Psicossomática

Psicossomática: uma visão da psicanálise

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Neste artigo o Dr. Marco Bonatti, PhD em Psicologia na Argentina, analisa e relaciona as disfunções sobre Psicossomática com o inconsciente e com o fluxo de energia que atravessa o corpo causando artrose emocional e psíquica. Após entender a importância da psicossomática no funcionamento (sadio ou doente) do corpo, a questão é como identificar a origem do trauma.

A tese Barreto e a Psicossomática da artrose emocional psíquica e emocional

A tese Barreto vai mostrar como decifrar as mensagens que vem do profundo da alma. Você sabia que a maioria das dores físicas que sofremos não têm origem embriológica, genética ou biológica, mas psíquica? De fato, muitas vezes identificamos o trauma somente com o sintoma, a camada externa, a Máscara, um álibi que o paciente aponta para o analista como ponta do iceberg, embora o trauma principal esteja escondido, na Sombra, na camada inferior do iceberg e subterrânea da consciência. A sua origem é quase sempre inconsciente.

Na Odisseia, Homero narra que Ulisse, o herói de Ítaca e seus companheiros foram amarrados na caverna do ciclope, que costumava beber bastante vinho antes de comer vivos seus prisioneiros. O malvado gigante de um só olho na cabeça, conhecido como Polifemo, filho do Deus do mar Poseidon e de uma ninfa, era desmedidamente maior por força dos seus inimigos, mas foi derrotado pela astúcia sutil e pelo engenho de um só homem. Polifemo vivia de pastorícia, alimentava-se de carne crua, de preferência humana, olhava o mundo só por um olho, ou seja, era privado de todas as visões, conhecimentos, perigos e oportunidades que a vida podia oferecer e foi derrotado por Ulisse através da maior astúcia da antiguidade. -Quem é você? Qual é seu nome? gritou Polifemo após prender Ulisse e seus companheiros no fundo da sua caverna. – Meu nome é NINGUÉM! Respondeu Ulisse que estava elaborando uma estratégia de fuga para não ser comido vivo.

Pois, Ulisse precisava ganhar a confiança do Ciclope enquanto pensava na maneira de retirar a enorme pedra que tampava a saída da caverna. A conversa do Gigante (que em pouco tempo tinha esvaziado um barril de vinho oferecido pelos náufragos) e Ulisse terminou com o Ciclope bêbedo, tumbado no chão e amarrado com grossas cordas pelos marinheiros gregos que logo após enfiaram uma lança afiada no único olho dele. O ciclope acordou aos prantos e gritos, cego pela dor e pelo olho perdido, pedindo socorro para todos seus irmãos gigantes e tirando a enorme pedra da entrada da caverna. A segunda astúcia de Ulisse foi ainda mais aguçada que a primeira.

Psicossomática e Ulisse

Ulisse e os outros marinheiros para poder sair da caverna sem ser apanhados pelo gigante, ficaram agachados ao ventre do carneiro, passando por debaixo das pernas de Polifemo, que cego de raiva e de dor testava e apalpava as costas de todos os animais capturados, que aos berros saíam correndo. E obviamente, quando Polifemo apalpou o carneiro que carregava por baixo Ulisse, amarrado e grudado como uma criança a própria mãe, não se deu conta de nada. Pois, Ninguém (Ulisse), seu maior inimigo estava bem aí, na sombra do carneiro, abaixo seu nariz.

Quando os outros Ciclopes perguntaram o que tinha acontecido e quem estava mexendo com Polifemo, este respondeu com voz devassa e destroçada pela dor: “Ninguém me atacou”. Assim, nenhum dos Ciclopes correu para ajudar Polifemo, pensando que se Ninguém havia atacado o irmão, os gritos eram apenas as alucinações de um velho bêbado louco.

A lenda mostra como Ninguém, ou seja, qualquer um, incluindo a própria SOMBRA pode tornar-se invisível para quem só olha pelo lado de fora e não para dentro. Veja: https://www.psicanaliseclinica.com/arquetipo-mascara-e-sombra/ Assim como quem enxerga somente pelos olhos e não pelo coração fica cego pelo resto da vida e nunca pode descobrir, desvendar o mal que atormenta o homem e nem pode desfrutar do bem que a sorte lhe providência.

