Neurose e Psicose: Conceito e Diferenças

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O que são neurose e psicose? Quais as diferenças e aproximações? Neste breve resumo, vamos conhecer a perspectiva da psicanálise sobre neurose e psicose, desde a contribuição de Freud.

De um modo geral, a psicose se diferencia da neurose por apresentar-se com mais intensidade e também por ser incapacitante. Historicamente, a psicose também foi denominada de loucura.

Ainda hoje, em termos jurídicos, por exemplo, a psicose é reconhecida como um transtorno mental grave, que impede que os indivíduos possam gerir seus próprios negócios.

A diferenciação entre a psicose e a neurose não é unânime entre os terapeutas psicanalistas. Para alguns, trata-se apenas de diferenças de intensidade dos sintomas, para outro tanto, há diferenças fundamentais ente as psicoses e as neuroses.

Conceito de Psicose

A perda do controle voluntário dos pensamentos, emoções e impulsos é a principal característica da psicose. O comportamento psicótico apresenta dificuldades de traçar diferenciação entre a realidade e a experiência subjetiva. Neste caso, fantasias e realidade se confundem, podendo a realidade ser substituída por delírios e alucinações.

Neste tipo de psicopatologia, ocorre uma aceitação do estado psicótico por parte do paciente. Embora possa não entender que exista algo de errado com ele. A capacidade de relacionamento emocional e social do individuo é afetada, ocorrendo uma marcante desorganização da personalidade.

Nos últimos anos, uma grande quantidade de estudos buscam identificar relações entre a ocorrência da psicose e outros fatores, como idade, sexo e ocupação. A princípio, ficou demonstrado que há uma grande variação de idade em relação à manifestação da psicose (acometendo pessoas de diversas idades).

Além disso, as manifestações psicóticas podem ser verificadas em todos os tipos de ocupações, sem uma ocorrência específica em uma determinada área. Também é comum encontrar manifestações psicóticas em todos os grupos étnicos e raciais. Sendo que as manifestações psicóticas ocorrem duas vezes mais em pessoas que vivem em áreas urbanas que pessoas que vivem em áreas rurais.

Conceito de Neurose

Com relação às neuroses, tem que esta psicopatologia não se manifesta por meio de uma ruptura com a realidade. Estados neuróticos incluem fobias, obsessões e compulsões, alguma depressão e amnésia. Para um grupo importante de psicanalistas, a neurose pode ser identificada como:

  • a) um conflito interno entre os impulsos do Id e medos gerais do superego;
  • b) a presença de impulsos sexuais;
  • c) a incapacidade do ego através da influência racional e lógico para ajudar a pessoa a superar o conflito e
  • d) a manifestação da ansiedade neurótica.

Nem todos os analistas, como destacado corroboram estas afirmações. Alguns seguidores de Sigmund Freud tornaram-se dissidentes dos seus ensinamentos devido à importância atribuída aos fatores sexuais.

Diferenciando Neurose e Psicose, entre neurótico e psicótico

Ambas são transtornos mentais que podem causar sofrimento psíquico. Entretanto, há diferenças significativas entre os dois transtornos.

  • Neurose: sintomas emocionais ou comportamentais originários de conflitos existenciais ou traumas. São conhecidas formas de neurose: ansiedade, angústia, depressão, medo, fobia, mania, obsessão e compulsão. Na neurose, a pessoa não perde o vínculo com a realidade. O sofrimento vem exatamente porque a pessoa se sente dividida. Assim, ela consegue de certa forma se “olhar de fora”, e a terapia psicanalítica tende a funcionar melhor o neurótico do que o psicótico. Ou seja, no neurótico, o ego ainda tem um funcionamento relativamente saudável, sendo possível buscar as causas angustiantes ou ansiosas, mesmo que esses sintomas sejam desagradáveis.
  • Psicose: a pessoa perde o contato com a realidade exterior. Os dois grandes grupos psicóticos de manifestação são a esquizofrenia e a paranoia. O psicótico pode ter alucinações, delírios, sensação de que está sendo perseguido, pensamento desorganizado, comportamento social excessivamente incompatível. Há também um maior prejuízo funcional quanto ao convívio social, ocupacional e interpessoal. A pessoa pode acreditar em coisas que não são verdadeiras ou ver, cheirar, ouvir coisas que não existem.

Embora as neuroses e as perversões sejam estruturas psíquicas mais “tratáveis” em psicanálise, há psicanalistas que também veem a efetividade da psicanálise no tratamento com psicóticos. Neste caso, de certa forma, é preciso que o psicanalista “entre no jogo” das representações do psicótico. Pois o psicótico pode não perceber que está em terapia e não terá um “olhar de fora” que lhe permita refletir sobre sua condição.

