sociedade em transformação

Sociedade em transformação e a repressão como mecanismo de defesa

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Entenda o nosso inconsciente segundo a psicanálise e a sociedade em transformação.

Didaticamente, segundo Freud, para compreender melhor a mente humana, essa foi comparada a um iceberg onde maior parte submersa refere-se ao nosso inconsciente, uma área inexplorável, oculta. Somente a ponta representaria nosso consciente.

Segundo a psicanálise nosso inconsciente possui ideias, impulsos inoportunos, indesejáveis, nele habita nossos erros, falhas, esquecimentos, sonhos, amores. Local de desejos, recordações, emoções dolorosas, que não conseguimos dominar; são processos mentais que ocorrem e nem percebemos é aleatório a nossa vontade, inacessíveis para a razão.

Freud, o inconsciente e sociedade em transformação

Freud não inventou o conceito de inconsciente, mas foi o primeiro a concebê-lo como uma instância psíquica de muita importância, que ultrapassa o eu. O inconsciente é a base onde se fundamenta os aspectos teóricos da psicanálise.

Esse inconsciente foi demonstrado por Freud (1856 – 1939) através de estudos práticos, onde ele procurou desvendar esse mundo oculto trazendo para realidade os conflitos, repressões. Ele dedicou sua vida a estudar e divulgar essas hipóteses e obteve sucesso em boa parte de suas análises quando livrou seus pacientes de dores e apegos inexplicáveis para a consciência.

Destacamos aqui dois livros de Freud onde esse tema é desenvolvido “Psicopatologia da vida cotidiana” e “A Interpretação dos sonhos”, (1901 e 1899).

Repressão um mecanismo de defesa da dor

Existe uma relação no quanto é possível lembrar algo e quanta dor essa coisa provoca, isso se chama repressão, que é um mecanismo de defesa da dor que envolve a retirada de pensamentos incômodos da mente consciente.

O nível de esquecimentos na repressão pode ser temporário ou passar por um elevado grau de amnésia, onde os eventos traumáticos que ocasionaram a ansiedade são enterrados profundamente.

Memórias reprimidas não desaparecem, pode ter efeito acumulativo o que gera mais tarde ansiedade ou comportamento disfuncional. Ex. Uma criança que é abusada por um dos pais, mais tarde não tem lembranças dos acontecimentos, mas tem problemas para formar relacionamento.

Sociedade final século XIX e início século XX e a sociedade em transformação

Final do século XIX e início do século XX havia uma sociedade capitalista de produção, na qual, prevalecia sacrifício, renúncia ao prazer e o trabalho eram a prioridade para mais tarde já na velhice poder ser feliz.

A humanidade passa por um processo de evolução sem precedentes, o desenvolvimento tecnológico e da produção cria condição para eliminar a escassez da humanidade como um todo, dando ao homem, excelência em áreas nunca experimentadas. Um novo tempo surge finalizando um período de epidemias, escassez de alimentos, miséria generalizada, guerras.

Em contrapartida, nesse processo de socialização da modernidade, há um aumento exagerado da repressão e, contraditoriamente, uma fragilização moral entre as pessoas, nas relações sociais e na composição psíquica.

Sociedade século XXI e a sociedade em transformação

No século XXI surge uma nova geração onde o prazer é viver o agora, consuma hoje e seja feliz, você tem direito, você merece. Vivemos em uma época em que a imposição aos prazeres se faz presente, a imagem fala mais que mil palavras, o intangível, virtual são a nova realidade do século XXI.

Narcisismos em todas as suas formas imperam em nosso mundo contemporâneo, estar feliz é fundamental para sobrevivência dos relacionamentos, tristeza não existe é “proibido”.

Estamos robotizados, a self da alegria é o que importa, mesmo que atrás dela prevaleça o consumo de substâncias químicas, os famosos antidepressivos.

A transformação tecnológica, liberdade, facilitou a vida psíquica do indivíduo?

Para Freud, a subjetividade é constituída pelo consciente e pelo inconsciente, cada uma dessas instâncias psíquicas é regida por suas próprias leis. Podemos então concluir, se a subjetividade no período freudiano provinha de uma sociedade repressora que causava o recalque e a culpa, gerando indivíduos neuróticos, hoje ela tem sua base nos excessos sociais que trazem a recusa e o gozo, fazendo surgir os perversos.

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    Um tempo de muitas informações e transformações, a clínica sofre as conseqüências dessas mudanças e o psicanalista, assim como o fez Freud, tem de estar atento a esse novo tempo. Assim, não importa o tempo, todo contato cultural, civilizatório, gera novas pressões, a lógica é essa: não existem novos mecanismos de defesa, mas se tem novos objetos que fazem com que esses mecanismos de defesas se adaptem.

    Hoje nossa cultura está muito resistente, muitos gostos, desejos, informações em tempo real, pressão aumentou, mundo na palma da mão, nasce uma sociedade perversa, narcisista, individualista, o “ser” deixa de existir para dar lugar ao “ter”. O diferente precisa ser eliminado. Perigo! As pessoas perdem a referência existencial, estão confusas, sem identidade.

    Como a psicanálise pode ajudar?

    A psicanálise trouxe à luz uma série de indagações psíquicas que precisavam de respostas, o que fazer quando o que não faz sentido, o insuportável não pode mais ser desconsiderado. As mulheres histéricas do século XIX apontaram, com sua doença, as máscaras daquela sociedade, hoje os pacientes com seus sintomas, nos conduzirão aos novos caminhos que a psicanálise terá de seguir.

    O sintoma precisa ser eliminado, existe um corpo estranho gerando conflitos intoleráveis com o “eu” que precisa de ajuda. Se alguma coisa não está na consciência é porque dói demais, induzir o indivíduo a ter condições de enfrentar esses gigantes, decompor os entraves através da análise é o caminho para cura.

    Existe uma força interior que precisa ser encontrada e equilibrada, uma nova atitude mental pode conduzir a novas aberturas para que o indivíduo compreenda suas perturbações psíquicas, e a partir dessas novas descobertas ocorram então formas de se obter saúde psíquica. Muito a se fazer ainda!

    O presente artigo foi escrito por Denise Cristina Bento Fernandes([email protected]). Historiadora.

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