A resposta Psicossomática

A resposta dos adeptos da escola psicossomática é de extrema importância para identificar e enxergar o trauma na hora do diagnóstico e durante a análise do paciente. Para o nobre psiquiatra e escritor Italiano Dr. Raffaele Morelli fundador da Revista de Psicossomática Riza as conexões energéticas entre alma e corpo caracterizam a maioria das patologias e disfunções de uma pessoa. “Cada vez que se experimenta uma doença, por exemplo a ansiedade, o corpo participa em forma ativa. Pois, aumenta bastante a batida do coração, a pressão arterial e a secreção de adrenalina no sangue. Cada vez que somos atingidos por um transtorno de ansiedade (CID 10 – F41.0) ou de Pânico (CID 10 – F41.2) desencadeia-se reações bio-electroquímicas que sustentam aquela aflição.” (Fonte: Riza,10/21).

Trata-se de um mecanismo primitivo de autoproteção e sobrevivência do organismo que utiliza o corpo como escape, como fuga e como descarga emocional. É dizer, que todas as vezes que não cuidamos do transtorno, quando não deciframos a mensagem que vem do interior (alma, psique) o organismo (corpo) reage ao impulso e a pulsão determinando uma situação crônica ou aguda. O risco para a pessoa é que aquele ataque de ânsia, pânico ou depressão possa transbordar da alma para o corpo e tornar-se encarnado.

“Essa é a essência da abordagem psicossomática: entender que um sintoma específico diz respeito ao homem de maneira integral e, portanto, é preciso cuidar de tudo, não apenas de uma parte da dor” (Riza 10/21). Em definitiva, se um qualquer Psicanalista Clínico na terapia decide trabalhar o sintoma na superfície, na sua camada externa (corpo – máscara), sem cuidar da parte interna (alma – sombra) onde se origina, dificilmente encontrará a via para cura e a solução do trauma do paciente.

Artrose emocional

Pela sociedade brasileira de Reumatologia a artrose é uma doença articular degenerativa. É uma das doenças mais difundidas no mundo que se caracteriza pelo desgaste “natural” de cartilagem articular e óssea e que afeta 40% da população. Interessante notar que é possível desacelerar este fenômeno degenerativo, em particular quando a doença é precoce, ou seja, não depende do envelhecimento celular (natural e biológico). Para a psicossomática a ARTROSE é um BLOQUEIO, que corresponde a uma rigidez (cervical, cerebral, no joelho, na coluna, no quadril, na mão…) ou seja, é uma FALTA DE FLUIDEZ MENTAL, falta de elasticidade e movimentação. É como se uma amarra prendesse os músculos do corpo (agir) que por sua vez prende a liberdade emocional (sentir) e que é o resultado de algum bloqueio mental (pensar).

Portanto, existe um TRINÔMIO entre a dor que o paciente sente, a rigidez das articulações e a emoção (e-movere, ou seja, a energia que flui através do fluxo sanguíneo). Em definitiva, a RIGIDEZ que causa a ARTROSE atinge tanto o fluxo sanguíneo como a forma de PENSAR (mente) do indivíduo, sua relação social, ambiental e decisional, além do SENTIR (emoção) e AGIR (movimentação). Segundo o brilhante psiquiatra pernambucano Dr. Adalberto Barreto, PhD em psiquiatria na França, no corpo estão inscritos e registrados todos os males psíquicos da alma humana. A tese do Dr. Barreto pode-se sintetizar no aforisma (màxima) psicosomática: “QUANDO A BOCA CALA, OS ÓRGÃOS FALAM, E QUANDO A BOCA FALA, OS ÓRGÃOS SARAM”.

Em outras palavras, “Os sintomas são mensagens do nosso não consciente. São mensagens codificadas e cheias de simbolismos”. (fonte: BARRETO, Adalberto. Quando a boca cala os órgãos falam. Fortaleza: LCR, 2014). Evidentemente, existe um mestre psíquico interior (invisível) que grita e bate no corpo para ser ouvido, que quando a boca cala sua dor, o corpo encarna e exprime a tristeza, raiva, desaponto, descontentamento e a descarga emocional (eg. no estômago, fígado, rins, cabeça, etc…).

Como decifrar os males psíquicos no corpo?

Segundo a tese Barreto é preciso responder a estas perguntas: “Você quer saber como está seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou e sentiu ontem. Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje”. (Barreto, 2014). Segundo Barreto existe um diálogo e uma relação estrita entre o estado mental e o estado físico, ou seja, os neurotransmissores cerebrais transmitem uma mensagem para as células até alterar o sistema imunológico.

