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Sonhos para a Psicanálise: como acontecem?

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Hoje falaremos sobre os sonhos para a psicanálise. Dormir é muito importante para nossa saúde, enquanto dormimos nossas memórias são consolidadas e as informações que não são tão importantes são descartadas, além disso, o sono ajuda a modular o sistema imune e controla também a liberação de hormônios no nosso corpo.

Por isso, dormir menos de sete horas por um longo tempo pode ocasionar doenças como hipertensão ou mesmo morte precoce. Enquanto dormimos o nosso corpo passa por ciclos de sonos leves e profundos que se repetem durante a noite.

Entendendo sobre os sonhos para a psicanálise

Os sonhos podem acontecer nessas duas fases, porém, os sonhos mais esquisitos, emocionais, acontecem geralmente durante o sono leve. Como o sono ocorre em ciclos, essa fase se repete de quatro a seis vezes em uma noite bem dormida, e é possível sonhar histórias estranhas em uma única noite.

É bem possível que todos sonhem, mas infelizmente nem sempre lembramos o que se passa em nossa cabeça, pois enquanto dormimos essas imagens não são bem guardadas na memória e a única maneira de lembrar é acordando enquanto o sonho está acontecendo, ou pouco depois. Durante o sonho nosso cérebro cria um ambiente perfeito para viver histórias que parecem reais, nesse momento são ativadas áreas que vão interpretar estímulos visuais, memórias e emoções são acionadas.

Então corremos, gritamos, mas não saímos realizando essas ações naturalmente, porque nosso cérebro é muito inteligente, quando estamos dormindo ele envia sinais para paralisar nossos músculos, o que impede de fazermos na vida real o que acontece no sonho. Por ser tudo muito intenso, algumas vezes coisas irão escapar dos sonhos, vamos acordar tristes, coração palpitando, lágrimas nos olhos, isso faz muito sentido, porque durante o sono as áreas responsáveis por controlar as nossas emoções estão extremamente ativas, então tudo o que sentimos no sonho é como se fosse real.

Qual é o significado dos sonhos para a psicanálise?

Esse tema é fundamental na psicanálise, e passou a ser uma forma de autoconhecimento, de entender o fenômeno, e interpretá-lo se torna a tese central de Freud, que define que o “sonho é uma realização disfarçada de um desejo inconsciente”, A matéria prima utilizada para que os sonhos se formem encontra-se no inconsciente, sua manifestação ocorre através das lembranças do dia, conteúdos escondidos ou recalcados que se manifestam.

As realizações de desejos inconscientes tentam encontrar uma forma de expressar, geralmente são confusos ou parecem não ter sentido. Quando adormecemos nos desligamos ou nos afastamos dos estímulos externos do mundo, e na medida em que isso ocorre essa consciência é flexibilizada ocasionando um relaxamento dos mecanismos de defesa e censura que nos guiam durante o dia, quando estamos acordados. No período do sono estes mecanismos se tornam ineficazes, e já não conseguem barrar totalmente a expressão dos desejos inconscientes, assim algumas passagens são abertas entre o inconsciente e o consciente através dos sonhos.

É uma experiência universal, mas sua interpretação é particular a cada pessoa, está ligada justamente à construção ou reconstrução das associações que levaram a produção do sonho. Conclui-se então que sonhar é uma forma de canalizar desejos não realizados através da consciência, sem despertar o corpo. Freud em sua obra “A interpretação dos Sonhos” (1900), traz um conceito mais claro sobre o aparelho psíquico, trata-se deum conjunto articulado de lugares, o invisível, o inconsciente onde não se vê, nem se ouve, pode ser explicado através dos sonhos.

O aparelho psíquico

Caracteriza-se o aparelho psíquico como uma organização dividida em sistemas, com funções específicas para cada um e estes se interligam entre si, ocupando certo lugar na mente. Ele denominou dois desses lugares: a Primeira Tópica, conhecida como Topográfica (Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente),e a Segunda Tópica, como Estrutural (Id, Ego e Superego). Ele busca, nessa obra, um caráter cientifico na interpretação dos sonhos, apresentando ideias sobre de onde vem, como eles ocorrem e o seu funcionamento.

