ser exposto

Ser Exposto: qual o significado psíquico

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Hoje falaremos sobre ser exposto. Freud rompeu barreiras e enfrentou altas críticas em sua época, e seus avanços se deram, em grande parte, não por sua “teimosia” como muitos consideraram, mas por seu perfil *nexialista – um Ser humano curioso, com grande conhecimento oriundo da busca incessante por respostas, com alto grau de empatia e compreensão do outro, e grande capacidade criativa, que o permitia olhar além do que se via.

Perfil bastante desafiador à época, pois suprimia as altas classes conservadoras culturais e religiosas, “cegas” quando o assunto era tentar novas possibilidades, quando o que se fazia já era considerado satisfatório.

Entendendo sobre ser exposto

Platão dizia: “A necessidade é a mãe da inovação”. Era essa necessidade que Freud enxergava. Inquieto e insatisfeito com os métodos que até então eram utilizados e, para ele, claramente não traziam resultados.

Freud buscava respostas para “validar” suas teorias e estudos, correlacionando a compreensão dos conflitos vividos por seus pacientes e a autoanálise, que passou a ser tão necessária na compreensão de suas próprias histerias e vertentes de pensamentos, quanto as possibilidades e tentativas de novos métodos na contraposição de todos.

Ele sabia que iria mudar o mundo, acreditava em sua “intuição”. E assim o fez.

Sobre ser exposto: Freud e seus estudos

Em seus estudos, Freud aplicava a hipnose, método iniciado por Breuer e com grandes revelações e resultados positivos para os tratamentos, já que fatos inconscientes oriundos de traumas, geralmente causados na infância e “esquecidos” como mecanismo de defesa, eram trazidos ao consciente e revividos através da hipnose, tendo um efeito curativo imediato.

Com o passar do tempo, percebendo que o método não funcionava em todos os casos, Freud inicia o método que chama de “Associação Livre”, onde a cura se dá pela fala do paciente, na construção dos significados, intenções, propósitos e aplicações da fala propriamente dita.

Como em todo processo “livre”, há um risco eminente de falta de controle, já que a tratativa envolve a revivência direta por parte do analisando das emoções sentidas e doloridas dos traumas em questão. A partir dessas vivências e análises, Freud nos traz novos conceitos da interação entre analista e analisando, estrutura do aparelho psíquico e novas Teorias sobre as correlações entre a infância, sexualidade, traumas e manifestações – ou não – do que se tem reprimido.

Ciclo da Vida

Para essa fase, uma análise complementar ao Ciclo da Vida – Teoria dos Setênios, uma Teoria criada pelo filósofo Rudolf Steiner, precursor da Antoposofia – se faz essencial, já que, segundo Freud, as histerias estão diretamente relacionadas às primeiras experiências do indivíduo enquanto Ser Humano, crenças estabelecidas em seu contexto familiar, traumas, desejos gerados ou reprimidos.

Segundo a antroposofia, “os seres humanos precisam se autoconhecerem para que possam assim conhecer o Universo, do qual somos parte”. O ciclo da vida compreende 3 grandes ciclos contendo 3 setênios em cada ciclo.

O primeiro ciclo (0 a 21 anos) contempla o aprender, onde se tem como base uma educação receptiva e o amadurecimento biológico. É nesse contexto que permeiam os grandes aspectos da base estrutural do Ser Humano.

Sobre ser exposto e o nascer físico

Na primeira fase desse ciclo, o primeiro setênio (0 a 7 anos), temos o “nascer físico”, onde o indivíduo tem como base essencial a família, trabalhando e construindo a consciência do Eu, aprendendo essencialmente pela imitação.

Iniciam-se os construtos do Ego através do registro no Ics – inconsciente das sanções, proibições, ordens etc. dadas pelos pais, a construção do inconsciente fica referenciada pelas representações das coisas e composto apenas de afirmações, é regido pelo “Princípio do Prazer”, o ID absoluto do modelo estrutural de Freud.

É o descobrir do corpo físico e o despertar dos sentidos. O indivíduo se reconhece enquanto humano, suas apropriações físicas, o primeiro amor ou desejo incompreendido (contemplação irreal de um desejo pela mãe, ou pelo pai, e uma certa rivalidade pelo outro, relacionado por Freud ao Complexo de Édipo – primeira experiência com o superego).

