como ter amor próprio

Amor próprio: princípios, hábitos e o que não fazer

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O amor próprio é a capacidade de se aceitar e se valorizar como pessoa, com todos os seus defeitos e qualidades. Ele é fundamental para o desenvolvimento da personalidade do ser humano, pois saber amar a si mesmo condiciona nosso comportamento de várias maneiras.

Incentivar a sua construção e consolidação é uma tarefa muito importante. Portanto, confira alguns princípios para exercitá-lo no seu dia a dia!

O que significa amor próprio

Definir o significado do amor próprio não é uma tarefa fácil. Se nos voltarmos para a literatura clássica e atual sobre o assunto, podemos encontrar múltiplas conceituações e divagações sobre o assunto.

Autores de renome como Voltaire, Nietzsche, Pascal, Rousseau, Espinosa etc. são apenas alguns dos que teorizaram de maneiras diferentes o que o amor-próprio significa.

Em muitas dessas explicações, geralmente é feita uma diferenciação entre duas formas de amor próprio.

Uma delas é positiva e se referiria à autoestima como algo natural e intrínseco aos seres humanos. Algo relacionado ao seu instinto de autorregulação e conservação.

Por outro lado, há um amor-próprio negativo, que abre espaço para sentimentos como o sentimento de orgulho, o sentimento de egoísmo e vaidade.

O que é amor próprio em psicologia

Na psicologia, o amor-próprio está muito relacionado ao conceito de amor por si mesmo. Esse conceito, por sua vez, é aproveitado e explicado por abordagens mais filosóficas. De modo geral, a psicologia relaciona amor-próprio e auto-estima de modos bastante similares.

Concluindo, na área, ambos os termos fazem referência à avaliação ou estimativa que uma pessoa tem de si mesma.

Qual a importância do amor próprio?

Nathaniel Branden, autor do livro “Auto-estima e seus seis pilares” considera que, embora a base principal da autoestima seja criada durante a infância e a adolescência.

Isto é, as experiências e o trabalho pessoal durante os anos posteriores podem reforçar ou modificar como nos relacionamos afetivamente com nós mesmos.

Para o autor, a autoestima (alta ou baixa) tende a gerar profecias autorrealizáveis. Em outras palavras, a percepção que temos de nós mesmos é determinada por experiências pessoais.

Portanto, essas experiências condicionam nossos pensamentos que, por sua vez, nos levarão a realizar uma ou outra ação. O resultado dessas ações irá reforçar (ou criar, no caso de ser incongruente) nossas crenças pessoais que, novamente, irão condicionar nossos pensamentos, ações etc. e assim por diante.

Aqui reside precisamente a importância do nível de amor-próprio alcançado:

Níveis baixos (negativos) de autoestima nos levam a ter pensamentos de autoestima, isso vai gerar comportamentos prejudiciais a nós mesmos (auto boicote ou inibição de comportamentos).

Consequentemente, irão confirmar as crenças iniciais de baixa autoestima, a profecia autorrealizável, conforme afirma o autor.

O contrário, ou seja, um alto nível de autoestima reforçará nossos esquemas mentais e nossa vontade de ação positiva. Seu resultado confirmará a avaliação respeitosa de nós mesmos.

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    5 maneiras de auto boicotar

    Vejamos primeiro vários processos pelos quais sua autoestima piora.

    1. Autopunição e dependência emocional

    Quando você ama a si mesmo, você aprende com seus erros e é encorajado a continuar.

    Portanto, não se chicoteie com um chicote culpando-se e torturando-se pelo quanto você errou. Isso não fará com que você aprenda mais, porem irá destruí-lo aos poucos.

    Se você está errado, pelo menos você tentou, você é corajoso. Cometer erros é tão importante quanto comemorar seus sucessos e sentir orgulho de si mesmo, ao atingir uma meta e, por exemplo, comemorar e recompensar a si mesmo.

    2. Autocrítica e reclamação

    Quando você ama a si mesmo, você fala consigo mesmo em um tom gentil e, quando se trata de se criticar, você o faz de uma forma construtiva e não destrutiva.

