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Chega, Deu, Cansei! (e está tudo bem): esgotamento emocional

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Chega, Deu, Cansei! De uma hora para outra fomos obrigados a mudar nossa rotina, a forma de viver, nossos hábitos e isso provocou mudanças significativas em nossas vidas e, em nosso corpo como um todo, alguns desequilíbrios, que em cada pessoa se manifestam de diferentes formas: irritação, tristeza, ansiedade, sobrecarga, insegurança, dificuldade em se adaptar à nova forma de viver, desajustes nas relações, medo de perder pessoas queridas ou mesmo morrer, entre outros.

Chega, Deu, Cansei!

Quando estamos submetidos a esse tipo de situação por um período maior de tempo, nosso corpo libera uma carga maior de hormônios de estresse e sem os devidos cuidados emocionais, é natural que venha o mal estar e a isso damos o nome de adoecimento, exaustão ou esgotamento emocional. Além disso, o esgotamento emocional também acarreta a baixa na imunidade, o que nos deixa vulneráveis a resfriados, gripes e infecções; faz com que o coração funcione de forma inadequada, eleve a pressão arterial, aumentando, assim, o risco de doenças cardíacas.

Outro impacto, está na alteração do funcionamento do metabolismo, podendo haver um aumento ou perda de peso, que por sua vez, nos expõe a mais doenças como diabetes, hiper ou hipotireoidismo e tudo isso, causa o aumento da produção de radicais livres e, consequente, envelhecimento precoce de todo nosso organismo.

O diagnóstico precisa ser feito por um médico, mas os principais sintomas desse quadro, que indicam a necessidade de procurar ajuda seja ela médica ou mesmo de um Psicanalista, são a presença persistente de apatia, desânimo, insônia, cansaço excessivo, dificuldade de concentração, medo, alterações no apetite, desesperança.

A pressão social

Desde pequenos, ouvimos nossos pais dizerem que precisamos ser gratos a Deus pela comida, pela casa, pela família, pela saúde, etc. Claro que sim, pois ser grato, significa reconhecer o bem que alguém nos faz, algo bom que nos acontece. Sentir gratidão, é sentir uma emoção de reconhecimento, de que uma coisa positiva nos aconteceu, nos deixou satisfeitos e porque não dizer, felizes.

Ocorre, que em dias difíceis como os que temos vivido, principalmente depois que a pandemia se iniciou, tantas perdas: de pessoas queridas, empregos, situações financeiras, relacionamentos, dificuldades de toda ordem, chega um momento, em que por mais que nos esforcemos, está ficando difícil continuar sendo gratos e felizes, porque sentimentos que outrora passavam distantes, vão tomando conta de nós: medo, insegurança, pânico, nos levando a um cansaço físico, mental e espiritual persistente.

Quando nos damos conta, percebemos que já não conseguimos mais manter o otimismo, estamos cansados de achar que tudo vai ficar bem, quando o panorama que se apresenta pouco ou nada tem de positivo.

Chega, Deu, Cansei e chutar o balde

Algumas pessoas, pensam que sentir essa completa exaustão é sinônimo de incompetência, de fraqueza quando na verdade não é esse o caso. Todos temos direito àquele momento “chutar o balde” e tudo bem!

Por isso é tão importante não ter vergonha e pedir ajuda, buscar o médico, fazer terapia, cuidar de si. O Psicanalista é um dos profissionais que vai nos ajudar a perceber.

Chega, Deu, Cansei e positividade tóxica

Acreditar que precisamos ser firmes e fortes para os embates que o dia a dia nos apresenta provoca em nós uma dose extra de cansaço, de agressividade, de sensação de que nada mais vale a pena pois não estamos sendo capazes de corresponder ao que é esperado de nós. Em contrapartida, nas redes sociais encontramos uma enxurrada de mensagens que buscam nos oferecer força, mostrar que tudo vai dar certo, que não podemos esmorecer, que devemos ser gratos por mais um dia e acreditar que no final tudo dará certo.

Nessa hora, o que mais queremos fazer é sumir, fugir, desaparecer. Quem nunca sentiu isso? Esse sentimento contraditório ao que aprendemos desde pequeninos, na atualidade tem um nome: positividade tóxica. Já ouviu falar? Imaginar que é possível estar alegre na maior parte do tempo, de bem com a vida e, acreditando que dias melhores estão bem próximos é, no mínimo, irreal.

Aquela conversa que nos diz que é preciso manter o otimismo como única maneira de enfrentar as dificuldades do momento “semfintena” pode provocar sérias consequências à nossa saúde mental, dizem os estudiosos. Isso é negar a tristeza, negar o nosso direito de não estar bem porque seria o mesmo que fracassar.

Exemplo: Chega, Deu, Cansei!

Por exemplo, se durante essa fase de isolamento social meu relacionamento se acabou, ao invés de me achar culpada por isso, que tal imaginar que provavelmente ele já não estava bem e o isolamento apenas potencializou as coisas para que a separação se concretizasse?

A tristeza é uma das emoções que todo ser humano pode carregar dentro de si e tudo bem… Importante é que não permitamos que ela se instale e resolva morar dentro de nós, pois aí corremos o risco de adoecer e não queremos isso.

Como não nos entristecermos com a perda de um amigo, um amor, um emprego? Natural! Incoerente seria se não nos sentíssemos assim.

Resiliência e positividade saudável

Quando passamos por uma situação difícil e encontramos recursos dentro de nós que nos capacitam a resistir à adversidade, ao choque que aquela situação nos proporcionou e a voltar à normalidade, estamos sendo resilientes.

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    Ser resiliente nos fortalece enquanto pessoas, mas não quer dizer que sejamos blindados, inabaláveis ou insensíveis a problemas. Não, ao contrário! Temos apenas uma maior facilidade de mobilizar estratégias dentro ou fora de nós para lidar com eles e compreender que apesar da tristeza, da raiva, das perdas, do luto, das inseguranças e das instabilidades a vida vale a pena ser vivida.

    Desenvolver resiliência, de modo geral, exige autoconhecimento, que paremos para observar como funcionamos, como reagimos, como pensamos a vida, as relações, as pessoas e os fatos, bem como tudo isso nos afeta Agir com positividade, é um grande passo para desenvolver resiliência, mas se permitir entender que “nem todo dia é dia de índio”, ou seja, nem todo dia tudo está bem, é libertador e um dos medicamentos naturais mais eficazes para a manutenção da nossa saúde mental.

    Conclusão

    Christian Dunker, Psicanalista, afirma: “A recomendação que Freud fez há mais de 90 anos não poderia ser mais atual: ‘cada um deve encontrar o seu caminho para a felicidade, e que ele seja o menos negacionista possível’”.

    O presente artigo foi escrito por Monika Borges Psicanalista, Suicidologista, especialista em Luto e Saúde Mental, Assistente Social, Psicopedagoga Clínica , coordena o Projeto ACOLHE-DOR que oferece acolhimento emocional para pessoas enlutadas. www.acolhe-dor.org e @acolhedoroficial

     

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