O que é fetichismo

O que é Fetichismo?

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Assim como nos povos “primitivos”, o fetichista é visto como um adorador de objetos inanimados, a diferença é que, nas sociedades tribais, o que é fetichismo estava relacionado ao culto de objetos inanimados ou seres antropomórficos. Eram chamados de fetichistas religiosos pelos seus colonizadores.

Entendendo o que é fetichismo

Somente no século XIX, através do pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet (1857 – 1911), o termo fetichismo foi direcionado ao psiquismo humano. O fetiche entra na escala das perversões [ou transgressões] relacionadas ao momento que precede o ato sexual [período pré-coital]. Freud define o fetiche como uma “substituição imprópria do objeto sexual”.

Há uma relação muito próxima entre fetiche e objeto, geralmente, o que substitui o objeto são partes do corpo que não possuem quase nada ou nada de estímulo sexual, ou são objetos inanimados, atribuídos àquela pessoa que constitui todo o seu amor-desejo. Freud (1905), a normalidade do fetiche varia conforme o grau de supervalorização psíquica que o sujeito dá ao objeto sexual.

Há um certo grau de normalidade no fetichismo, principalmente quando o substituto objetal está relacionado à pessoa que o fetichista deseja. Nesse caso, o fetiche funciona como um potencializador de desejo até chegar à satisfação sexual completa. O Fetichista admira, mas não adora. O fetiche é apenas uma ponte para chegar à pessoa que constitui o seu desejo.

 O que é fetichismo e o fetichista

Na obra Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905), percebe-se, que as perversões — as menos graves — estão presentes até mesmo na vida daqueles que são considerados “sadios”, isso mostra um certo grau de normalidade. Mas precisamos delimitar o normal, do patológico. O fetiche se torna patológico quando há uma fixação ou exclusividade no substituto do alvo sexual, ou seja, quando há uma dissociação do objeto em relação à pessoa amada.

Nesse caso, há uma fixação no substituto, que se torna, o objeto. O fetiche não está mais em uma relação entre sujeito e objeto; mas entre sujeito e objeto fetiche. O fetichista se vê impossibilitado de manter qualquer relação com alguém que não seja seu próprio objeto (internalizado em si). Há uma recusa do sujeito para com o outro.

Existe apenas o desejo pelo objeto fetichizado. Quando há uma fixação em um objeto específico, é preciso voltar até à infância, para ser mais específico, na fase fálica (3 – 5/6 anos), período em que a criança passa por uma fase marcada por intensas investigações sexuais. Isso nos remete ao complexo de castração, durante a infância, a criança acredita que todos possuem um pênis semelhante ao seu, começa a sentir prazer através da manipulação do seu órgão genital.

A possível castração

Seus pais, insatisfeitos com tal atitude, o ameaçam dizendo que se ele continuar com a masturbação, será castrado. A princípio, ele não acredita na ameaça, mas depois de um certo tempo, em suas investigações, percebe que a mulher não possui um pênis, isso faz com que ele acredite, que a mulher, um dia, já teve um pênis, e de fato, foi castrada.

Ele se sente ameaçado com a possível castração e então “abandona” a ideia da falta de um falo feminino. Um dos últimos textos escritos por Freud acerca do fetichismo, foi escrito em 1927. Desenvolve tudo aquilo que já dissera de maneira mais “superficial” no seu texto Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade.

Agora, é explicitado, que o fetiche em estado patológico, possui raízes na tenra infância. A criança não aceita essa ideia de que a mulher não possui um falo, mesmo que na angústia de castração ela “abandone”, pelo menos parcialmente, essa percepção. Esse “abandono” só é realizável por conta das leis do inconsciente — processos primários — após um intenso conflito psíquico.

 O que é fetichismo para Freud

As angústias e os medos vivenciados pela criança, segundo Freud, são responsáveis pelo processo de endeusamento que a criança fará pelo objeto fetiche. O fetiche é um substituo para o pênis. “[…] Não é um substituto para qualquer pênis ocasional, e sim para um pênis específico e muito especial, que foi extremamente importante na primeira infância, mas posteriormente perdido” (Freud, 1927, p.155).

Na fase adulta, o fetichista revive a “crença” de um falo feminino, mas dessa vez, de forma inconsciente. O falo feminino é substituído por um objeto. A construção do fetiche, segundo Freud, acontece nos momentos anteriores ao trauma; a última impressão que a criança tem antes do trauma, será retida como fetiche. “[…] O interesse do indivíduo se interrompe a meio cominho, por assim dizer; é como se a última impressão antes da estranha e traumática fosse retida como fetiche” (ibid, p.157).

Dois exemplos claros são os fetiches por pés ou sapatos, considerados os mais “comuns”. A criança, observando a mulher de uma posição mais baixa em relação a ela (a mulher), vê, antes do susto, partes do seu corpo como as pernas ou pelos púbicos, ou, peças de roupas íntimas utilizadas por ela, antes de se despir.

Conclusão

Podemos entender através desse texto que, no fetiche, existe um certo limite entre o normal e o patológico, o primeiro se caracteriza por um investimento libidinal do sujeito para com a mulher que constituiu o seu desejo, ou seja; o fetiche está relacionado muito mais à mulher, do que o objeto em si. Não há exclusividade para com o objeto.

Já no fetichismo considerado patológico, há uma ruptura entre o fetichista e objeto, que se torna o único objeto de desejo. O fetichista se vê incapaz de se satisfazer com algo que não seja o seu amado fetiche.

Referências Bibliográficas

FREUD, S. Um Caso de Histeria, Três Ensaios Sobre a Sexualidade e outros trabalhos: Substituição Imprópria do Objeto Sexual — Fetichismo (1905). Rio de Janeiro: IMAGO, v. VII, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud). FREUD, S. O Futuro de uma Ilusão, o Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos: Fetichismo (1927). Rio de Janeiro: IMAGO, v. XXI, 1996. 155 p. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud). FREUD, S. O Futuro de uma Ilusão, o Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos: Fetichismo (1927). Rio de Janeiro: IMAGO, v. XXI, 1996. 157p. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud).

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    O presente artigo foi escrito por Luckas Di’ Leli( [email protected]). Estudante de filosofia, está em processo de formação em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC).

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