relacionamento platônico

Relacionamento Platônico: significado e funcionamento do amor platônico

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Vamos abordar o tema do Relacionamento Platônico: o que significa, como o amor platônico funciona na mente de uma pessoa?

Numa relação aonde os vínculos compartilhados são próximos, porém sem relações sexuais, é assim que é chamada uma relação platônica. Seu conceito é originado nas ideias do filósofo Platão, acreditava que o amor platônico poderia aproximar as pessoas com as ideias divinas. Atualmente o conceito tem como foco a amizade onde as pessoas são bem próximas.

Na verdade o amor platônico é o sentimento que uma pessoa tem por outra, mas é idealizado e não correspondido. Fica no mundo das ideias, mas não se concretiza, não se realiza. Freud e Platão transformaram a nossa forma de enxergar o amor.

Entendendo o relacionamento platônico

A filosofia de Platão partia da oposição entre:

  • mundo das ideias: perfeito, por isso, ideal; por exemplo, você pode conceber a ideia de um triângulo perfeito, do amor perfeito etc.
  • mundo físico ou material: imperfeito, feito de coisas que são cópias das ideias; por exemplo, um triângulo feito de peças de metal ou madeira não conseguirá alcançar a mesma perfeição do triângulo ideal. Assim também o amor real (com inicial minúscula) não chegará ao Amor ideal (com inicial maiúscula).

Platão foi o primeiro a propor que os impulsos, mesmo eles sendo eróticos, podem sofrer sublimação para objetivos mais elevados e dessexualizados. Freud não era um platônico, porém o rastreio na história de certas ideias acabam por demonstrar evidências da influência de Platão sobre Freud foi muito mais longe e mais profunda do que foi assumido por escritores da psicanálise anteriores.

Uma forma de ver como a versão latinizada do Eros de Platão em Freud é a conceitualização da libido.

Certas dificuldades associadas ao uso psicanalítico do termo sublimação remontam à origem platônica do termo. A convicção de Freud, de que o amor eterno é inibido por objetivos, era uma transformação posterior dos impulsos sexuais que também remonta a Platão, e assim como sua crença de que o amor inibido por objetivos perdura mais tempo do que o amor sexual. Os impulsos do amor erótico, como eles podem ser sublimados, o amor de transferência pode então ser aproveitado a serviço da cura com base a uma branda visão.

Amor platônico visto pela psicanálise

O amor platônico seria um relacionamento baseado em uma conexão emocional ou intelectual intensa. Entretanto, esse relacionamento não necessita da intimidade física ou sexual.  Não necessita, também, que haja correspondência: muitas vezes, o platônico ama outra pessoa em silêncio, pode até se considerar dentro de um relacionamento platônico. Isso tudo sem nunca se declarar à pessoa amada.

Pode ser tratado em terapia, pois esse amor platônico pode significar:

  • medo de se envolver e de confiar em alguém;
  • medo de se desenvolver ou de “crescer”;
  • medo de aceitar a imperfeição do mundo ou de si mesmo.

Na obra “O Banquete“, Platão descreve este tipo de amor como uma conexão puramente espiritual. Baseia-se na beleza interior e na apreciação de virtudes da pessoa amada. Assim, os defeitos da concretude são descartados, em favor do realce da beleza do ideal que se faz do ser amado.

O filósofo grego Platão entendia que o mundo real era uma cópia inexata do mundo das ideias (o mundo ideal). Por exemplo, você pode desenhar uma figura com formato de triângulo isósceles no mundo real, mas isso estará sujeito a imperfeições e poderá um dia se desfazer. Já a ideia de triângulo é perfeita e incorruptível.