Outros Aspectos para o surgimento da Neurose

Alfred Adler, por exemplo, defendeu que as neuroses surgem a partir de sentimentos de inferioridade. Tais sentimentos surgiriam na infância, quando as crianças apresentam baixa estatura ou incapacidade de se defender.

Também é comum que médicos encontrem explicações bioquímicas para a ocorrência das neuroses. Pesquisas recentes demonstram que os medicamentos barbitúricos possam estar associados à produção de substâncias inibidoras das atividades do cérebro.

Atualmente, o termo neurose não é mais utilizado para designar este tipo de psicopatologia. Para a identificação destes transtornos, são utilizados por exemplo termos como Transtornos de ansiedade. Estre grupo de doenças, define os estados de apreensão, o temor da incerteza com relação a uma situação real ou não. Dentre os sintomas mais comuns, destacam-se a falta de ar, palpitações, batimentos cardíaco acelerado, sudorese e tremores.

Transtornos Neuróticos relacionados à Ansiedade

Em linhas gerais, passemos a ver as subdivisões deste grupo de transtornos:

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    Fobias

    Dentre as fobias, a mais comum é a agorafobia, que é comumente expressa como um temor de sair de casa. Este tipo é o mais comum entre pessoas que buscam tratamento. Também podem ser observados os tipos denominados de fobia social e fobia simples, representado um um medo persistente e irracional.

    Transtorno Obsessivo-Compulsivo TOC

    O TOC é a sigla para Transtorno Obsessivo-Compulsivo. As obsessões mais comuns se concentram em torno da violência. Também é comum que os obsessivos-compulsivos desenvolvam o hábito de contagem (contar etapas, eventos, figuras, papel de parede), de lavar as mãos ou de tocar objetos (todos os móveis em uma sala ou todos os itens de um armário).

    Geralmente, adultos obsessivos-compulsivos tentam resistir a estes sintomas, compreendendo o quão pouco sentido apresentam.

    Transtorno de Estresse Pós-Traumático TEPT

    O TEPT ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático geralmente manifesta-se como o efeito tardio de algum evento traumático. Quando estes sintomas persistem, conclui-se tratar de estresse pós-traumático, um transtorno comum entre os veteranos de guerra e entre sobreviventes de sequestro ou de desastres naturais.

    Transtorno de Ansiedade Generalizada TAG

    A TAG ou Transtorno de Ansiedade Generalizada é um tipo de ansiedade persistente, que mantém-se ao longo de um mês, por exemplo. Dentre os sintomas mais comuns estão a instabilidade, medo, sudorese, boca seca, insônia, falta de atenção.

    Conclusão

    Para finalizar, podemos então dizer a neurose a a psicose apesar de serem duas condições que se oriundam da mente, possuem suas diferenças. Porém, ambas necessitam de tratamentos.

    O mais importante a destacar com relação às neuroses e psicoses é que o sofrimento é real e, não raro, exigem o suporte de uma psicoterapia para dar suporte ao paciente, ajudando-o a ter uma vida o mais normal possível.

    11 thoughts on “Neurose e Psicose: Conceito e Diferenças

    1. MOISES ANTONIO DE ANDRADE disse:

      Incrivel, encantado; que artigo maravilhoso. Tão simples, porém esclarecedor….

    2. Neila Corrêa disse:

      Texto muito bem sintetizado, claro, bem escrito e explicado.

    3. Mizael Carvalho disse:

      Excelente artigo! Enquanto o psicótico, vive fora da realidade, o neurótico, vive a realidade do sofrimento e da dor. E E as duas doenças são proveniente da mente.

    4. Samuel Ferreira disse:

      Parabéns a equipe da Psicanálise Clínica, a cada módulo do curso e os artigos, tem deixado cada vez mas interessado pela Psicanálise!

    5. Ótimo artigo.
      Poderia informar o nome do (a) autor (a) desse artigo.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Dayse, obrigado por sua mensagem. No final do artigo, quando não constar os dados de autor, a autoria é atribuída ao site PSICANÁLISE CLÍNICA (nossa equipe de redatores).

    6. Mariana Mesa disse:

      Excelente artigo, parabéns! Muito esclarecedor.

    7. Gosto muito dos seus artigos e inclusive de usá-los em trabalhos. Porém, faltam dados como data, nome do autor. Se puderem fornecer esses detalhes será ótimo. Muito obrigada!

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Marcia, obrigado pelo apontamento. Para alguns textos, o nome do autor está ao final da leitura. Para outros, não trazemos a autoria, porque são construções da equipe do nosso Instituto. Na medida do possível, iremos atualizando os textos, com informações de autoria, bibliografia etc.

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