Através de uma visão holística do Ser Humano (bio-psico-sócio-espiritual) Barreto desvenda todas as mensagens psíquicas dos sintomas biológicos. “Todos os sintomas não são apenas a expressão de uma disfunção orgânica, pode ser também a expressão de uma disfunção relacional”. (Barreto, 2014).

Pela abordagem Gestáltica o todo é maior que a soma de todas as partes e o todo está em todo, ou seja, o trauma, a lesão e o sintoma que está em uma parte do corpo diz a respeito do corpo todo, inclusive a mente e a alma. Portanto, o sintoma é uma comunicação inconsciente, um diálogo, entre uma manifestação externa (corpo) e uma dor interna, emocional e psíquica. De fato, existe um diálogo silencioso, uma comunicação não verbal e um sentido entre a dor orgânica e sua causa psíquica, quase sempre inconsciente.

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    O objetivo de Barreto é decodificar as emoções e os sintomas

    Em, A Fala do Sintoma, 2020, Barreto desvenda todas as conexões psico-físicas e os diálogos interiores. Alguns exemplos escolhidos no livro do professor Barreto (2020) mostram o conteúdo desta comunicação, o poder de cura na interpretação da mensagem e a oportunidade de descobrir, através do diálogo interior e das perguntas psico-existenciais, a origem dos sintomas e da doença. Observe e repare alguns diálogos entre parte específicas do corpo e as correspondentes emoções, bloqueios e dores: DIÁLOGO COM A CABEÇA E CÉREBRO: “O diálogo com a cabeça mostra as minhas percepções e controles. Pois, o cérebro não distingue a digestão de alimentos (material) e afetos (psíquico).

    Por exemplo, a Dor de Cabeça expressa a vontade de querer controlar tudo e todos pela razão; o Mal de Alzheimer expressa a fuga e não aceitação pela vida; a Enxaqueca, a tendència a me isolar, em vez de viver a vida com alegria; o AVC acontece quando eu ultrapasso os limites da minha resistência; a Hemiplegia expressa a incapacidade e medo de lidar com a situação; sentimento de estar dividido entre razão e emoção, entre lado feminino e masculino; a Epilepsia é uma liberação de raiva contida durante anos; os Abscessos são os medos de perder o controle e a autonomia; o Mal de Parkinson é a perda de controle nos movimentos por sobrecarga de informação no cérebro.” Pergunta: O que está me impedindo de seguir minhas intuições? (Barreto, 2020, p. 7)

    “O diálogo com o sistema digestivo mostra a qualidade dos meus alimentos afetivos e relacionais. Fala daquilo que temos dificuldade de engolir, digerir e assimilar na vida. Por exemplo, o Esofago expressa a passividade em face de uma situação, queremos deglutir melhor os relacionamentos; o Estômago mostra a digestão do alimento afetivo (segurança, acolhimento, recompensa, sobrevivência) e o conflito entre desejos e necessidades; o Fígado, a dificuldade de lidar com as críticas, as perdas, doenças e mágoas; a Diarréia a dificuldade de assimilar e ou eliminar algo para ser digerido; o Intestino grosso mostra nossos apegos e desapegos, convicções e ideias que tornam a pessoa constipada mental; a Prisão de ventre é o apego e acúmulo de coisas por medo de perder ou faltar; a Obesidade é a necessidade de se proteger através da alimentação para preencher um vazio interior (abandono, solidão).” Pergunta: O que não estou conseguindo digerir em meus relacionamentos? (Barreto, 2020, p.16).

    Psicossomática: Diálogo com os seios e com o rosto

    “O diálogo com os seios mostra a necessidade de cuidar de mim e dos outros. A necessidade de segurança afetiva leva a pessoa a uma dedicação excessiva aos outros. Por exemplo, o Câncer nos seios evidencia quem dos meus relacionamentos não quero mais nutrir e proteger. Isto é, a maternidade da mulher sobrepassa sua feminilidade”. Pergunta: O que tenho feito de minhas emoções e desejos femininos? (Barreto, 2020, p.29).

