Neste artigo vamos falar sobre a seta e alvo. Eu ando num labirinto e você, numa estrada em linha reta. Te chamo pra festa mas você só quer atingir sua meta. Sua meta é a seta no alvo. Mas o alvo, na certa não te espera (Paulinho Moska).
Música ao qual podemos fazer uma analogia com a sexualidade humana vista pela psicanalise, haja vista que o desenvolvimento humano se sustenta em torno das vivencias da sexualidade.
Entendendo sobre a seta e alvo
Essa seta que se acerta o alvo isso é o instinto, que nunca está muito bem localizado, ele se desloca. Porem considerar que o alvo na certa não te espera isso é pulsão. Como o desenvolvimento humano é contínuo em torno da experiência sexual, podemos compará-lo à música por meio da análise psicológica. A flecha que atinge o alvo é instintiva, ela nunca ficará bem posicionada, ela se moverá.
No entanto, considerando que a meta certamente não o espera, este é um fator determinante. Sexualidade é algo que sempre leva-se a buscar alguma coisa, nos leva a posicionar, a todo tempo a responder com os elementos que se tem, ao que se é, ao que se faz. Pulsão é um território aberto que se contrapõe ao instinto que se leva a um alvo.
Desde os tempos mais remotos a sexualidade é vista como um tabu. Historicamente na literatura mitológica se tem uma menção a Priapo deus da fertilidade, filho de Afrodite e Dionísio. Que fora amaldiçoado por Hera e era cultuado por alguns povos.
A seta e alvo e Feud
Durante a antiguidade a sexualidade era vista somente como fator de procriação, o desejo humano era negado sobretudo as mulheres, que não poderiam recorrer a sexualidade como forma de sentir prazer.
Freud então propõe uma prática que é a psicanalise que por via desses elementos que não são tão assegurados, são instáveis, que fazem parte dessa trajetória chamada sexualidade, começa então a desvencilhar os segredos em torno desse desejo ate então negado.
No percurso percorrido pelo ser humano as coisas que estão presentes na sua história de vida o encantamento, aquilo que instiga, o que aterroriza são elementos que fazem parte da sexualidade delineada num labirinto que é o próprio ser humano podemos assim dizer labirinto pulsional.
Che Vuoi, a seta e alvo
Buscando responder ao questionamento do desejo inconsciente Lacan faz uso da expressão Che Vuoi. Mas por que Lacan diz que se nós mesmos rejeitamos nossos desejos até certo ponto, devemos ser culpados? Em qualquer caso, somos apenas responsáveis por isso. Antes mesmo de sabermos, somos responsáveis por nossos desejos.
Portanto, Lacan colocou uma questão moral: “Você age de acordo com os desejos que vivem em você?” No fundo, neste caso, a resposta à pergunta de Che Vuoi é o amor! Todo mundo tem o desejo de ser amado.
Quando essa crença é suprimida por uma crença, programação inconsciente, esse acontecimento traumático faz com que a pessoa comece a projetá-la em todos para que possam sentir vários tipos de desejos sexuais, mas antes disso, o desejo sexual é sentir-se amado, porque o desequilíbrio polarizado de homens e mulheres dentro de nós nos faz esperar um reequilíbrio, projetando-o em pessoas específicas na jornada.
Em termos psicanalíticos
Em termos psicanalíticos, diante da ignorância das pessoas sobre seus próprios desejos, nos deparamos com uma alienação fundamental, que a coloca em estado de condenação, muitas vezes querendo o que não quer, convertendo-se em algo que você quer. Para Lacan, a opacidade é a verdadeira essência do desejo. Portanto, esta questão se levanta para o outro: o Che Vuio?
A sexualidade é definida como a energia que impulsiona o comportamento humano, tem uma força motriz e enfatiza a energia simbólica-libido, que aparece na relação entre a representação da palavra e o objeto de forma simbólica.
Em psicanálise a sexualidade é dissolvida em satisfação, visto que o desejo causa dor, porque a raiz de todo desejo é rejeitada pelo objeto de forma consciente, porém a psicanalise abre e oportuniza o acesso ao inconsciente, possibilitando o entendimento dessa força que fluidifica o viver humano. Força essa que possibilita o desenvolvimento do sujeito como um todo desde a tenra idade, perpassa ao longo dos anos também pelo aspecto moral que dita o que é certo ou errado diante da sociedade.
Considerações finais
Na perspectiva da psicanalise não há uma normalidade do que é sexual e sim a graça da diversidade, da variedade e o desafio que há no ser humano de sintetizar o desejo intrínseco em si. Freud trouxe luz sobre uma área humana que pouco ou nada conhecia-se e é chamado de sexualidade.
Não se detém em entrar em outras áreas, era igualmente conhecedor do que fala, tinha conhecimento da estrutura do cérebro como neurocientista que era e buscou-se durante sua trajetória o funcionamento da mente além da estrutura cerebral.
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Elucidando que sexualidade não é somente reprodução ou procriação, existe um desejo que perpassa vários aspectos humano que abre outras formas de se enxergar o desejo humano, não existe um olhar unilateral que a explique
Este artigo foi escrito por Keila Cristina Carlos de Souza. Psicóloga de base Psicanalítica. Psicanalista em formação pelo IBPC.