o que é racionalização

O que é racionalização (como mecanismo de defesa)

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Hoje entenderemos o que é racionalização. Ela é um mecanismo de defesa de negação que permite a um indivíduo lidar com conflitos emocionais, ou estressores internos ou externos, criando explicações tranquilizadoras ou egoístas, mas incorretas, para seus próprios pensamentos, ações ou sentimentos ou dos outros, que encobrem outros motivos. (Knoll et al., 2020)

Entendendo o que é racionalização

Mecanismos de defesa são processos psicológicos automáticos que protegem um indivíduo de conflitos emocionais ou consciência de estressores internos ou externos. Eles impactam as reações dos indivíduos a conflitos e estressores [American Psychiatric Association (APA), 2013]. Segundo Perry (2014), as defesas podem ser organizadas hierarquicamente com base em seu nível usual de adaptabilidade. Dentro da hierarquia, as defesas são agrupadas em diferentes níveis com base em funções comuns.

Esses níveis incluem o psicótico (0), ação (1), maior distorção da imagem (2), negação e fantasia autista (3), menor distorção da imagem (4), neurótico (5b), histérico (5a), obsessivo (6) e altas defesas adaptativas (7).

A racionalização cai no nível da negação, junto com a negação neurótica e projeção. As defesas de negação permitem que um indivíduo negue inconscientemente ou se recuse a reconhecer a existência de certos aspectos estressantes da realidade ou experiência interna. (Knoll et al., 2020)

O que é racionalização e conflitos emocionais

Conflitos emocionais e estressores internos ou externos são, portanto, administrados por meio dessa falta de consciência. Especificamente para a racionalização, essa falta de consciência é possível por meio de uma reinterpretação da realidade.

Um indivíduo que usa a racionalização geralmente não tem consciência ou está minimamente ciente do verdadeiro motivo subjacente.

História do termo da racionalização

Ernest Jones introduziu pela primeira vez o termo psicanalítico racionalização, em 1908, para descrever como os indivíduos dão sentido às suas motivações inconscientes. Ele postulou a racionalização como fornecendo uma explicação plausível, mas falsa, para justificar os atos irracionais de alguém para os outros.

Ao justificar tais atos para si mesmo, Jones utilizou o termo evasão; nos esquemas psicanalíticos contemporâneos, no entanto, a racionalização refere-se a justificar atos tanto para os outros quanto para si mesmo.

Função da racionalização

A racionalização funciona para distanciar o indivíduo de motivos que podem ser difíceis de reconhecer, substituindo razões mais socialmente aceitáveis para as ações de alguém. Ela pode se apresentar na forma de superelaborações para descrever o comportamento ou, alternativamente, pode envolver evasões de responsabilidade pessoal ao referenciar razões externas plausíveis para falhas.

A racionalização geralmente ocorre quando um indivíduo omite a referência a motivos pessoais; quando as explicações possuem uma qualidade “enganadora”; quando erros, falhas ou faltas são descritos sem aparente ansiedade ou vergonha; ou quando há uma negação de responsabilidade por pensamentos, ações ou sentimentos antissociais.

Ironicamente, uma racionalização pode ser introduzida por frases como “para dizer a verdade…” ou “sinceramente…” ou “Eu sei que você não vai acreditar nisso, mas…”; o tom de voz pode ser uma pista que indica a presença de racionalização.

Discriminação do significado

A racionalização ré semelhante à mentira, pois ambas envolvem a ocultação de motivos verdadeiros por meio do uso de explicações incorretas e egoístas. No entanto, eles diferem porque mentir é um ato totalmente consciente, enquanto a racionalização opera parcialmente ou em grande parte fora da consciência.

A fronteira entre estes dois pode ser indistinta, como na construção cotidiana da besteira, ou seja, construir-se afirmando meias-verdades e elaborações fantasiosas. No entanto, sempre que o indivíduo parece acreditar em pelo menos parte das afirmações incorretas, é razoável identificá-lo como uma racionalização.

A racionalização é empregada porque protege o indivíduo, mantendo-o p, ou minimamente consciente, de seu verdadeiro motivo (por exemplo, evitar sentir vergonha) ao encobri-lo; pode ser descrito como “mentir para si mesmo”. Ela tem alguma semelhança com a defesa da intelectualização, que é o uso excessivo do pensamento abstrato para evitar ou minimizar a vivência de sentimentos perturbadores.

Os mecanismos de defesa

Embora ambos os mecanismos de defesa protejam o indivíduo de aspectos desagradáveis ou inaceitáveis da realidade, a intelectualização não distorce os fatos por meio de uma reinterpretação de situações ou motivos, ao contrário da racionalização.

A intelectualização usa o pensamento abstrato para se desprender dos sentimentos, enquanto a racionalização usa desculpas e razões alternativas para encobrir fatos e motivos.

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    A racionalização também é semelhante à defesa da projeção, que é a atribuição dos próprios sentimentos, impulsos ou pensamentos não reconhecidos aos outros. Ambas as defesas ajudam o indivíduo a negar os verdadeiros motivos e ações. No entanto, a projeção envolve a etapa adicional de atribuir erroneamente os motivos aos outros, enquanto a racionalização se preocupa principalmente com a negação de motivações de si mesmo.

    Conclusão sobre a racionalização como defesa

    A racionalização é uma defesa de negação que protege o indivíduo de conflitos emocionais e estressores internos ou externos, criando explicações incorretas, mas plausíveis, para pensamentos, ações e sentimentos.

    O termo foi usado pela primeira vez na teoria psicodinâmica, em 1908, por Ernest Jones e, desde então, tem sido estudado como um dos vários mecanismos de defesa.

    Ao examinar a racionalização no nível das defesas de negação, foram demonstradas associações com sintomas, funcionamento e distúrbios. Isso é indicativo da importância de pesquisas futuras neste domínio de defesas.

    REFERÊNCIAS:

    • American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington: American Psychiatric Association. • Knoll, M., Starrs, C. J., & Perry, J. C. (2020). Rationalization (Defense Mechanism). Encyclopedia of Personality and Individual Differences, 4301–4305. https://doi.org/10.1007/978-3-319-24612-3_1419 • Perry, J. C. (1990). Defense mechanism rating scales: Manual (5th ed.). Boston: Cambridge University. • Perry, J. C. (2014). Anomalies and specific functions in the clinical identification of defense mechanisms. Journal of Clinical Psychology, 70(5), 406–418. https://doi.org/10.1002/jclp.22085. • Zeigler-Hill, V., & Shackelford, T. K. (Eds.). (2020). Encyclopedia of Personality and Individual Differences. doi:10.1007/978-3-319-24612-3

    Este artigo sobre a o que é racionalização foi escrito por Jorge Gilberto Castro do Valle Filho (instagram: @jorge.vallefilho), Médico Radiologista, membro titular da Associação Médica Brasileira e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Especialista em Neurociência e Neuroimagem pela Johns Hopkins University, Mestre em Gestão de Cuidados da Saúde pela Miami University of Science and Technology (MUST University). Formação e Certificação em Inteligência Emocional, Mentalidade de Alta Performance e Gestão de Emoções pelo Instituto Brasileiro de Coaching – IBC. Formando em Psicanálise pelo IBPC.

    1 thoughts on “O que é racionalização (como mecanismo de defesa)

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom comentário! Parabéns!

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