    “O diálogo com o rosto mostra a minha autoimagem e as feridas da alma, falam da dificuldade de aceitação da identidade, de enxergar pessoas, a vida e o mundo. Por exemplo, os Olhos expressam como encaramos a vida, a dificuldade de enxergar as coisas (valores e crenças, sentimentos); o Nariz: minha intuição e alarme. “Ser dono do meu nariz” é ser mestre da minha vida e do destino; os Ouvidos são as abertura e escuta interior”. Pergunta: o que não estou aceitando em mim (vergonha)? (Barreto, 2020, p.33).

    Diálogo com a boca e garganta e a Psicossomática

    “O diálogo com a boca mostra os apetites e gostos afetivos. Por exemplo, na Psicossomática a Boca é a porta de entrada e saída entre o corpo e o mundo exterior, expressa os desejos e expectativas (secura nos lábios); dificuldade de saborear a vida (boca seca); a Língua a frustração e autonegação ao prazer e problemas não ditos; o Mau hálito uma situação mal digerida, desejo de vingança, raiva”. Pergunta: o que está me impedindo de aceitar novos sabores, novas experiências, novas idéias, novos desafios na vida. (Barreto, 2020, p.44).

    “O diálogo com a garganta mostra a criatividade e expressão de si mesmo, reflete o medo de não ser aceito pelos outros. Por exemplo, a Gagueira fala das dificuldades, limitações, imperfeições que não conseguimos aceitar. Fala dos segredos familiares em contextos repressivos por dificuldade de expressar medos e emoções; o Pescoço e a nuca da relação entre o emocional (coração) e o racional (cabeça)”. Pergunta: tenho muito medo de não ser aceito pelas pessoas que amo? (Barreto, 2020, p.49).

    Psicossomática e o Diálogo com o sangue, coração e o sistema genituário

    “Mostra a alegria de viver, paixão e amor pela vida. Por exemplo, o Sangue simboliza a força, o combate e o entusiasmo de viver. A anemia mostra que algo nos tirou a alegria de viver”. Pergunta: O que está me fazendo perder minha energia e vontade de viver? (Barreto, 2020, p.55).

    “Mostra as tristezas, bloqueios, interações comunicativas, dificuldade de proteger das agressões externas. Por exemplo, o depressivo não têm força e ânimo que a respiração proporciona, é prisioneiro do passado, teme o futuro e não consegue viver no aqui e agora”. Pergunta: que tristezas alimento ou de quais delas ando com dificuldade de me libertar? (Barreto, 2020, p.62).

    “Mostra o destino dos meus desejos. Por exemplo os Rins simbolizam a separação do sujo e do limpo “o joio do trigo”, é o lugar dos medos, discernimento, equilíbrio e cuidados e harmonia entre feminino e masculino; a Bexiga a resistència as mudanças,fixações emocionais e repressão; Os cálculos mostram quantos somos duros com nós mesmos”. Pergunta: o que tenho medo de eliminar em minha vida? (Barreto, 2020, p.66).

    Psicossomática diálogo com os órgãos genitais, glândulas, pele vértebras, pele e membros superiores e inferiores

    “Mostra a qualidade das relações eróticas entre os parceiros. Por exemplo, a Frigidez prova a negação ao prazer e medo das pulsões sexuais (educação repressiva); a Esterilidade é medo inconsciente de ter filhos”. Pergunta: que medo têm bloqueado meu desejo de ser mãe (ou pai)? (Barreto, 2020, p.69).  “Mostra meus valores e relações afetivas, a dificuldade de encontrar motivação na vida familiar e familiar. Por exemplo, a Tireóide é a expressão da alegria, tristeza e angústia”. Pergunta: por que estou tão na difensiva (agindo como vítima)? (Barreto, 2020, p.80).

    “Mostra minha proteção e interação, denuncia minha carência de afetos ou de criar barreras. Por exemplo, a pele seca é falta de proteção, necessidade de cuidado; a Psoríase é proteção contra o contato físico. Pode expressar o medo de abandono, medo do contato, porém desejo de ser amado”. Pergunta: tenho dificuldade de verbalizar o que sinto? (Barreto, 2020, p.87). “Mostra meus desafios e responsabilidades, denunciam um sentimento de culpa e uma vontade de punição. Por exemplo, às Vértebras cervicais evidenciam a abertura para vida, desequilíbrio mental e emocional”. Pergunta: o que me impede de ver a realidade de forma ampla? (Barreto, 2020, p.99).

