Falaremos sobre Psicoterapia Preventiva, abordando sua aplicação no Século XXI. Como o mau uso das Mídias Eletrônicas se relacionam a este tema?
Entendendo a psicoterapia preventiva
É possível elaborar um modelo de psicoterapia ou terapia preventiva, ressignificando o mau uso das mídias eletrônicas frente a realidade do mundo globalizado?
O século XXI tem revelado um fenômeno capaz de fragmentar a identidade social e cultural dos povos, além da forte tendência para sabotar o projeto de vida. Quais são as causas desse fenômeno?
O Autor desse artigo Raimundo Lima aplicou durante o segundo semestre de 2022, 40 entrevistas anônimas com pessoas em processo de psicoterapia, em uma Associação Comunitária de Fortaleza – Ceará / Brasil. Levando em conta: idade; grau de instrução; etnias e condição social.
Anamneses sobre psicoterapia preventiva
Selecionei (40 Anamneses) com queixa principal voltada, para:
– compulsão por mídias eletrônicas;
– dificuldade de concentração;
– comprometendo a aprendizagem e o projeto de vida;
– relatos de violência ou
– descaso com a própria vida.
Elaborei com base nas anamneses (5 perguntas), com respostas:
a) SIM;
b) NÃO;
c) TALVEZ;
d) NÃO SEI RESPONDER.
Com uma única opção de escolha para cada questionamento.
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Desenvolvimento do método no estudo da psicoterapia preventiva
O resultado das investigações revelaram um percentual de (95% a 100%). Confirmando que o tema poderá deflagrar uma nova pandemia. Apreciação dos resultados por breves comentários:
– As mídias eletrônicas no século XXI têm em parte conduzido às pessoas vulneráveis para a dependência compulsiva em tecnologias eletrônicas; desenvolvendo atitudes destrutivas, a ponto de recorrer à pornografia virtual, ou a desrespeitar os demais usuários das redes sociais e familiares com críticas invasivas e atitudes de violência sem medir as consequências, etc.
→ Resultado: 95% dos entrevistados assumiram essa prática.
– Outras justificativas (assumidas pelos participantes):
– a tela do celular exerce uma espécie de espelhamento, promovendo uma fuga prazerosa que causa dependência e sofrimento; capaz de eliminar o projeto de vida, além destruir as referências de família e de mundo
→ Resultado: 98% confirmou que SIM.
Informações teóricas
Buscando informações teóricas sobre a palavra (‘espelhamento’) verifiquei que esse modelo de comportamento difere completamente da realidade descrita pelos psicanalistas: Françoise Dolto e J.D. Nasio, na obra “A criança do Espelho” (2008). Reflexão: aqui não se está falando do espelho na qualidade de objeto transacional (segundo Dolto), ou ainda, da decodificação da imagem não como uma explicação dirigida à criança (segundo Nasio).
Pelo contrário: trata-se de um novo modelo de espelhamento; confirmando que as mídias eletrônicas podem causar dependência e desorganização psicossocial em pessoas vulneráveis. Concebe-se que a globalização tende negar a identidade do “eu”, negligenciando a existência da representação do coletivo. Contudo, os valores que norteiam a estabilidade psicossocial são: Quem sou eu? De onde eu vim? E qual o meu lugar no mundo?
→ 100% dos participantes não conseguiram responder a esses três questionamentos. Confirmando que estes precisam com urgência de cuidados psicoterapêuticos, juntamente com sessões complementares de psicopedagogia Institucional e Clínica.
Psicanálise, psicoterapia preventiva
A revelação maior se deu quando 100% dos entrevistados declaram que, (na maioria das vezes) só se procura os profissionais de psicanálise ou outras linhas de intervenções psicológicas, quando se instala a grande crise. Em psicanálise a grande crise, significa: a explosão dos conflitos psicológicos adoecendo o corpo e a alma. Com isso, se instalam as psicossomáticas, juntamente com o distúrbio de caráter, abrindo margem para uma nova pandemia.
Segundo o dicionário de Psicopedagogia e Psicologia Educacional de Brunner e Zeltner (2002, p. 218) – “Psicossomática” significa:
– Ciência e prática médico-psicológica que supõem uma série de enfermidades físicas (somáticas) que se relaciona com a causa concomitante de caráter prevalentemente psíquico.
O mau uso das mídias
Diante dessa definição constata-se que o mau uso das mídias eletrônicas na realidade do século XXI, assume uma qualidade de síndrome que afeta: qualquer etnia ou classe social. Todavia, esse tema merece a preocupação da classe acadêmica e da sociedade de um modo em geral.
