Algumas experiências de Freud foram fundamentais no trato da histeria e colaboraram para o surgimento da psicanálise. Alguns casos fizeram ele repensar mudanças na utilização de técnicas. O caso de Emmy Von N foi fundamental para o surgimento do método de Associação Livre.
Freud e o surgimento da Psicanálise
Foi a partir do que Emmy disse: ‘Pare de fazer perguntas e me deixe falar’. Com Elisabeth Von R, Freud a encorajou a dizer tudo que viesse a mente. Freud mantinha-se receoso, pois por vezes a paciente se mantinha silenciosa ou algo atrapalhava o fluxo das associações.
Contanto, Freud pensava que havia algo que a paciente conhecia, mas que por algum motivo não poderia ou deixaria acessar. A esse fenômeno, Freud dá o nome de Repressão.
Assim Freud desenvolveu o método da Associação Livre, estando atento a construção da fala do paciente, seus significados, propósitos e intenções, isso tentando compreender a significação por trás das ideias. Isso foi imperioso para o surgimento da psicanálise. Através da paciente de Breuer, Anna O., que lançava diversas manifestações sobre a figura do analista, como o “bebê de Breuer”, Freud começou a entender o conceito de Transferência.
A transferência na origem da psicanálise
E, no início, ela era vista como sendo um limitante ao tratamento analítico. Com o avançar das teorias freudianas, a Transferência passa a ter papel fundamental, o que também colaborou para a origem da psicanálise. No caso de Anna O., a Transferência com Breuer estaria na fantasia da paciente pelo desejo do amor paterno. A Transferência na relação paciente analista, pode ser positiva ou negativa.
- É positiva quando a energia sexual dirigida ao analista reflete conteúdos da infância, e
- É negativa quando é carregada de agressividade e sentimentos hostis, dificultando a análise.
Também surgiu nessa época o conceito de Resistência, ligado a dificuldade do analisando atingir seus conteúdos mais recalcados. Foi através do caso de Elisabeth Von R, que Freud compreendeu alguns Mecanismos de Defesa do Ego, que também contribuiu para a emersão ou surgimento da psicanálise.
Através da análise de suas pacientes histéricas, Freud compreende a importância da Sexualidade Infantil na formação da estrutura psíquica.
Freud compreendeu após alguns anos, que elas não tinham sofrido abuso sexual na infância (teoria do trauma), que eram apenas fantasias, produções inconscientes para que a mente pudesse se organizar. E a teoria do trauma deu lugar a realidade psíquica (vivencias subjetivas). A partir disso, Freud entende a existência do Inconsciente. Assim foi se revelando o surgimento da psicanálise.
Como surgiu a teoria psicanalítica do aparelho psíquico
Desde então, Freud se vê envolto em descobrir mais e mais sobre o funcionamento do aparelho psíquico e nos apresenta um modelo baseado na energia psíquica e sua relação com os mecanismos mentais. Surge então o que chamou de Pulsão, como sendo “representante psíquico das excitações provenientes do interior do corpo e que chega ao psiquismo”. (Zimerman, 1999, p.82).
A Pulsão precisa ser ligada a um representante (idéia, emoção/afeto) para que possa se manifestar. A essa vinculação da energia pulsional ao seu representante, Freud deu o nome de Catexia. Em um primeiro momento, Freud divide as Pulsões em duas categorias: As de Autoconservação e as Sexuais.
Pulsões de Autoconservação e Pulsões Sexuais
As primeiras se constituem na busca pela realização e satisfação das necessidades essenciais e das exigências somatopsíquicas.
Já as Pulsões Sexuais se constituem de estímulos provenientes das zonas erógenas principalmente ligadas a boca, ao ânus, ao aparelho genital entre outros. A essas pulsões Freud deu o nome de Libido.
Freud distingue os conceitos de Instinto e Pulsão:
Instinto é algo hereditariamente determinado de cunho biológico; Pulsão é o investimento energético em determinada ideia ou afeto, sendo fruto de um desejo. Ela transita pelo consciente e o inconsciente. Em meio a essas descobertas, Freud teve um sonho com sua filha Mathilde e constatou que “Certamente é o pai o promotor da neurose” (Cartas a Fliess).
Existe a ideia que há de fato um desejo (inconsciente) de sua filha e que mostrava sentimentos mais ternos por ele. Surgia assim, o esboço do que seria um outro conceito fundamental para compreensão da psicanálise, o Complexo de Édipo. Ele mesmo encontrou nele, sentimentos de amor e ciúme em ralação ao pai.
Teve essas e outras percepções em sua auto análise no que chamou de “esplêndido isolamento” (1897), quando a psicanálise começou a ser sistematizada por ele, assim inicia-se sua auto análise, como forma de entrar em contato com seus conteúdos psíquicos. Em 1896, Freud utilizou o termo psicanálise em “A gênese da psicanálise”, que para muitos é um marco inicial.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
O funcionamento da mente humana
Foi uma tentativa de estudar os componentes fundadores da psique humana, compreendendo os fragmentos do discurso, do pensamento. E com isso, destrinchando os significados, implicações e repercussões na vida do indivíduo.
Sua auto análise foi fundamental para a descoberta do inconsciente, do complexo de Édipo, da fase anal, da sexualidade infantil, da interpretação dos sonhos, das associação livres, da transferência e resistência. Esses foram alguns dos achados mais valiosos da teoria e prática freudianos, contribuindo para o surgimento da psicanálise.
Publicações de Freud no surgimento da Psicanálise
Entre 1893 e 1899, Freud publica Primeira Publicações Psicanalíticas, contendo textos importantes, como:
- “A etiologia da Histeria” (1896) e a
- “Sexualidade na Etiologia das Neuroses” (1898).
Avançando seus estudos, Freud escreveu o que considerou o livro do século:
- “A Interpretação dos Sonhos” (1900), onde ele descreve todo constructo referente ao funcionamento psíquico em sua primeira tópica.
Com o avançar de sua prática clínica, Freud apresentou produções de peso como:
- “A psicopatologia da vida cotidiana” (1901),
- “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905),
- “Fragmentações de um caso de histeria” e “O caso Dora” (1905).
Essas publicações deram visibilidade a Freud e ele começou a ganhar espaço no universo científico e a ser rodeado por estudiosos que vêem em seus estudos achados e avanços dentro de um campo que estava emergindo. Assim se deu a emersão ou origem da psicanálise.
Jung, Adler, Abraham e Ferenczi associaram-se a Freud e em 1910 promoveram o I Congresso de Psicanálise, que serviu de base para IPA.
Este conteúdo sobre o surgimento da psicanálise foi criado por Karla Oliveira ([email protected]), psicanalista, Rio de Janeiro (RJ).