    “Mostra a capacidade de acolher, agir e expressar amor, denunciam sobrecargas afetivas e matérias. Por exemplo, os Ombros exprimem as minhas responsabilidades, doem quando nos sentimos oprimidos e reprimidos ou quando carregamos pesos e pessoas nas costas.” Pergunta: tenho tendência de me responsabilizar pela felicidade dos outros? (Barreto, 2020, p.120). “Mostra minhas relações afetivas e segurança interior, denunciam o medo de reviver situações de bloqueio e fixação. Por exemplo, a Coxa mostra a memória do passado, abandono, traição, autonomia e determinação, a emergência de memória inconsciente e reprimida; os Joelhos a flexibilidade, imposições e ambições; os Pés a presença, posições e enraizamento a busca pela estabilidade e segurança.” Pergunta: que obstáculos preciso superar para continuar a minha caminhada? (Barreto, 2020, p.128).

    A fala dos sintomas e a Psicossomática

    É um riquíssimo manual de saúde, prevenção e cura onde o Professor Adalberto Barreto, demonstra em forma clara e objetiva, mas também didática, exaustiva e com rigor metodológico, científico as relações e diálogos internos e as perguntas que cada paciente e profissional precisa fazer para decodificar a verdadeira origem da sua dor e encontrar “pistas” para cura. (fonte: BARRETO, Adalberto. A Fala dos Sintomas. Desvende as mensagens de seus sintomas. Fortaleza: LCR, 2020). Em definitiva, uma dor na musculação e no corpo muitas vezes é a consequência do mal estar interior ou de um envelhecimento celular do organismo, a partir de certa idade. Embora, alguns casos possam ser desvinculados de razões psíquica (trabalhos desgastantes, manuais ou sedentários), na maioria das vezes existe uma relação entre a dor (enrijecimento) muscular e a liberdade (agir, pensar, sentir).

    É dizer, é como se a pessoa estivesse hiper controlada ou inibida (limitações e proibições do superego) querendo controlar cada ação e policiar os resultados; tensionada em atingir a perfeição, presa a alguma regra moral ou trauma, bloqueando de fato, a livre expressão emocional que limita a vida real e quotidiana. Assim o agir (movimentação) está preso num confinamento físico (corpo), mental (pensar) e emocional (sentir) privando o sujeito de liberdade e gerando ARTROSE PSÍQUICA. De fato, suportar situações de ansiedade, carregar nas costas ou na mente os problemas como um fardo pesado origina este endurecimento e desgaste emocional, dificuldade de deslocamento e dor. Além do mais, podem existir situações depressivas (psíquicas) que causam transtornos direto no organismo que é chamado para suportar, aguentar, engolir, tragar e resistir ao estresse.

    Em outras palavras, o corpo é chamado para segurar o desequilíbrio e o sofrimento da alma, que sem liberdade psíquica, fica encarcerado em si mesmo. Sem falar que o excesso de regras, modelos de perfeições, cobranças externas e internas, expectativas sociais, imposições geraram uma vida de insatisfação que pode ser consequência da falta de satisfação do desejo e repressão da energia pulsional que não encontrou a sublimação e que desconta no corpo toda sua dor, tristeza e infelicidade.

    Conclusão

    Em definitiva, segundo a tese Barreto e e sobretudo pela perspectiva psicossomática a ARTROSE PSÍQUICA E EMOCIONAL É AUSÊNCIA DO ARQUÉTIPO DA LIBERDADE E DA VIDA PLENA, de auto realização e de alienação da psique (obrigada a viver um projeto existencial alheio e não autêntico). Repare, por exemplo, no tipo de energia que atravessa nosso corpo quando somos atacados pelo pânico (o Deus PAN diriam os gregos). O espanto bloqueia a movimentação, gela e engessa a emoção e o fluxo sanguíneo. Em definitiva, UM BLOQUEIOS ENERGÉTICO pode ser a consequência de um ESTRESSE, de um TRAUMA ou de uma RIGIDEZ DO SUPEREGO ou de uma dinâmica de RECALQUE DO ID (Inconsciente).

