Hoje entenderemos a relação entre apoio e individualidade. A terapia de casal surge como uma ferramenta poderosa para fortalecer relações, mas um dos grandes desafios está em encontrar o equilíbrio entre oferecer apoio ao parceiro(a) e preservar a própria individualidade.
O apoio e individualidade
Esse equilíbrio é fundamental, pois o desejo e a atração que mantêm uma relação viva e saudável dependem, em grande parte, de uma dinâmica onde exista admiração mútua e respeito pelas diferenças.
Muitas vezes, no esforço de apoiar o parceiro, podemos correr o risco de nos anular ou de cair no sacrifício excessivo. A longo prazo, isso pode gerar um padrão de dependência emocional ou autossabotagem, minando o desejo e transformando o relacionamento em algo mais próximo de uma fusão de identidades.
No entanto, um relacionamento saudável não significa abrir mão de quem você é, mas sim encontrar formas de crescer juntos enquanto mantém sua própria essência.
A terapia, o apoio e individualidade
Na terapia de casal, especialmente no formato breve, que geralmente dura de 8 a 20 sessões, o trabalho é prático e focado.
O primeiro passo é traçar objetivos claros e realistas para o casal, como melhorar a comunicação, fortalecer a compreensão mútua e aprender a lidar com as diferenças de maneira construtiva.
Durante essas sessões, o terapeuta ajuda o casal a identificar padrões tóxicos que possam estar se desenvolvendo na relação, como comportamentos que inicialmente pareciam de apoio, mas que evoluíram para dependência ou controle. Outro ponto crucial na terapia de casal é promover a admiração e a independência dentro da relação.
O vitimismo
Preservar o interesse e o desejo requer que ambos os parceiros vejam e valorizem um ao outro como indivíduos únicos. Isso significa evitar atitudes como vitimismo ou excesso de autocrítica, que podem corroer a conexão e impedir o crescimento da relação.
Dentro da psicanálise, particularmente nos estudos de Wilfred Bion sobre grupos, o terapeuta assume um papel essencial como terceiro no vínculo do casal.
Assim como em um grupo, onde o terceiro funciona como observador que pode interagir sem se deixar envolver diretamente pelas projeções dos membros, o terapeuta de casal ocupa essa posição de neutralidade.
A neutralidade
Ele possibilita que o casal projete suas tensões, desejos e dificuldades nele, enquanto mantém sua função mediadora. Esse espaço de intervenção permite que o casal possa refletir sobre suas próprias dinâmicas e padrões prejudiciais à relação, restaurando o equilíbrio entre apoio mútuo e a preservação da individualidade de cada parceiro.
Em última instância, o analista ajuda a criar um ambiente onde ambos possam evoluir juntos sem perder a autenticidade de quem são como indivíduos, favorecendo o crescimento da relação de maneira saudável e construtiva.
Se durante o processo terapêutico for identificado que um ou ambos os parceiros estão lidando com questões pessoais que influenciam diretamente o relacionamento, pode ser recomendado um trabalho individual, com um segundo analista, em paralelo.
Conclusão sobre o apoio e individualidade
Assim, cada um pode explorar suas próprias questões, fortalecendo-se como indivíduo e contribuindo positivamente para o crescimento do casal. A essência de um relacionamento saudável está em equilibrar apoio mútuo e desejo, sem perder de vista a individualidade.
Quando o casal aprende a navegar entre essas duas dimensões, a relação não apenas sobrevive, mas floresce, criando um espaço onde ambos possam evoluir juntos e separados, de forma harmoniosa e enriquecedora.
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