Cabendo aqui a máxima freudiana (que se tornou um dito popular), quando a cabeça não pensa, o corpo padece. O que fazer para reorganizar e equilíbrio biopsicossocial nos tempos pós-modernos?
Primeiro: (independente de uma constatação psicopatológica), se toda e qualquer pessoa tivesse um encontro preventivo com um psicoterapeuta, principalmente na fase que delimita a primeira infância; com certeza, as mídias eletrônicas assumiriam quão somente o seu útil papel de ferramenta tecnológica construindo somente o bem.
Qual a solução para controlar ou evitar as dependências?
Se as terapias preventivas tivessem o lugar definido nesse terceiro milênio: bastaria averiguar se as tópicas freudianas estão de acordo história de vida de cada criança; caso fosse detectado algo, em poucas sessões o caso seria revertido.
Segundo a teoria de Freud, a personalidade se fundamenta na primeira infância nas fases: oral, anal e fálica (de 0 a 3 anos). No final da primeira infância se instala o período de latência em conformidade com o que foi vivenciado nas fases: oral, anal e fálica.
Conclusão: sobre os resultados da pesquisa e a relação com psicoterapia preventiva
Toda pessoa que cumpre a primeira infância livre de qualquer resíduo traumático severo estará pronta para representar com qualidade o seu ser no mundo e nas coisas superando as armadilhas que desorganizam o comportamento psicossocial.
Recorro aqui às máximas criadas pelo fisiologista russo Pavlov, pai do condicionamento clássico. Segundo Pavlov: já que o comportamento é visível e pode ser medido, ao contrário do pensamento que se dá na ordem da subjetividade. Ainda, segundo Pavlov: É com ênfase nos reflexos, que são nada mais do que a resposta automática aos estímulos do ambiente que nos rodeiam.
Isso só vem confirmar a minha investigação sobre psicoterapia preventiva: está abrindo caminho para uma nova abordagem do fazer terapia alinhada com a educação.
Psicologia e educação
No meu entendimento de pesquisador e ensaísta em psicologia e educação: a contribuição de Pavlov continua atualizada, e vem contribuir com esse tema aqui em apreciação. Principalmente, quando é complementada pela contribuição epistemológica de Vygotsky (também russo), com o seu ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal.
O segredo do ZDP é tirar vantagens das diferenças, e apostar no potencial de cada aluno sem perder o foco da aprendizagem que acolhe a interação social entre a escola e a comunidade na qualidade de pertença construtivista. Esta máxima vem responder o meu posicionamento, sobre: Quem sou eu? De onde eu vim? Qual o meu lugar no mundo?
Em outras palavras, é o resultado da autonomia psicossocial construindo aprendizagens remetidas ao significado do aprender a aprender. Essa realidade se dá por um espelhamento sustentável, onde EU e o OUTRO fortalecemos o social sem perder o respeito e a individualidade.
A psicoterapia preventiva e adversidades
Esses valores podem e devem fazer parte da psicoterapia preventiva dialogando com a educação por uma estrada de mão dupla. É aqui que nasce a pertença da comunidade assimilando as linguagens e as representações nos movimentos positivos e negativos do mundo.
Por isso continuo insistindo: se toda pessoa habitante do planeta terra tivesse oportunidade de experimentar na infância, uma educação informal e formal de qualidade, realinhada com a psicoterapia preventiva (mesmo que fosse uma vez por mês). Ela estaria com certeza, pronta para desbravar a vida e vencer as adversidades de forma positiva.
Segundo o antropólogo e educador Darcy Ribeiro: só se faz oito anos uma vez na vida. Ou o mundo oferece escola de qualidade, ou se constrói presídios. Para evitar o caos psicossocial, recomendo com urgência: terapias preventivas e educação de qualidade.
Uma síntese reflexiva
Constata-se nesse artigo, que: as adversidades não causariam tantos danos psicossociais; e com certeza, a adolescência seria realmente, a fase mais louvável para se construir conhecimento com significado de equidade, ou seja, sabendo o real significado dos seus direitos e deveres em qualquer idade.
Convida-se a todos para fortalecermos a possibilidade de ampliar este assunto com profissionais afins, incluindo toda comunidade que acredita na prevenção como um caminho sustentável para se construir um mundo melhor para todos. Prevenção é tudo!
* Lembre-se: acaba de nascer a semente da Psicoterapia Preventiva no Século XXI: Ressignificando o Mau Uso das Mídias Eletrônicas.
Este artigo sobre psicoterapia preventiva foi escrito por Raimundo Nonato Lima ([email protected]) – Pedagogo, Psicopedagogo, Psicólogo, Psicanalista, Arteterapeuta, Doutor em Psicologia Social e Pós Doutor em Linguagens e Representação… (Pela Universidad Kennedy de Buenos Aires).