O amor platônico é o “apaixonamento” de alguém não por outra pessoa, mas pela ideia que faz de outra pessoa. Essa outra pessoa pode ser:

  • imaginária: alguém que nunca existiu; o platônico espera alguém completar os traços de caráter ideais para que se apaixone no mundo real (“ainda não apareceu a pessoa certa”);
  • real, mas com quem a pessoa não tem um relacionamento real da forma como gostaria: o platônico nunca se declarou para alguém, ou ama alguém que provavelmente nunca conhecerá pessoalmente (como um artista de cinema);
  • real, com quem a pessoa já se relaciona amorosamente: o platônico idealiza em outra pessoa (com quem já tem um relacionamento afetivo) o que gostaria que essa pessoa fosse, o que é causa para muitas exigências e conflitos.

É possível entender o amor platônico por diversas formas em psicanálise. Vamos listar abaixo algumas relações com a teoria psicanalítica. É importante dizer que essas ideias não devem servir para julgamento de uma pessoa. O importante é que em terapia se reflitam sobre essas possibilidades, sempre que alguém idealiza uma pessoa ou o relacionamento com ela.

  • Narcisismo: é o amor desmedido do sujeito por si mesmo, a ponto de fechar-se em seu mundo. Muitos narcisistas nutrem amores platônicos porque se acham “bons demais” para terem relacionamentos reais. Então, esperar a pessoa ideal pode ser um pretexto para continuar amando-se desmedidamente.
  • Idealização: é um mecanismo de defesa em que o sujeito idealiza uma situação ou uma pessoa, retirando dela muitos dos traços reais. Então, um relacionamento platônico pode existir até mesmo dentro de uma relação real. Por exemplo: uma pessoa que quer sempre modificar o jeito de ser de seu parceiro(a), gerando cobranças excessivas.
  • Projeção: outro mecanismo de defesa, em que o sujeito projeta numa relação imaginária ou almejada aspectos de seu próprio desejo, como se aquela pessoa ou situação fosse resolver todas as angústias deste sujeito.

Todos somos em certa medida idealistas, porque, como seres racionais, o mundo das ideias tem uma grande influência sobre nós. Se você tentar definir “o que é água”, irá pensar em ideias sobre a água em termos conceituais, ou o que ela representa para você, não exatamente o que a água é no mundo real (mundo físico). Mesmo quando a física ou a química definem a água para entendê-la melhor no mundo real, já o fazem a partir de conceitos (ideias).

O psicanalista Jacques Lacan na sua teoria do real, simbólico e imaginário diria que este mundo real é de certo modo inalcançável ao intelecto humano, porque a psique a linguagem humanas operam sobretudo no nível do simbólico e do imaginário.

Muitas vezes, a pessoa que nutre um amor platônico idealiza a si mesma:

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    • ou por um viés narcisista,
    • ou por uma autocobrança excessiva.

    A terapia psicanalítica pode ajudar o sujeito a se conhecer melhor. Ao fortalecer o ego para suas tarefas internas e exernas, o sujeito consegue reduzir o platonismo excessivo e conviver melhor com o “real”, a partir da reconstrução simbólica e imaginária de si.

    Relacionamento platônico e a transferência erotizada

    A transferência erotizada não se baseia em reencontrar um objeto de amor precoce e, portanto, é menos capaz de conseguir produzir o clima terapêutico que é necessário para o desenvolvimento de um tratamento psicanalítico. Freud usa como procedimento de tratamento a crença de Platão na plasticidade de Eros. Ao contrário do amor platônico, encontramos uma relação sexual ou romântica, muitas vezes o termo acaba por ser confundido e usado para ser aplicado apenas ao opósito, amigos que podem ter relações sexuais.

    Esse amor pode vir de várias formas, existindo uma variedade de características que podem ajudar a distinguir o amor que é platônico de vários outros tipos de relacionamento, inclusive sem o aspecto sexual. A proximidade é uma das características que pode ser encontrada numa relação platônica é onde duas pessoas se sentem próximas uma da outra, sentindo que elas têm muitas coisas em comum. A honestidade, onde ambos compartilham o que realmente pensam e sentem.