Conteúdo manifesto e latente

De acordo com o psicanalista Sigmund Freud, o conteúdo manifesto é infinitamente menor que o conteúdo latente. Conteúdo manifesto é o sonho real, incluem imagens, pensamentos, esses são os elementos que vem a lembrança ao acordar, é o que a pessoa relata.

Na verdade, tenta disfarçar os verdadeiros sonhos, recordações, servem para esconder o conteúdo latente ou os desejos inconscientes da pessoa que sonha. Esse processo acontece a fim de proteger o indivíduo de pensamentos e sentimentos que ele não consegue lidar, estruturas recalcadas que rodeiam o inconsciente (traumas).

Condensação, deslocamento, repressões e elaborações secundárias

Desvendar o significado, interpretar o conteúdo dos sonhos foi o desafio de Freud, que empregou um processo de interpretação que fosse além do conteúdo revelado ou disfarçado. Ele identificou e classificou quatro mecanismos do sonho, os quais têm a finalidade de distorcer o real objetivo de desejo, sendo eles: condensação, deslocamento, representações e elaborações secundárias, os quais são trabalhados pela psicanálise na análise do significado dos sonhos.

É o processo de transferir um sentimento, emoção ou desejo de um grupo de ideias para uma só ideia, é como juntar no sonho parte do que ocorreu em nosso dia, experiências misturadas com censuras, provocando confusão. Em resumo, trata-se de uma versão abreviada dos pensamentos. Acontece que existem conteúdos oníricos ou imagens latentes que na maioria das vezes são intrigantes, perturbadores demais para aparecer de forma completa. Em determinados contextos podem ser analisadas de diversas maneiras, na psicanálise é uma ferramenta poderosa que desvenda caminhos ainda não pensados e associados pelo analisando, esse processo pode conduzir o mesmo a encontrar a cura de traumas.

Temos também como forma de mecanismo de defesa, além da condensação, o deslocamento. Esse mecanismo pode operar alterando o enfoque de um elemento importante no que se refere ao desejo inconsciente, para outro sem tanta importância como uma forma de disfarçar. Amente substitui uma reação emocional por outra imagem remotamente relacionada ao conteúdo original, transferindo emoções, ideias ou desejos com o objetivo de aliviar a ansiedade diante de impulsos insuportáveis, surgem então sonhos desconexos, o que dificulta a sua interpretação.

Representações e elaborações secundárias e os sonhos para a psicanálise

Esse mecanismo é um dos responsáveis pela distorção resultante da elaboração onírica. A figuração ou representação nada mais é que uma seleção e transformação dos pensamentos dos sonhos em imagens. Os sonhos surgem cheios de metáforas, o conteúdo manifesto tenta dar coerência distinta do pensamento original.

Ao sonhar passamos por diversas operações mentais inconscientes, em que um conteúdo latente (desejos inconscientes) se torna às vezes conteúdo manifesto. Esses sonhos repartidos em pedaços, incoerentes, cheios de simbolismo são condensados, deslocados, essas imagens sem coerência, absurdas são retiradas através da elaboração secundária.

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    Esse mecanismo faz com que, ao acordarmos, os sonhos tenham coerência, o pré-consciente tenta dar nexo fazendo ligações entre as diversas partes do sonho, com a finalidade de torná-lo compreensível dando aparência de racionalidade.

    Conclusão

    É preciso dar aos sonhos à devida atenção. É de suma importância reconhecer e entender o material dos sonhos, podendo ser qualquer coisa vivenciada na infância ou mesmo na vida adulta, um trauma, algo reprimido, mistérios da mente, sua análise desvenda preocupações atuais e passadas que se entrelaçam, as quais influenciam umas às outras. A psicanálise vem ao encontro desses questionamentos, trazendo respostas surpreendentes tanto para o analisando como para o analista.

    O presente artigo sobre sonhos para a psicanálise foi escrito por Denise Fernandes, psicanalista em formação, historiadora; [email protected].

    One thought on “Sonhos para a Psicanálise: como acontecem?

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom comentário! Esse tema é muito complexo, temos que esmiuçar mais a respeito desse assunto.

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