Hoje falaremos sobre Hurricane. No dia 8/12/2009 era lançado o álbum This Is War (VIRGIN RECORDS/EMI MUSIC), 3º álbum de estúdio da banda 30 Seconds To Mars; sua 6ª música, Hurricane, entraria para a história como dos clipes mais polêmicos da época, sendo massivamente censurado na TV estadunidense, assim como em outros meios de comunicação.
“A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.” – Oscar Wilde
Sobre Hurricane
Jared Leto sempre foi uma figura controversa, como cantor, ator e afins; sob o pseudônimo de Bartholomew Cubbins, dirigiu o clipe de Hurricane. Através de takes noturnos, locais desertos pela cidade de Nova York e conteúdo parafílico, este trabalho se comunica através da perversão, divide-se em 3 capítulos (Birth – Life – Death), faz inúmeras referências transgressoras e é impiamente sexual.
Por mais que alguns trabalhos pareçam difíceis de decifrar, a arte é sempre subjetiva, nunca conseguimos ter todas as respostas, se algo nos for objeto de análise hoje, amanhã quando analisarmos novamente, com certeza captaremos algo diferente, enquanto espectador e artista, a arte é um eterno ponto de vista, repleta de signos e significações.
“Isto não é realidade, Isto é um sonho.”
O perverso é entendido como alguém que foge da relação sexual “normal”, com certos desvios, que têm sua satisfação vinculada a outros objetos sexuais, outras zonas ou situações externas.
Na perversão, repousa o “lado negro” da sexualidade, limites que pessoas comuns geralmente impõem em suas formas de se relacionar, para o perverso são apenas detalhes, dependendo de qual for seu tipo de perversão, será mais fácil, ou difícil encontrar o par perfeito para a satisfação.
Hurricane e limites
O não prazer pelo dito comum, talvez seja o melhor jeito de definir esta organização psíquica, o sujeito precisa necessariamente seguir certos ritos para conseguir obter prazer, não comandado pelas amarras morais da sociedade. A Perversão divide-se em três tipos principais, o fetichismo, o sadismo e o masoquismo.
“Abandone seus sentidos ao prazer. Que ele seja o único deus a governar sua existência; Somente a ele uma jovem deve sacrificar tudo, E que ela não julgue nada mais sagrado que o prazer.”
O clipe de Hurricane
No clipe de Hurricane vemos diversos ambientes que antes seriam preenchidos por pessoas comuns, agora, com pessoas excentricas. Repleto de simbolismos, o clipe nos transporta para um universo paralelo, já no começo, temos Jared Leto sendo confrontado pela somnofilia* , em seguida, Tomo Miličević presencia uma cena sádismo (perversão caracterizada pela obtenção de prazer sexual com a humilhação ou sofrimento físico do outro), e assim, diferentes parafilias se repetem durante todo o clipe.
* O clipe é uma metáfora, Shannon Leto fica preso à algemas, e com uma chave dada pela pessoa que é o objeto de seu desejo, consegue se libertar. A cada esquina temos diferentes fetiches, retratados não por um olhar julgador, mas por uma visão fiel do sujeito quanto ao que ele sente em relação à sua prática.
Quando temos uma visão julgadora, automaticamente nos usamos como objeto de comparação, envoltos com um véu moralista, cheio de pudor, sem levar em conta que em algum ponto, todos nós já tivemos, ou ainda temos traços perversos.
Desejos obscuros
No meio de tantos desejos obscuros, alguns elementos destoam, figuras religiosas queimam bíblias, caixões com bandeiras americanas são expostos em locais públicos, crianças escrevem frases nas ruas, existe todo um simbolismo de transgressão.
Por mais que o clipe seja retratado como um sonho, o signficado do sonho pode ser relacionado com o poder de viver todas as perversões que o sujeito tem inclinação.
A falta de pessoas e seus olhares julgadores, os personagens saberem exatamente a qual lugar ir, e estarem próximos de pessoas que podem os satisfazer. Como uma das características da perversão, a maior parte dos perversos têm desejos que não podem ser realizados sozinho, precisam do outro, de uma segunda pessoa para que possam chegar ao ápice de sua volúpia.
Conclusão sobre Hurricane
Durante a trama, os personagens (integrantes da banda 30 Seconds To Mars) são perseguidos e lutam contra homens mascarados, entre as cenas, de relance, vemos pessoas nuas demonstrando prazer com hefefilia (couro), algolagnia (dor na região íntima), asfixiofilia (asfixia erótica), salirofilia (saliva), autoginefilia (homem com atributos femininos) e etc, a luta pode ser vista como uma tentativa de abraçar seus desejos, os homens mascarados são a incapacidade de poder viver àquilo que desejam de fato viver, o impedimento entre o objeto de desejo e quem o deseja.
“Esses prazeres violentos tem fins violentos, E morrem em seu triunfo, como o fogo e a pólvora, Que, ao se beijarem, se consomem. O mais doce mel repguna por sua própria doçura, E seu sabor confunde o paladar.” William Shakespeare
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Artigo escrito po Luiz, estudante de Psicanálise e amante da cultura pop.