    A aceitação, faz com que qualquer relação se torne mais leve e confortável para ambos os lados, transmitindo um sentimento de segurança onde cada um pode ser quem realmente é, e o entendimento, quem vive um amor ou uma relação platónica tem uma conexão, mas também sabe reconhecer e respeitar o próximo e o seu espaço pessoal. Não existe o querer forçar o outro a fazer coisas que não quer ou em ser algo que não se quer ser.

    Relacionamento platônico e a atração

    Esses relacionamentos são mais conhecidos como a amizade, onde a falta de uma relação íntima sexual dá característica a essa relação, não significando que os indivíduos dessa relação não sentem atração um pelo outro, ou que comecem a sentir atração um pelo outro. Uma relação platônica pode ser importante para o bem estar psicológico, tendo também em vista que o suporte social tem grande parte no estado de nossa saúde mental, sendo assim, construindo pontes, e conexões com pessoas, incluindo família, amizades platônicas, e outros amores é importante para o nosso bem estar em geral.

    Além de desenvolver uma relação platônica, é importante entender que para se manter uma relação saudável inclui suporte e saber o limite de cada um. Existem milhares de razões que fazem com que ter uma relação platônica seja importante e saudável para o nosso bem estar. Alguns efeitos positivos que essa relação pode trazer para a vivência incluem amor e suporte; tendo um suporte de pessoas em nossas vidas traz benefícios a nossa saúde, fazendo com que os riscos de contrair doenças que afetam a imunidade diminui, assim como diminuir o risco de ansiedade e depressão.

    O suporte do sistema platônico pode ajudar a providenciar suporte emocional através da audição, ouvir o que você tem a dizer e providenciar certa validação, pois irá te ajudar quando está precisando. A diminuição do estresse é outra razão do porque uma relação platônica pode ser saudável para nós. O estresse pode ser algo que nos afeta não apenas mentalmente, mas fisicamente também.

    Estresse crônico

    Estresse crônico ou prolongado podem contribuir para o surgimento de vários problemas de saúde como pressão alta, problemas no sistema digestivo, doenças cardíacas, e até mesmo diminuir a nossa imunidade. O estresse também afeta o nosso humor, trazendo problemas como a ansiedade ou depressão. Uma relação platônica, quando trazida para o estresse, tem sido uma ajuda para ajudar as pessoas a se relacionarem melhor com a situação de estresse em que cada um se encontra.

    Maior resiliência em um relacionamento platônico também pode ajudar a se tornar mais resistente aos desafios que são dados pela vida. Quer envolva problemas em seus relacionamentos românticos, problemas em sua família, lutas no trabalho ou problemas de saúde, os relacionamentos platônicos podem servir de apoio enquanto está enfrentando essas tempestades. Relacionamentos platônicos nem sempre são fáceis de encontrar.

    Quando estabelecido uma relação forte com um vínculo platônico, é importante continuar a nutrir e fortalecer essa conexão. Para que essa relação possa dar certo e continuar forte, existem atos saudáveis que podem ser adquiridos, como por exemplo manter o contato. Uma ligação ou uma mensagem de texto é uma forma de manter a comunicação aberta e mostrar que se importa em saber do bem estar dessa pessoa.

    O apoio emocional

    Não confie para que a outra pessoa faça todo o trabalho, fazer todos os planos de iniciar contato, seja você também a iniciar e tomar atitudes. Aparecer para as pessoas com quem você tem um relacionamento platônico, pois elas também podem ser uma fonte de apoio emocional, sendo assim, é importante que essa importância seja retribuída se mostrando presente quando elas precisam de você, mesmo que seja apenas para dar um simples ouvido aberto e solidário.

    É importante também saber quando está na hora de abandonar um relacionamento platônico Relacionamentos platônicos podem criar estresse, então não se sinta com medo de dar encerramento quando surge uma associação se a outra pessoa for manipuladora, rude, ofensiva ou não o apoiar da maneira como você a apoia. a importância de podermos notar que relacionamentos platônicos não são o mesmo que amor não correspondido.

