4 etapas da terapia em psicanálise

Quatro etapas da terapia em psicanálise

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O tratamento clínico em Psicanálise é um processo feito por etapas da terapia. Essas etapas não são estanques, estão sempre indo e voltando. Vamos mostrar que é possível reconhecer quatro grandes etapas da terapia e compreender as características e os papéis de cada etapa.

As 4 etapas do tratamento clínico em Psicanálise

A essência da técnica é produzir um ambiente tranquilo, de confiança, para que a verdade apareça, dentro de uma expectativa construída e numa experiência única do psicanalista e do analisando. Mantendo um semblante tranquilo, de mestre e conhecedor da técnica, o analista é capaz de ser o mais desarmado, exposto, na espera que a experiência produzida toque ao mesmo tempo ele e o analisado.

A direção se dá no sentido de encaminhar o processo para um ponto de ruptura (a sequência de transferência) que caracteriza a experiência analítica. O analista deixa, então, a posição de mestre para ser objeto da transferência.

As etapas da terapia psicanalítica não acontecem em momentos isolados.

Podemos dividi-las em:

  1. retificação subjetiva
  2. fase inicial
  3. neurose de transferência
  4. interpretação

Características e papéis das etapas da terapia em psicanálise

A retificação subjetiva ocorre nas entrevistas iniciais com o paciente no início do tratamento, levado a falar dos seus problemas. Intervindo na relação sujeito/sintoma, o analista busca colocar os motivos do paciente, passando a sua impressão, acerca do que e como ele sofre. Explica demandas implícitas, sejam elas o desejo de tratar-se, de curar-se, de mostrar-se etc.

A fase inicial é quando se aceita o paciente e explicitam-se as regras. O analista transmite ao paciente a sua relação simbólica com a psicanálise, sua experiência com a própria análise, caracterizando esta relação. É o primeiro objeto de transferência com que o paciente irá se deparar.

Faz-se o anúncio das regras, da fala sem restrições. Assim, o analista recorre a toda sua experiência, às experiências dos colegas, aos escritos da psicanálise etc.

A neurose de transferência constitui o momento mais importante, que até mesmo o analista resiste em se aproximar, o momento da transferência, quando também o eu do sujeito resiste à abertura dos conteúdos.

A demanda de amor sofre uma decepção quando se descobre que a carência é inaceitável. Aparece o retorno dos conteúdos reprimidos, através da dinâmica das pulsões investidas com energia, momento mais doloroso em que se aproxima do núcleo da causa do problema. E quanto mais próximo se chega à causa, maior tende a ser a resistência.

É quando as demandas originais se transformam em outras, aparecendo o amor e ódio passionais, caracterizando a neurose de transferência.

Na interpretação, última das etapas da terapia psicanalítica, podemos dizer que a transferência já é a análise, em si. A interpretação consiste em fazer emergir, resumidamente com frases curtas, o sentido latente nas falas e condutas do paciente para que ele tenha acesso e reestruture psiquicamente suas ideias.

Neurose de transferência

Como ponto central do método psicanalítico, construído a partir do método catártico (através das interações diferenciadas na clínica), cabe analisarmos mais detidamente a transferência cuja origem retoma aquele método.

O sintoma do histérico decorria da presença de um grupo de ideias na psique, como um corpo estranho instalado e que, devido a uma má síntese, não se integrava às demais ideias do sujeito, exercendo um efeito patológico.

Charcot utilizava a hipnose para gerar os mesmos sintomas, processo denominado neurose artificial o que mais tarde veio a ser chamado por Freud, de neurose de transferência.

Dificuldades no uso da hipnose

O método catártico, com a hipnose (que ampliava a consciência), produzia a lembrança do trauma relacionado às ideias isoladas, através da fala, integrando na mente do sujeito, os pensamentos, de maneira que o paciente pudesse perceber de outra forma, reinterpretando as ideias patogênicas isoladas no inconsciente, e liberando a tensão do afeto ligado ao trauma.

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    O psicanalista hoje procede de uma maneira inversa, pois não se trata de perceber conscientemente, mas sim que o inconsciente do analista perceba o inconsciente do analisado.

    O paciente não só retomava a vivência do trauma mas passava por uma espécie de crise histérica na rememoração das ideias. O método catártico era capaz de eliminar sintomas da histeria, mas era ineficaz contra a neurose de angústia.

    Outras dificuldades apareciam, pois nem todos pacientes eram hipnotizáveis e não se tratavam as causas, mas apenas os sintomas.