    Não podemos evitar passar por situações que não gostamos ou por dificuldades, mas podemos mudar a forma como reagimos a elas. Recomendo que você aceite a situação e pense no que um bom amigo diria a você sobre o que você acha que fez de errado.

    Além disso, tome consciência de como você fala para não dar lugar a auto insulto, reclamação constante e aquela voz torturante que pode estar em você.

    3. Autodesconfiança

    Quando você se ama, você presta atenção em se conhecer, com curiosidade e paciência. Todavia, tem uma visão de até onde você acha que pode chegar, estabelecendo metas que você acha que são consistentes com sua capacidade.

    Isso não significa que você está sempre certo, mas que, se tiver dificuldades, aprende com o erro e reajusta sua meta. Você experimenta e vive momentos que podem enriquecer sua vida, sem correr perigo real.

    Portanto, lembre-se de que a confiança leva à perfeição. Se você desconfia de si mesmo, é provável que esteja prestando atenção ao erro e, consequentemente, esteja fugindo de objetivos que pode alcançar.

    4. Comparação com outros

    Temos qualidades que nos definem e usamos para descrever nosso físico, nossa personalidade e nosso comportamento. Quando você ama a si mesmo, você aceita suas qualidades e fica livre de padrões culturais e subjetivos que regem o significado da beleza, por exemplo.

    Você sabe que cada pessoa é diferente, nem melhor nem pior. Consequentemente, o que você busca é se sentir bem consigo mesmo, pois cada um tem seus ritmos e seus atributos que o tornam quem é.

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    Se você costuma se comparar com os outros, tanto para ser vitorioso quanto para ser prejudicado, é provável que se sinta como se estivesse em uma montanha-russa. Portanto dependendo de quem está por perto ou do que está na moda.

    Exemplo:

    • Você se sente mal consigo mesmo quando vê fotos de outras pessoas nas redes sociais. Você começa a pensar que elas são mais bonitas, mais bem-sucedidas e mais felizes do que você.

    5. Narcisismo e ódio

    Ao contrário da crença popular, o amor tem limites, tanto para consigo mesmo como para com os outros. Deve haver um equilíbrio entre o que você ama a si mesmo e o que deseja dos outros.

    Quando há um desequilíbrio por excesso de amor próprio e déficit de amor pelos outros, surge o narcisismo e o ódio. A pessoa com narcisismo acredita ser superior ou melhor que os outros (egoísmo), pensa que tem mais direitos que os outros (egoísmo) e acredita que tudo gira em torno dela (egoísmo).

    No entanto, quando você se ama, acaba se distanciando das pessoas narcisistas, buscando para si generosidade, assertividade e reciprocidade.

    Alguns passos para se amar

    Agora que sabemos o que pode estar afetando sua falta de autoestima e amor próprio, vamos ver o que fazer para melhorá-la no dia a dia.

    1. Pare de buscar confiança

    Antes de começar, é importante lembrar de algo fundamental, mas que muitas vezes esquecemos: É impossível sempre se sentir confiante.

    Nosso nível de confiança flutua. Assim, uma mesma pessoa pode se sentir muito autoconfiante quando encontra o emprego dos sonhos e, ao mesmo tempo, se sentir totalmente deprimida se for demitida. Isso é normal.

    Ninguém escapa dessa dinâmica emocional. Até mesmo pessoas de sucesso, como atrizes de Hollywood, confessaram se sentir um fracasso em muitas ocasiões!

    Portanto, não tente estar sempre confiante e seguro de si mesmo. A tendência é que quanto mais você perseguir essa vida intocável, mais inseguro e triste você se sentirá.

    2. Pare sua conversa interna negativa

    Andar de mãos dadas com afirmações ruins sobre si mesmo não ajuda a desenvolver o amor próprio diariamente. Adquira a prática de interromper pensamentos como esse. Muitas vezes, somos nosso pior inimigo justamente porque, mesmo que ninguém nos machuque com palavras, somos capazes de fazer isso.

    Podemos ser mantidos prisioneiros em nossas próprias mentes. Contudo, esquecemos que podemos nos libertar a qualquer momento, tendo a motivação e as ferramentas para fazer isso.

