vínculo terapêutico

Vínculo terapêutico: sobre a relação terapeuta e paciente

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

Neste artigo, vamos falar sobre o vínculo terapêutico. Como se firma a relação entre terapeuta e paciente, considerando o terapeuta como qualquer profissional da área da saúde ou terapias alternativas?

Abordaremos a perspectiva da psicanálise e psicologia, embora as reflexões se apliquem a outras áreas profissionais.

Entendendo o vínculo terapêutico

Cuidar da saúde mental é normalmente uma preocupação carregada de preconceitos inibitórios e também de temores com relação à autonomia. Muitas pessoas são conscientes da importância da terapia, mas fogem desse processo pelo temor de que seus pares (famílias e amigos) desconfiem que ela não tem mais capacidade de gerir a própria vida. A ignorância e o preconceito a respeito são sim bem capazes de propiciar esse tipo de situação. Esse é um dos fatores que reforçam o quanto é importante o acolhimento por parte do terapeuta na hora de iniciar o processo.

Estabelecer um vínculo não pode implicar numa situação que comprometa sua visão da situação como terapeuta ou a sua como paciente, mas é importante que quem procura o atendimento tenha a segurança de saber que será ouvido com tranquilidade, sem julgamentos e a confiança com relação ao profissional. Esse vínculo começa a ser estabelecido nas pequenas coisas. A pontualidade é uma delas.

Sabemos que imprevistos acontecem, mas a busca por terapia em si é algo difícil e corajoso. Deixar a pessoa esperando, só leva ao questionamento se de fato está tomando a atitude correta no que está fazendo. Por isso é importante cumprir os horários para a segurança inicial do paciente. Outra questão importante é a receptividade inicial. O olho no olho ainda é o melhor cartão de visitas em qualquer lugar.

O vínculo terapêutico e o cuidado emocional

Para alguém que busca cuidar do emocional ser recebido por alguém que evita o contato visual ou apenas indica o lugar a sentar como num consultório médico pode ser bastante difícil ter a segurança de se abrir para falar o que pensa livremente. Ela pode ter de cara a sensação de que está de fato doente com algo patológico o que pode ser real, ou não. Pode ser simplesmente algo a ser acompanhado durante um período de tempo.

A pessoa pode até falar, mas estará pensando cuidadosamente sobre cada palavra que dirá, o que não será nada positivo para o processo de análise. A postura corporal e o modo de olhar enquanto o paciente se manifesta também podem ser determinantes para que ele se manifeste ou fique inibido.Se o psicanalista de repente adota uma postura inatingível, superior ou arrogante, mesmo que seja apenas fisicamente falando.

O paciente pode acabar sentindo-se inferior, pequeno, pode acreditar que o que ele tem a dizer ou a tratar não tem relevância ou importância. Pode parecer exagero, mas a gente não pode prever como cada pessoa pensa ou sente, como cada um interpreta ou capta através do outro os valores, os pensamentos e sentimentos. De repente podemos até pensar na questão de que o profissional teria que se despersonalizar para atender bem?

O processo terapêutico e a análise

Deixar seu próprio jeito de ser para cuidar do bem estar do outro? Não seria propriamente isso. Seria uma questão de policiar-se nas palavras, atitudes e condutas para dar à pessoa a confortabilidade para estabelecer um vínculo no qual ela se sinta à vontade para deixar fluir o que tem em mente e desta maneira você ter uma base significativa de informações a serem analisadas. Outra questão importante no estabelecimento do vínculo é como a condução de perguntas pode determinar uma reflexão ou não.

Saber formular bem uma pergunta para que a própria pessoa encontre respostas para suas próprias questões não é algo tão simples. Dependendo da forma como a questão é construída, a pessoa que terá que responder pode ter a sensação de que está sob o julgamento do terapeuta. E ao invés de iniciar um processo terapêutico, vemos a destruição do vínculo pois a pessoa pode sentir-se de repente culpa por toda a situação de vida e pela própria angústia que a levou a buscar ajuda terapêutica. Suponhamos que determinado paciente na anamnese ao falar sobre os amigos.

Diga que tem poucos amigos e que não gosta de sair muito. Que é uma pessoa mais caseira. Ele deve ter seus motivos que podem ser explorados ao longo das sessões caso ele vá levantando essa questão. Mas o terapeuta logo de cara o questiona se ele não acredita que o ter poucos não teria relação com o fato de não gostar de sair muito. É possível que o terapeuta tenha razão, mas ainda não era o momento para tal questão ser levantada.

Conclusão

O paciente no caso vai ter a sensação de que mal conheceu o profissional e já foi julgado. “A pessoa nem me conhece e me diz que a culpa dos meus problemas sou eu mesmo.” Esse seria o pensamento imediato. Poderia ser um pensamento resistente? Sim, efetivamente, mas o desestímulo à procura das sessões neste momento seria praticamente imediato.

Pretende-se portanto evidenciar que para o estabelecimento de um tratamento efetivo é importante o estabelecimento do vínculo terapêutico no início e esse vínculo depende do profissional ter uma atitude acolhedora, ter uma postura adequada diante das etapas do processo psicanalítico e saber o real momento dos questionamentos, bem como a formulação adequada das questões.

Este texto sobre Vínculo terapêutico: a relação terapeuta e paciente foi escrito por Lucimere Aparecida Martins Dos Santos, exclusivamente para o blog Psicanálise Clínica.

One thought on “Vínculo terapêutico: sobre a relação terapeuta e paciente

  1. Mizael Carvalho disse:

    Muito boa elaboração do texto! O vínculo é importantíssimo para que haja uma boa análise. Se o analisando observar que o analista tem compromisso com o seu trabalho. Perceberá que pode confiar nesse profissional! Como dizem: “A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA.”

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