exposição do corpo feminino

A exposição do corpo feminino como forma de empoderamento

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Hoje falaremos sobre a exposição do corpo feminino. Estamos na época de Carnaval, verão, calor. Período em que onde quer que se olhe, vemos corpos desnudos, a sensualidade parece mais aflorada, principalmente falando das mulheres que aparecem nas mais variadas mídias.

Os hits que tocam no rádio são perfomados por mulheres extremamente sexualizadas, com letras ainda mais explícitas, que em sua maioria pregam a liberdade em poder mostrar o corpo e falar (cantar) sobre sexo. Mas será que esta exposição é realmente aliada do feminismo? Ou será que estão alimentando os desejos do patriarcado, sem perceber?

A exposição do corpo feminino

Para tentarmos encontrar a resposta, vamos começar analisando o que a psicanálise diz sobre nossos corpos e o Poder. Freud, desde sempre, fazia uma grande conexão entre o falo e o Poder. Para ele, Falo era Poder. Inclusive, chegou a dar o exemplo de quando um menino na sua primeira infância se dava conta de que tinha algo a mais em seu corpo, e que as mulheres não tinham, ele se sentia melhor por isso.

Já uma menina, ao perceber esta diferença, pensava que havia algo faltando em seu corpo. Por causa deste conceito, Lacan disse uma de suas frases mais famosas e polêmicas: “A Mulher não existe”. Lacan gostava de pegar conceitos de Freud e esmiuçá-los de forma subjetiva.

Esta frase, interpretada de forma equivocada muitas vezes, ajudou a trazer uma reputação machista para a psicanálise. Mas na verdade, Lacan este raciocínio estava carregado de mensagens ocultas e era mais simples do que aparentava. Ele queria apenas dizer que o Homem tem o falo (um fato).

Exposição do corpo feminino: Falo é Poder, por ser algo a mais

Logo, se a Mulher não tinha um falo, então a Mulher não existe. Também contribuindo para que a psicanálise fosse considerada machista por muitos, Freud afirmou no início dos anos 1900 que a mulher madura deveria ter orgasmos vaginais.

Apenas mulheres imaturas teriam orgasmos clitorianos. Devemos levar em consideração o contexto científico da época para entender esta fala de Freud (que de fato, é um erro). O corpo da mulher teve descobertas muito importantes e básicas apenas nos últimos 20, como por exemplo, a anatomia completa do clitóris. Isso mostra também, que o prazer feminimo provavelmente nunca foi uma prioridade de estudo.

Uma prova disso é que a própria pessoa que descobriu toda a estrutura do clitóris foi Helen O’Connell, em 1998. A primeira mulher a se especializar em urologia na Austrália. Com o crescimento e popularização do movimento feminista, as mulheres aumentaram a necessidade de serem vistas, e parte disso consistia em mostrar que o corpo feminino existe e tem poder SIM.

A exposição do corpo feminino e a teoria de Freud

Para simplificar nossa reflexão, neste momento eu opto por não entrar no ponto dos corpos trans, pois aí seria uma reflexão ainda mais profunda! Sendo assim, considerando os Seios de um corpo feminino sis, ele tem tanto poder que chega a ser capaz de alimentar herdeiros da espécie.

Os grupos mais radicais do feminismo têm como tradição mostrar os seios em protestos, reforçando o poder que inegavelmente existe alí. Eles não buscam retirar o poder do Falo, mas sim, se igualar a ele. Mostrar que ao contrário da teoria de Freud, não falta nada alí.

Levando em consideração que as mulheres da nossa cultura pop que sustentam esta sexualidade como forma de empoderamento feminino são em sua grande maioria mulheres padrão (magras, jovens, etc), podemos nos questionar porque mulheres gordas ou mais velhas não se sintam confortáveis de protestar da mesma forma. Sim, tivemos algumas exceções, como Dercy Gonçalves, que mostrava sem pudor os seios condizentes com a sua avançada idade. Mas sabemos que esta não é a regra.

Conclusão

Se podemos perceber esta diferença de desprendimento entre mulheres padrão e as fora do padrão, a quem devemos culpabilizar por isso? Será que por trás desta necessidade de mostrar uma tal liberdade, não existe também um desejo de ser validada pelos homens?

Minha opinião final é que este nudismo é benéfico para a comunidade feminina apenas de forma situacional. Ouso dizer, que em situações específicas. O nudismo e sensualidade gratuita, sem um propósito ou alvo definido, tendem a servir apenas como exposição para deleite masculino.

Se a mulher estiver consciente disso, não há problema nenhum. Ela de fato deve ter o direito de se manifestar da forma que quiser e se sentir segura para tal. Mas deve-se entender que as palmas recebidas pela atriz magra, branca, no alto dos seus 20 e poucos anos que exibiu os seios em um protesto, infelizmente não são palmas para todas as mulheres.

O feminismo

E um feminismo que se dirige a apenas um pequeno nicho, não é um feminismo eficiente. Enquanto corpos fora do padrão ainda forem hostilizados e desprezados por estarem minimamente visíveis, o nudismo das Anittas da vida não terá cumprido seu papel por completo, e ainda teremos que buscar outras alternativas para validar a liberdade de todas.

Artigo escrito por Joanna Ferrari Alves. Psicanalista (IBPC), Terapeuta de Família e Casal (ITF-MG). Instagram: @joanna.psicanalista

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