    A busca de Freud pela rememoração

    Na França, Freud presenciou certas experiências com hipnose, que levava o paciente a repetir os sintomas, e, após acordar, em vigília, não se lembrava de nada, mas pressionando sua testa e insistindo, tudo era despertado.

    A partir de 1892, Freud abandona a hipnose e através da pressão com a mão na fronte do paciente, busca a rememoração livre de ideias. No atendimento a Elisabeth von R. descobre o conceito de resistência. Depois percebeu que a mesma resistência à rememoração das ideias era ligada a origem da patologia, e representava uma defesa para o sofrimento psíquico.

    Freud, buscando maneiras alternativas para rememoração do trauma psíquico, dá origem ao método das associações livres como forma investigadora das associações e representações do inconsciente através da fala do paciente.

    No novo método, temos a hipótese de que as ideias e representações estão sempre ligadas a um desejo no inconsciente, que foi reprimido para fora da consciência.

    As Intervenções na busca dos pensamentos instalados no inconsciente

    O analista agora faz intervenções no tratamento não para realizar sugestões ao paciente, mas para interpretar e diminuir a resistência.

    Surgem frequentemente não núcleos na neurose, mais ideias e associações livres de elos intermediários que aos poucos vão sendo desvelados e aprofundados, levando a causa núcleo.

    A certa altura, o paciente entra em contato com pensamentos que nem ele mesmo sabia que existiam no inconsciente. Com o vínculo transferencial, o analista exerce influência psíquica junto ao paciente, uma maneira de quebrar as resistências.

    Conclusão

    Neste artigo, vimos as etapas da terapia no tratamento psicanalítico, conforme introduzidas por Freud.

    Constatamos assim, a importância da histeria e do método catártico no início da psicanálise.

    A evolução deste método seguiu com uso da hipnose e, depois, levou ao conceito da resistência à necessidade de trabalhar a quebra da resistência, ao aparecimento do processo transferencial. Ela configurou o núcleo da terapêutica e à interpretação por parte do analista.

    Estas fases e processos constituem a essência do método psicanalítico atual.

    Autora: Ana Lúcia Guimarães, exclusivamente para o site do Curso de Formação em Psicanálise Clínica.

    9 thoughts on “Quatro etapas da terapia em psicanálise

    1. RUBEN EDUARDO ALI disse:

      Prezados colegas, e futuros colegas, recomendo o curso do IBPC, os professores e equipe toda, são muito dedicados durante o percurso do caminho para se formar psicanalista, mas o que considero ainda mais destacado e o acompanhamento depois de se certificar/formar.
      Este acompanhamento considero fundamental já que esta bem definido que ser psicanalista não e ´se formar´,tratase de percorrer um caminho de ´reconhecimento ‘das teorias e real ´aprendizado ‘que junto com a clinica serão os fatores , as bases, para continuar sendo ´psicanalista ‘e precisamente aqui IBPC faz seu destaque de continuo aprendizado.
      Parabéns equipe do IBPC.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Ruben, estamos gratos por suas generosas palavras e felizes por estarmos juntos nesta jornada de conhecimento. Equipe Psicanálise Clínica.

    2. Marcelo Guarnieri disse:

      Prezados, tenho adquirido conhecimentos muito interessantes e fundamentais para a vida. O IBPC é estruturado, organizado, didático e ético. E mais importante, está permitindo tornar a Psicanálise acessível às pessoas comuns…parabéns ao instituto, aos professores e colegas alunos!!!

    3. Parabéns a toda equipe, certamente estou realizando um sonho, espero está a altura desse curso. Tenho em minha mente que sempre estarei estudando e buscando novas informações para agregar ao meu conhecimento.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Muito obrigado, André. Conte conosco nesta jornada.

    4. Abraao Lyncoln Simas disse:

      Excelente artigo, muito bem exposto as etapas da terapia psicanalítica.

    5. Samuel Ferreira disse:

      Estou a cada, módulo fascinado com a Psicanálise, espero ajudar muitas pessoas com todo esse conhecimento do IBPC, Parabéns!

    6. Se você deseja ser mesmo um psicanalista clínico, faz parte de um de seu projetos de vida, então não há o que duvidar do referido curso e instituição. O curso oferece uma gama gigantesca de materiais complementares e suplementares, a fim de que sua formação seja rica em conhecimento e, é claro, estudar e estudar muito e sempre. Fica a dica. Quanto mais aprende mais quero aprender.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Nilson, obrigado pela gentileza de suas palavras.

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