    Enquanto um relacionamento não correspondido é essencialmente uma paixão que envolve uma pessoa com romance ou interesse sexual em alguém que não retribui seus sentimentos, a verdade é que um relacionamento platônico não tem envolvimento de um equilíbrio desigual de emoções, isso não quer dizer que nesse tipo de relação não possa existir ou não possa acabar por se transformar em algo romântico ou sexual.

    Considerações finais: sobre relacionamento platônico

    Isso pode ser um problema quando se trata da preservação de uma amizade platônica, uma amizade que é importante. Embora esse tipo de relacionamento possa potencialmente se transformar em relacionamentos românticos fortes, você também corre o risco de perder a amizade se acabar em uma separação.

    O presente artigo sobre Amor Platônico foi escrito por Raïssa Grace J. Asobo. Escritora (literatura infantil), formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia e Neurociências. Formando em Psicanálise. Contato por: Redes sociais: @r.g.asobo (Instagram) E-mail: [email protected]. O capítulo “O Amor Platônico visto pela Psicanálise” foi escrito por Paulo Vieira, gestor de conteúdos do Curso de Formação em Psicanálise Clínica.

    6 thoughts on “Relacionamento Platônico: significado e funcionamento do amor platônico

    1. Muitas relações são platonicas por falta de iniciativa! Ainda é tabu, as pessoas “se abrirem”, existindo várias denominações dadas ao homem “hetero” que deseja “ficar” com amigo ou um colega, que “ateste” que ele continue “hetero”! Outra coisa é a amizade, com afeto, sem cogitar o “conjugal”! Por isso, conversar sempre e, a certeza entre o platônico real e imaginário só teremos depois que a outra parte disser que pode ou não corresponder a atração que sentimos!

    2. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! Acredito num “amor platônico”, que para mim e um relacionamento de amizade sincera onde um respeita o direito do outro. Onde podemos conversar vários as assunto ou discordar também, sem ficarmos magoados.

    3. Douglas Maricato de Souza disse:

      As vezes a abertura e conexao sexual pode atuar como uma caixa de Pandora, os sentidos os prazer as sensaçoes, podem levar a apegos, ilusoes e cobranças dependencia ciumes, raros casos onde as pessoas estao livre desse amor egoico. O amor platonico aparentemente é imune a essas interferencias, o que abre possibilidades da alma, da essencia da pessoa existir e coexistir, e se relacionar de maneira mais verdadeira e leve, e mais profunda no sentido de conteudo apoio compreensao etc…. A ideia do amor platonico se transformar nima relaçao sexual afetiva parece muito atrativa, apesar dos tabus e medos de oerder uma amizade tao bela. Acredito que uma relaçao afetivo sexual que parti de um amor platonico pode ter mais chances de suceder sem sublimar. E acredito que alguns aspectos do amor ´latonico teoricamente sao nescessarios numa relaçao afetivo sexual nao superficial. Eu so acredito mas nao posso embazar … texto maravilhoso!!! grato!

    4. Luís Kalil Bonturim Antunes disse:

      Acredito que um amor platônico assim não seria prejudicial se uma das partes se envolver numa relação romântica com outra pessoa e isso não gerar uma disfunção nessa relação idealizada. Não sei se eu já passei ou testemunhei algo que fosse “fluído” nesse sentido e que sobrevivesse a essa circunstância, pois sinto (e notei) que uma das partes ficaria com algum nível de decepção.

    5. Rodrigo Azevedo Gomes disse:

      Ótimo! Preciso de um artigo sobre, traição, divórcio e novo casamento para a Psicanálise. Não encontro em lugar nenhum. Grato!

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Bom dia, Rodrigo, tudo bem? Você pode entrar aqui no nosso blog Psicanálise e, do lado direito (se estiver no computador) ou no rodapé (se estiver no smartphone) você verá um campo PESQUISAR, você pode digitar ali o assunto e certamente encontrará artigos nossos.

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