Hoje falaremos sobre quando o silêncio fala. Sabemos que cada excesso esconde uma falta. E o que gera excessos? O apego.
Através da fala, a psicanálise nos ajuda a entender as causas de nossos vícios e transtornos se essa fala trouxer uma escuta interna, nos ajudando a olhar pra dentro, em autoanálise, tentando entender o porquê estamos em desequilíbrio.
Entendendo quando o silêncio fala
Sabemos que por exemplo, vicio em comida, (obesidade ou bulimia) pode ser a busca por nos sentir cuidadas(os), nutridos, pois em algum momento das nossas vidas nos sentimos abandonados; Vicio em álcool, busca pela coragem, pois em algum momento sentimos medo; Vicio em sexo, busca por amor sem dor; Vicio em jogos, busca por controle; Vicio em se machucar, significa punição, sentimento de culpa e vergonha; Vicio em compras, a pessoa sente que ela não tem valor.
Na busca da prática de uma atividade física que me fizesse perder peso, precisava optar por algo que fizesse sentido, essa prática tinha que ter filosofia, para me motivar a querer praticar. Esse “sentido” era mais uma busca interna minha, porque toda atividade física já tem um sentido por si só, exercitar o corpo.
Mas eu necessitava do estímulo mental. Por isso as artes marciais me fizeram voltar a compreender alguns ensinamentos taoistas. No taoismo fala-se que os nossos “cavalos” são como se fossem nossos desejos alimentados e cultivados e quando levados para a “guerra”, fazemos o uso negativo dessa força.
Excessos e quando o silêncio fala
No cultivo dos excessos infringimos a lei da naturalidade do Tao, prejudicando assim nosso corpo e espírito. Isso acontece quando nossos desejos fogem do nosso domínio.
De novo: O que gera os excessos? Os apegos desnecessários.
Nos apegar ao supérfluo, riqueza, poder, fama, prazeres imediatos, nos interessando por coisas que necessariamente vamos perder. Não há maior erro do que desejar possuir.
A autossuficiência
Para alcançar a autossuficiência, vencer vícios, é necessário a moderação. Colocar nossos “cavalos” com a força dirigida para o campo(interno), para o cultivo e não nas fronteiras, onde se fazem as guerras.
Algumas práticas nos ajudam a cultivar o silêncio(artes marciais, tai chi, meditação), e a prática de auto-observação nos ajuda a cultivar virtudes internas que nos trará uma autossuficiência tão necessária nos dias de hoje para nosso equilíbrio psíquico.
A busca de desenvolver virtudes internas é necessária para observar nosso desordenamento interno. Limpar a mente interna para não deixar os cinco sentidos (as ilusões, supérfluos) perturbarem a mente interna.
A mente quando o silêncio fala
A mente não tendo mais exigências, então você tem uma medida correta. Os cinco sentidos também ficam pacificados e passamos a cultivar as coisas que são essenciais.
Quando começamos a nos focar em coisas duradouras, seremos mais consistentes, temos mais segurança, autossuficiência, um estado de espírito pleno e percebemos que aquilo que amamos não pode mais ser tirado de nós, não é filho do tempo.
Na psicanálise precisamos falar para poder nos ouvir, e muitas vezes só conseguimos isso com o direcionamento e escuta ativa do analista.
Conclusão
Com o tempo conseguimos o mesmo que o taoísmo está ensinando, uma escuta interna ativa no silêncio e trabalho interno em relação harmoniosa com as outras pessoas ao nosso redor. O essencial é invisível aos olhos. É preciso treino para enxergarmos.
Este artigo sobre quando o silêncio fala foi escrito por Elizabete Bomfim, Professora e psicanalista. Novata nas artes marciais. Mora há 6 anos em Porto, Portugal. Atendimentos online em psicanalise: @elizab_psicanalise
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1 thoughts on “Entenda Quando o Silêncio Fala”
Excelente o paralelo da Psicanálise com o Taoísmo.