    Nossos pensamentos podem nos levar em várias direções, boas e más. Para muitos, parece natural e fácil supor o pior, analisar em excesso, tirar uma conclusão precipitada ou até mesmo antecipar catástrofes.

    Desse modo, esses erros de pensamento são uma armadilha não apenas para ansiedade e baixa autoestima, mas também uma causa inevitável de pouco amor-próprio e infelicidade.

    3. Construa seus pontos fortes

    Se a influência social desempenha um papel na forma como moldamos nossas motivações, corremos o risco de concentrar nossa atenção em áreas que podem não estar honrando nossos dons exclusivos.

    Se investirmos toda a nossa energia na busca de um esporte, uma carreira ou mesmo um caminho de vida, precisamos garantir que essas escolhas.

    Sendo assim, que estejam alinhadas não apenas com nossas crenças e valores fundamentais, mas também com nossos verdadeiros pontos fortes.

    Exemplo: 

    • Você gosta de escrever, mas nunca teve coragem de publicar seus textos. Você decide criar um blog para compartilhar suas ideias com o mundo.

    4. Pratique a autocompaixão

    Sem dúvida, uma das maneiras mais vitais de crescer no amor-próprio é por meio do ato de autocompaixão.

    Não podemos amar a nós mesmos verdadeiramente se negarmos a nós mesmos o perdão e a compaixão. É necessário admitir que todo ser humano falha. Você não está sozinho em suas lutas.

    No entanto, apesar dessas lutas, é imperativo que deixemos espaço para a autocompaixão.

    5. Viva com gratidão

    Um coração agradecido traz um espírito alegre. Para exercitar a gratidão, lembre-se que o coração grato faz mais do que falar coisas boas ou exercitar conversa interna positiva. A gratidão é uma forma de experimentar nosso mundo e as oportunidades nele.

    Uma técnica usada por muitos profissionais de saúde mental como ponto de partida para lidar com o estresse, desregulação emocional ou depressão é a prática da gratidão.

    Portanto, essa prática ajuda a treinar novamente sua mente para ver e aceitar o que é positivo na vida diária, bem como valorizar as bênçãos da vida e a gentileza oferecida e recebida pelos outros.

    6. Verifique a maneira como você fala consigo mesmo

    Quando começamos a observar a maneira como nos comunicamos conosco, podemos entender a maneira como os outros falam conosco. Se você passar o dia todo ruminando seus defeitos e criticando a si mesmo, essa pode ser uma atitude o que os outros irão repetir.

    Ademais, as pessoas começarão a acreditar que você é integralmente aquilo que fala sobre si.

    É por isso que é tão importante ser firme quando alguém nos agride ou nos fere, reveja como nós tratamos de maneira semelhante e comece a fazer ajustes. Para começar a mudar esse esquema, o ideal é começar a dizer a si mesmo novas mensagens que fortaleçam sua autoestima.

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    Você pode dizê-los mentalmente, mas também pode se ajudar colocando placas em locais visíveis. “Eu sou bonita”, “Eu me aceito como eu sou”, “Eu tenho valor e eu mereço tudo”, e assim por diante.

    Dessa forma, você verá que, quando começar a mudar seu próprio roteiro, sua comunicação com o resto do mundo melhorará. E o melhor, você vai se sentir mais seguro e sereno.

    7. Cuide de seus hábitos

    Uma das chaves mais importantes para o amor próprio é cuidar de nossa saúde e cultivar nosso bem-estar. Comer de forma saudável, praticar exercícios, praticar alguma disciplina para relaxar são alguns dos hábitos que podemos desenvolver para nos tratarmos melhor.

    E quando isso acontecer, você verá como aqueles que o abordarem lhe darão o mesmo tratamento.

    8. “Não”, a palavra mágica

    Às vezes, temos medo de dizer não por medo de sermos rejeitados. E quando fazemos coisas que não queremos, nossa autoestima sofre.

    Se você quiser aumentar sua coragem na vida cotidiana, aprenda a superar o desconforto de dizer não quando quiser.

    É melhor estar em paz consigo mesmo e manter o respeito e a autoestima do que se trair para manter uma boa aparência perante os outros.