A confiança primaria

É onde está a energia vital e a confiança primária, arcaica e primordial. Desnudo e pronto a receber, o ID estabelece a conexão da Terra e o mundo material, confirmando a retórica do Chakra Básico, ligado a todos os sentidos e funções básicas do Ser humano, em busca de estabilidade e persistência.

O corpo da criança nasce quando fecha o ciclo, quando ocorre a troca de dentes, por volta dos 6/7 anos. Em sequência, o segundo setênio (7 a 14 anos) tem a escola como principal influente, e inicia-se então o “nascer emocional” através da relação com o outro, onde o indivíduo tem a vivência do Eu adquirido no setênio anterior, o despertar sexual e do senso ético.

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    É nesse cenário que o Pcs – pré-consciente se estabelece, onde o indivíduo traz uma representatividade não só pelas coisas, mas já começa a identificação através de palavras, evidenciando-se então uma transição para a formação do Cs – consciente, onde há uma linguagem racional, temporal e espacial.

    Ego e Superego começam a se manifestar

    Por volta dos 9 anos, uma forte instabilidade emocional acontece, também conhecida como adolescência infantil ou pré-adolescência. O Chakra Esplênico é o mandatário, as emoções primárias se manifestam e há um despertar da sensualidade, erotismo, criatividade, admiração e entusiasmo.

    Finalizando o ciclo, o terceiro setênio (14 a 21 anos) traz o “nascer da identidade”, onde há a afirmação do Eu e se estabelece a consciência da personalidade do indivíduo, desenvolvimento do senso ético e o “Princípio da Realidade”. A influência fica por conta dos amigos estabelecidos no setênio anterior.

    Nesse momento, os pensamentos começam a florescer e tomar novos rumos, trazendo à tona grandes questões antes não identificadas ou compreendidas. Há uma elaboração psíquica com forte influência do Ics, porém em contextos elaborados e conscientes.

    A personalidade e ser exposto

    Influenciado pelo Chakra Umbilical, há o desdobramento da personalidade, assimilação das emoções e experiências vividas até aqui, estabelecendo uma sabedoria na formação do Ser, com influência, plenitude e poder.

    Complementaridade: ser exposto

    Autores e estudiosos de diferentes áreas, com focos distintos na busca por respostas, nos levam à intersecção de um mesmo resultado analítico da evolução. Aqui citados, Freud através de seus estudos sobre a Mente e seus constructos da estrutura psíquica, e a Antroposofia de Rudolf Steiner, considerando o Corpo e o Espírito através da natureza humana e intervenções sociais na formação do indivíduo.

    Freud mudou o mundo. Steiner também. Somos instrumentos de evolução reais, precisamos nos perder para nos encontrar. A cada movimento “histérico”, um passo em busca de respostas, e o paralelo entre a vida, a subjetividade, aqueles que questionaram o mundo e tiveram coragem, nos impulsionam para o Saber, para o redescobrir, para questionar pontos inquestionáveis e gerar novos “loucos” que mudarão o mundo mais um pouquinho.

    E você, que registro você quer deixar no mundo?

    *Nexialista – moldado por Walter Longo, o termo define a pessoa com capacidade de dar sentidos e nexo a assuntos diferentes, tem amplo repertório de conhecimento e sabe a quem ou a que recorrer sempre que precisa aprofundar-se em algum assunto. Reúne competências pessoais, sociais, comerciais, técnicas, gerenciais e de liderança. Como características principais tem a curiosidade, criatividade, proatividade, persuasão, comunicação, multidisciplinaridade, visão holística, questionador e busca incessante por conhecimento.

    Este artigo sobre o “ser exposto” foi escrito por Isis Gabriela Mousquer, Psicanalista (em formação), Professora de Graduação em Criatividade e Learnability, além de atuar como Mentora e Consultora Empresarial. Possui especialização em Altas Habilidades/Superdotação, MBA em Comportamento e Desenvolvimento Humano, e Graduação em Gestão Comercial e Marketing. Isis é reconhecida por sua habilidade em desenvolver potenciais e promover o crescimento pessoal e profissional de seus mentorados e clientes empresariais. Para contato, acesse https://www.linkedin.com/in/isisgabriela/.

    1 thoughts on “Ser Exposto: qual o significado psíquico

    1. Texto didático e interessante. Ótima leitura, parabéns!

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