    Para Freud a tarefa do analista e a missão da Psicanálise é ampliar e fortalecer o ego do paciente (consciência) para o cumprimento das suas funções, capacitá-lo através da autonomia, transformar a dor e o trauma inconsciente e reprimido em material pré-consciente e sobretudo render possível a aproximação com o desejo. QUEM CONHECE AS RAZÕES E A ORIGEM DA SUA DOR E TRAZ PARA A CONSCIÊNCIA (fortalecendo o Ego) O DRAMA OCULTO (através do processo de relembrar, repetir e reelaborar) PODE ENCONTRAR A CURA. De fato, o paciente é curado quando consegue lembrar, pensar e repetir um trauma passado sem dor.

    Em definitiva, a psicossomática e a tese Barreto mostram que você não pode tomar remédios analgésicos, achando que vai curar a sua doença, apenas aliviando a sua dor. Na verdade, os remédios só geram uma satisfação temporária, às vezes criam vícios e dependência, adiando a solução e a identificação dos verdadeiros problemas, a análise e o diagnóstico do trauma principal que está escondido na sombra. O conflito, a insatisfação, a tristeza, a dor, a doença e o trauma se escondem sempre dentro de você! VOCÊ É A CAUSA DA DOENÇA, mas é sobretudo a única saída e possibilidade para CURA!

    A cura da Psicanálise e a Psicossomática

    A cura para a Psicanálise é também a satisfação de um desejo oculto, inconsciente. Porquê: “Difícil não é fazer o que é certo, mas é descobrir o que é certo fazer” Henry Srour. A SAÚDE MENTAL é a verdadeira riqueza oculta, O VERDADEIRO LUXO DA ALMA, mas ela precisa ser cultivada, cuidada e guardada num cofre como um tesouro, NÃO PODE SER OSTENTADA. Este tesouro tem diferentes nomes: alma, psique, mente, inconsciente, sombra e Self. E vários atributos: paz, equilíbrio, energia vital, transformação, auto-realização, sentido encarnado, sonhos, desejos e princípio do prazer (a verdade psíquica do paciente).

    LEMBRE-SE que a SAÚDE PSÍQUICA é a MAIOR RIQUEZA do homem, não tem dinheiro que pague ou compre. Você pode até comprar um bom plano de saúde, mas não pode comprar a saúde. Ela depende da capacidade e da transferência com o Psicanalista que você escolheu (50%), mas sobretudo depende de Você (50%) abrir mão das coisas (idéias, objetos, pensamentos, pessoas e coisas) que o fizeram adoecer!

    O presente artigo foi escrito por Marco Bonatti. Nasceu na Itália, naturalizou-se brasileiro, reside no Brasil em Fortaleza/CE (e-mail: [email protected] facebook: [email protected]), possui doutorado PhD em Psicologia Social – UK – Buenos Aires, Argentina; Graduação em Filosofia FCF/UECE – Fortaleza, Brasil; Pós graduação em relações internacionais, Valencia, Espanha; Graduação em língua francesa na Sorbonne, Paris, França; Atualmente é Psicanalista Clínico e colunista no IBPC/SP (Instituto Brasileiro Psicanálise Clínica).

    5 thoughts on “Psicossomática: uma visão da psicanálise

    1. Embora os Oncologistas, atrelem o câncer ao consumo de alimentos processados (dizem até a frase: menos embalagens mas sadio o alimento), mas a essência da doença – multiplicação acelerada das células – é o maior desequilíbrio energético que há! Outra situação foi a Ana Maria em “não admitir” a Aposentadoria, mas o fisico já não acompanhando o “pique” do programa da Globo, causar o sentimento de piedade no público e antes nela, quando comentou a cirurgia no túnel do carpo, só que é possível conviver com o problema sem a cirurgia. Lembrando que o histórico oncológico que ela tem, avaliza o porque da busca dela, pela cirurgia! No mais temos a questão de prótese peniana, “azulzinho”, cogitar “colesterol ou glicemia” alterados como justificativa do “desempenho sexual” masculino. E aonde fica a Psique? Ou a questão sexual seria tão simples assim, que o azul basta estar apenas na cápsula do medicamento e não como “metáfora” ao otimismo!

    2. Isadora Santos disse:

      Que texto fantástico! Um dos melhores que já li! Transmite toda a clareza do tema. Parabéns ao autor.

      1. Marco Bonatti disse:

        Obrigado Isadora, espero que você consiga ler também os outros 11 textos que publiquei no IBPC. È suficiente digitar e buscar Marco Bonatti. M.b.

    3. Marco Bonatti disse:

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