    9. O autoconhecimento reforça o amor próprio

    Ter clareza sobre essa característica nos ajuda a ter uma referência ao autoconhecimento , que, como a palavra diz, é conhecer a nós mesmos.

    Se tivermos clareza sobre o autoconhecimento, será mais fácil detectar nossos pontos fracos e fortes; quais são os nossos defeitos e virtudes, para os conscientizar e saber o que devemos melhorar a cada dia. Em última análise, são essas características individuais que o tornam único.

    10. Estabeleça resoluções e ajude o amor próprio

    Na vida é preciso ter objetivos, ou melhor, um projeto de vida com objetivos muito bem delineados.

    Definir metas de curto, médio e longo prazo; Isso permitirá que você se sinta bem consigo mesmo.

    Os objetivos aumentam a autoestima à medida que alcançamos nossos objetivos estabelecidos; portanto, o amor próprio cresce quando você vê que pode alcançar o que se propôs a fazer.

    11. Perdoe-se

    Às vezes somos muito duros com nós mesmos e tendemos a nos julgar com severidade. Devemos saber que, como seres humanos, podemos cometer erros a qualquer momento de nossas vidas.

    As pessoas que conseguem construir a autoestima reconhecem seus erros, procuram resolvê-los e os mais importantes adquirem aprendizado.

    12. Priorize suas necessidades e não seus desejos

    Amar uns aos outros não significa que devemos nos satisfazer em tudo. Os seres humanos também agem por impulsos e é importante que você aprenda a sobrepor suas necessidades aos seus desejos.

    Ao permanecer focado no que você precisa, você pode afastar pensamentos impulsivos que não são saudáveis para sua saúde mental.

    13. Crie consciência

    Para construir ou aumentar a autoestima e amor próprio é muito importante estarmos atentos às nossas ações; na nossa forma de agir, aprendendo a reconhecer o que sentimos, pensamos e queremos.

    A consciência o ajudará a ter clareza sobre o que você deseja e o que o faz se sentir bem. Além disso, o impedirá de fazer o que os outros desejam.

    14. Reflita

    Ninguém tem a responsabilidade de completar o que falta a qualquer outra pessoa. Na verdade, depende de você se encontrar e agir de acordo com o que sente. Portanto, tente cumprir os valores que você tem, além de trabalhar para ouvir e construir autoestima.

    Só assim você vai gerar relacionamentos saudáveis, por meio dos quais poderá ser uma pessoa que ama verdadeiramente e que é amada sem dependências.

    Considerações finais sobre amor próprio

    É importante mencionar que, embora nos aceitemos como somos, isso não significa que não haja características de nossa personalidade que precisemos melhorar.

    O que é significativo é que sabemos reconhecê-los a partir de nossa própria percepção para trabalhá-los e poder melhorá-los.Quando uma pessoa realmente alcança o amor próprio, é porque encontrou um equilíbrio entre suas emoções e sua autoestima.

    Desse modo, esse estado se manifesta em uma prolongada sensação de bem-estar. Em consequência,  a pessoa se valoriza, se respeita, se torna mais feliz e se sente segura em diferentes cenários da vida.

    Como já dissemos, o amor próprio é uma construção pessoal e emocional. Se amar consiste em fundamentar um bom alicerce na família e no próprio desenvolvimento pessoal ao longo da vida.

    Comece hoje mesmo a praticar o amor próprio. Faça pequenas mudanças em sua vida que irão ajudá-lo a se sentir melhor consigo mesmo.

    Porque há pessoas que não contaram com esses pilares ou simplesmente têm dificuldade em amar a si mesmas como são, convidamos você a procurar ajuda profissional se for o seu caso.

    Por outro lado, se seu desejo é trabalhar pelo fortalecimento do amor próprio de outra pessoa, em nosso curso online de psicanálise temos excelentes profissionais que podem ajudá-lo a adquirir as ferramentas necessárias para isso!

    2 thoughts on “Amor próprio: princípios, hábitos e o que não fazer

    1. Parabéns pelo belos artigos e conteúdos excelentes, eu vou compartilhar com outras pessoas que também precisam de ajuda.

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