50 Tons de Cinza: Uma análise do filme

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O cinema se tornou palco de diversas adaptações que deram uma visão própria para as histórias já contadas em livro. Um desses projetos foi o filme 50 Tons de Cinza, que carrega uma bagagem mais profunda do que parece.

Confira uma análise do filme e entenda como cada peça encaixa ali!

Enredo de 50 Tons de Cinza

Anastasia Steele é uma jovem universitária ingênua e bastante simples. Uma amiga acaba ficando doente e para salvá-la de perder seu trabalho, acaba viajando no lugar dela para uma entrevista.

A ideia era entrevistar um jovem e rico empresário, chamado Christian Grey, para a faculdade. Entretanto, sem que perceba, o rapaz carrega alguns segredos.

Contudo, Christian mostra um interesse na jovem e acaba a encontrando em seu trabalho. O mesmo aceita participar da sessão de fotos proposta por ela, mas estranhamente a deixa sem mais após um encontro.

Posteriormente, da mesma forma que foi, acaba voltando e a salvando de um assédio que quase se concluiu.

Com o passar do tempo, a dupla acaba ficando mais íntima e Anastasia assina um termo para que a relação permaneça sigilosa. É somente neste ponto que o rapaz revela seu contato com o sadomasoquismo, transformando a perspectiva da jovem comportada.

O contrato assinado acaba sendo abalado por conta do conflito que Christian carrega.

A submissão de Anastasia

Anastasia assume uma postura clara do ente feminino objeto de dominação. Dada à sua curiosidade, a mesma acaba intrigada pelo comportamento de Christian, se submetendo ao que exige para uma relação.

Contudo, a jovem representa tudo o que é oposto a Christian. Ela é inocente, imagina o amor de forma doce e sensível, ao contrário do rapaz.

Enquanto Christian exerce seu controle sobre ela, pouco a pouco Anastasia vai saindo de sua zona de conforto. Entretanto, o que a mesma espera de um relacionamento é algo que ele não pode entregar.

Gradativamente, é justamente essas disparidades que os separam. Dada à forma como enxerga as mulheres, ele passa a invadir o espaço da jovem.

Mesmo que Anastasia se esforce para entendê-lo, Christian continua se separando dela emocionalmente e sem razão. Como não procura apenas prazer no sexo, a mesma conclui que nada frutífero poderá sair daquele contato.

Percebendo que é vista nada mais como alguém a servir, decide se afastar e ir embora, abandonando o rapaz.

A figura implacável de Christian Grey

Em 50 Tons de Cinza, fica evidente que Christian representa a força avassaladora na empresa e na sua vida pessoal. Claramente, a autoridade que este carrega fora responsável pelo seu sucesso tão precoce na vida profissional.

Dessa forma, com o controle excessivo, ganhou renome no mercado financeiro. Entretanto, esse mesmo controle a sua vida pessoal e afeta seus relacionamentos.

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    O problema se encontra na aparente incapacidade de se ligar emocionalmente com alguém.

    A resposta está no afastamento da mãe, viciada em drogas e falecida precocemente. Christian iniciou sua vida sexual aos 15 com a amiga da mãe adotiva.

    Fica evidente que seu excesso de autoridade está ligado com a falta de sua mãe biológica. Com isso, qualquer relacionamento e contato social remete às emoções que a mãe morta evocou.

    Dessa forma, se apoia no sadomasoquismo para controlar qualquer figura feminina que encontre. Além disso, seu sofrimento está ligado a uma culpa infantil.

    O relacionamento

    Podemos notar em 50 Tons de Cinza que o comportamento abusivo de Christian se deve à perda da sua mãe.

    Relembrando o Complexo de Édipo, o jovem tenta recriar a imagem dela nas mulheres com quem se relaciona.

    Entretanto, isso mistura o amor que procura com a raiva que sente. Consequentemente, se isola, tomando uma postura bem arrogante.

    Dada à forma como se comporta, acaba criando um padrão que se resume em:

    Arrogância

    Por conta de sua inteligência, algumas pessoas acabam nutrindo uma arrogância natural na fala e comportamento. Para Christian, a arrogância serve para projetar a sua presença nas mulheres, as intimidando.

    É uma forma de subvertê-las à sua vontade. Com isso, fica mais fácil fazer com que cumpram suas necessidades e desejos.

    Antissocial

    Por conta da culpa que sua mente infantil alimentou, ele evita se aproximar das pessoas. Esse trauma acaba por impedir que novas frustrações aconteçam, caso aproximações mais íntimas surjam.

    Mesmo com toda a postura rígida e até rude que carrega, o mesmo continua com as mesmas rachaduras de antes.

    Relutância ao “não”

    Gradativamente, Anastasia encontra sua voz e começa a se impor sobre Christian, evitando que este a domine por completo.

    Mesmo com toda a criação que teve, há um lado imaturo que reluta contra isso.

    Basicamente, Christian não sabe receber um “não” como resposta.

    Consequências desse toque

    Graças à incapacidade de escolher a mudança em prol dos dois, Christian é abandonado no fim de 50 Tons de Cinza. Isso porque Anastasia percebeu que nada poderia crescer naquela relação se o amado continuasse do jeito que é.

    Se nós trouxermos esse comportamento ao mundo real, certamente um indivíduo acabará:

    Inseguro

    Devido à vontade em exercitar o excesso de controle, caso isso seja tirado, alguém se sentirá inseguro e desprotegido. A exemplo do exagero de Christian, este precisou de um contrato para se sentir bem e em posicionamento adequado.

    Contudo, se isto fugir do controle, a insegurança tomará conta de sua vida.

    Isolamento

    Nem todos partilham da sensação em sentir prazer como Christian acredita e exerce. Como não entende que cada um possui limites, o mesmo acaba sendo isolado dos demais.

    Assim que sua concepção passa a ser quebrada, ele se sente sozinho e sem ninguém a quem recorrer. Ficar sozinho se torna uma proteção.

    Emocional abalado

    Ainda que fique subjetivo, Christian se educou emocionalmente a ser frio, dominador e calculista. Por outro lado, Anastasia representa todo o oposto desse comportamento.

    Quando se pensa em um futuro com ela, Christian acaba entrando em conflito com o seu passado.

    Como foi programado a ser assim, a jovem acaba quebrando esse lado rústico e provocador dele. Consequentemente, isso acaba torturando o rapaz, que não sabe o que fazer.

    Considerações finais sobre 50 Tons de Cinza

    Mesmo tendo uma recepção mista por parte da audiência, 50 Tons de Cinza é uma mapa interessante da mente humana. O longa exemplifica claramente o poder do trauma na vida de uma pessoa e como isso molda a sua personalidade.

    Dessa forma, temos exemplificado os gatilhos que movimentam as ações extremas de uma pessoa.

    Todavia, cabe ressaltar que um mesmo trauma pode gerar consequências diferentes a depender da pessoa. Isso varia de acordo com o seu histórico de vida e experiências que cultivaram enquanto cresciam.

    Mesmo assim, 50 Tons de Cinza serve de parâmetro inicial para refletirmos sobre a fragilidade humana diante de eventos inevitáveis e naturais.

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    O autoconhecimento limpará aspectos superficiais que impedem uma abordagem mais profunda da vida. Enfim, caso tenha gostado deste post sobre 50 Tons de Cinza, não deixe de compartilhar com seus conhecidos e amigos!

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