada a Freud está, no cerne da nossa discussão, neste contexto.

Será que nossos impulsos primitivos foram responsáveis pelo que somos hoje? Como associar a evolução humana ao seu Id e aos seus instintos mais primitivos e, como estes influenciavam o cotiando dos nossos ancestrais? Freud já nos passava a ideia de que a nossa civilização é, em grande parte, responsável pelas nossas desgraças e que seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas. Mas, quais condições primitivas Freud valoriza em sua afirmação? Será que a civilização, em sua “perfeita harmonia” e desenvolvimento, cavalgando a passos galopantes para um avanço desenfreado é arrastada e precisa encarar de frente suas castrações jogando, para debaixo do tapete, seus impulsos mais libidinosos?

O id e o instinto e os primórdios da humanidade

Sabemos que, desde os primórdios da humanidade, o que direcionava nossos ancestrais eram o desejo sexual (pura libido), sua pulsão pela autoconservação, ou seja, sua busca pela realização e satisfação, suas necessidades essenciais e a grande batalha para manter-se vivo, em sua luta constante pela sua sobrevivência pois, quem não matava e era bem sucedido em sua caça virava a própria caça e, automaticamente, uma presa fácil para as grandes feras, fazendo com que precisássemos viver em cima de árvores e nos alimentarmos, apenas, após a satisfação instintiva dos grandes e assustadores animais pré-históricos, restando, para nossos ancestrais, apenas o rótulo de “comedores de carniça”.

E, mesmo com tantos percalços, havia em nossos ancestrais, a motivação que o empurrava para mais um dia repleto de incertezas: a necessidade de manter a sobrevivência do seu grupo e de dominar territórios que lhes dessem as possibilidades para, no início, retirar deles, de forma predatória, o sustento do grupo, já que não conheciam a prática agrícola.

Nossos sobreviventes antepassados, obviamente, com seus cérebros e suas caixas cranianas reduzidas, em comparação Homo Sapiens Sapiens, não tinham conhecimento científico e nem sabiam o motivo pelo qual aconteciam os fenômenos, não apenas em seu corpo, com também na própria natureza que o rodeava.

A evolução

E por não terem este conhecimento científico e serem motivados pelos seus instintos, canalizaram sua energia na transmissão do pouco que sabiam ou entendiam, experienciados pelas vivências e incertezas através da imitação, transmitindo e desenvolvendo sua cultura através das tentativas de erros e acertos.

Ora, se estes indivíduos necessitavam evoluir, e o evoluir seria, aqui, uma busca desenfreada por civilizar-se, era mister subjugar suas pulsões em detrimento à nova construção de uma civilização onde o indivíduo necessitaria abdicar do seu próprio eu, da sua mais pura e instintiva natureza e essência, para abrir caminho à tão necessária civilidade.

Sendo este indivíduo dotado de essência propulsora, regida pelo princípios do prazer, alheia a realidade e à moral presentes desde seu nascimento e motivada pela vontade e sendo a verdadeira expressão do seu ser, necessitará ele abdicar dos seus impulsos primitivos onde não existem regras, onde não se reconhece elementos sociais, onde não há o certo nem tampouco o errado, onde não há consequências, nem tempo e nem espaço, apenas desejo e, consequentemente, toda esta abdicação resultará num verdadeiro rompimento com sua essência trazendo a ele sequelas intransponíveis como a diminuição da sua agressividade natural, que tanto o salvou de situações de perigo perante os inimigos naturais sejam eles animais ou, até mesmo grupos de hominídeos inimigos, pela guerra pelo espaço, alimento ou até mesmo pelo fogo.

O Id e o instinto em nossos ancestrais

Outro rompimento da sua essência, com os passar do tempo, diz respeito a podar seus impulsos sexuais devido às normas sociais impostas ao grupo que rejeitam a liberação desses instintos naturais, pois sabemos que caso estas ações não sejam reprimidas, consequências virão em forma de punições e represálias.

Se compreendemos que as ações do homem são fortemente influenciadas por uma instância que foge ao controle do entendimento racional (inconsciente) e a pulsão corresponde à medida da exigência de trabalho imposta ao psíquico, em consequência de sua relação com o corporal, e que a sua finalidade seria a satisfação, que é a redução da tensão causada pela mesma, então o verdadeiro objetivo (meta) da pulsão seria a plena satisfação, pela via da descarga das excitações.

Perceberemos que nossos ancestrais se encaixavam nesta perspectiva, a partir do momento em que, institivamente, exercia de maneira natural suas pulsões, porém, com o advento do amadurecimento civilizatório, ele necessitou adequar-se às normas instituídas interditando seus desejos para ser enquadrado em um sistema que inibia suas vontades mais selvagens e primárias. Logo, podemos inferir que estes hominídeos necessitaram de amplas transformações, afetados que foram no processo de mudanças estruturais da sociedade em que viviam.

Considerações finais

Às vezes, sobre o id e o instinto, a sobrevivência destes indivíduos, que deram o pontapé inicial para nossa civilização, só foi possível de ser alcançada através da renúncia dos seus instintos e às custas da sobrevivência do seu grupo. Como podemos perceber o cerne da teoria freudiana relacionada aos instintos, seria a necessidade de conservar e perpetuar a espécie.

O instinto, para Freud, seria então, nada mais do que um congênere orgânico, uma força estrondosa deste homem para continuar vivo, tanto quanto ser, quanto como partícipe de um grupo que vivia em situação de vulnerabilidade.

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    É importante aprofundarmos na vida social destes primeiros humanos, entendermos as engrenagens que foram desenvolvidas neste “primitivo” estágio de nosso próprio desenvolvimento, pois para compreendermos o ser humano é necessário que compreendamos também o grupo o qual ele tem pertencimento, pois como já dizia o psicólogo Foulkes somos o elo de uma longa corrente.

    O presente artigo foi escrito por Fernanda Germano([email protected]). Psicanalista e Terapeuta Integrativa.

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