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Ser psicanalista e sua relação com a teoria

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A psicanálise de Freud foi uma importante descoberta na vida científica por descrever de forma detalhada o funcionamento da psique humana no começo do século XX. Sendo considerada a terceira ferida narcísica da humanidade por ser capaz de descrever os impulsos humanos, a psicanálise se firmou como uma ciência laica acessível a todos os interessados.

Com o estudo da psicanálise, é importante entendermos que ela é aplicada a partir do método psicanalítico que objetiva alguns pressupostos como a fala do paciente, associação livre e uma forte veia interpretativa do analista.

Neste artigo, iremos apresentar um breve resumo do método que pode ser uma reflexão a todos os psicanalistas, sejam eles novatos ou mais experientes e sua relação com a teoria Freudiana. Veremos significado de ser psicanalista a partir da psicanálise freudiana.

O método hipnótico

Quando Sigmund Freud voltou de Paris após a realização de um estágio com o renomado médico Jean Martin Charcot, ele estava inspirado pelo método da sugestão hipnótica que promovia mudanças no comportamento dos pacientes. De volta a Viena, Freud começa seus trabalhos em seu consultório aplicando a técnica aprendida como uma forma de fazer com que as pessoas trouxessem à tona experiências traumáticas.

O objetivo desse tratamento era promover uma sugestão nesta memória trazida para que os sintomas somáticos fosses amenizados ou mesmo eliminados.

Durante esse período, Freud desempenha um intenso trabalho com os pacientes ao lado do médico Joseph Breuer. Juntos eles publicam um importante trabalho sobre a histeria e eliminação dos sintomas a partir da hipnose. Entretanto, quando Freud desenvolve a teoria da sexualidade infantil, sua relação com Breuer é prejudicada e ambos os médicos tomam cada um seu caminho.

A psicanálise nasce da clínica

A teoria do desenvolvimento psicossexual proposta por Freud foi refutada pela sociedade acadêmica da época muito por causa do contexto social do século XIX e início do século XX. Vale destacar que, neste período da história, as questões ligadas à sexualidade eram um forte tabu e o ato sexual entendido apenas para fins reprodutivos.

Para as mulheres, essa concepção era ainda mais repressora visto que a elas era definido o papel de serem mães e cuidadoras estando sempre muito distante das questões que envolviam o prazer sexual.

Mesmo sendo duramente criticado com sua teoria, Freud continua seus estudos bem como a prática clínica nos anos seguintes extraindo das experiências com seus pacientes muitos dos detalhes que o ajudaram a desenvolver a psicanálise como conhecemos hoje.

Com o tempo, Freud abandona o método hipnótico e estabelece o método da associação livre que consistia na livre fala dos pacientes. Isso significava que, ao falar livremente, o paciente se sentia melhor por falar sobre suas dores e angústias. Freud percebeu que a linguagem revelava mais do que dores, ela revelava conteúdos inconscientes que buscavam um escape para se manifestar.

A psicanálise clínica e seu método investigativo

O método de associação livre e o lançamento de seu livro A Interpretação dos Sonhos publicado em 1900 consolidou o nascimento da psicanálise, uma nova ciência que agregou muito à medicina e à psicologia. Freud pode ser considerado como um pensador que buscava descrever e debater aspectos humanos que estavam encobertos por um véu social.

Durante as primeiras décadas do século XX, Freud aplicou sua teoria em diversos pacientes de sua clínica ampliando e melhorando a ciência que havia criado registrando e comprovando muito de seus pensamentos. A ciência da psicanálise permitiu que o comportamento humano pudesse ser melhor explicado com base em conceitos como:

Tendo muitos adeptos da prática psicanalítica, a teoria de Freud se difundiu pelo mundo e pode ser considerada como um grande avanço para o conhecimento humano.

Ser psicanalista e a prática psicanalítica

Com mais de cem anos de existência e prática clínica, a Psicanálise se tornou um método de base terapêutica ajudando pessoas a lidarem com seus traumas e experiências vividas na infância. Muitos médicos e pensadores ampliaram os conceitos cunhados por Freud levando esse método a novas abordagens.

Entretanto para aqueles que estão começando a estudar as teorias e métodos freudianos, assim como aqueles que já possuem experiência, é sempre válido lembrar que é necessário nos mantermos nos pressupostos do autor para que a prática clínica aconteça conforme o esperado e trazendo resultados para quem a busca.

Por ser uma ciência de base interpretativa, é natural que os analistas imprimam em seus atendimentos muito de seu repertório e interpretações a respeito da vida e do comportamento. Neste sentido, é importante nos atermos ao fato de que uma parcela significativa das pessoas procura a análise para ter uma pessoa que diga a ela o que fazer com seus problemas.

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    Por isso, não é difícil para um analista tomar, em alguma medida, as rédeas da vida da pessoa fazendo hiper-interpretações do histórico do analisando e lançando mão de diagnósticos que não condizem com a realidade do sujeito.

    Durante a atuação clínica, é importante termos em mente que a psicanálise possui seus métodos e teorias próprias que devem sempre serem revistas e reinterpretadas diversas vezes para uma melhor compreensão. A psicanálise não é uma conversa sobre a vida ou um desabafo pessoal, mas uma investigação complexa e sofisticada que se pauta nos detalhes para reconhecer elementos inconscientes.

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    Os resultados da clínica psicanalítica não se resumem em uma cura definitiva dos problemas. Ela pressupõe um amadurecimento pessoal e uma forma de lidar melhor com os problemas pessoais trazendo benefícios como um maior equilíbrio nas atitudes, relaxamento e valorização da vida e suas nuances.

    Ser psicanalista é, portanto, um constante refletir sobre a essência humana e suas manifestações não se eximindo de seu papel na vida também como ser conflituoso, mas que pode aprender a lidar com sua vida psíquica e emocional.

    Este artigo foi escrito por Renan Gaudencio Vale (email: [email protected]), professor, linguista, mestre em semântica e futuro psicanalista. Sempre tive intenso interesse pelo funcionamento da mente humana. Acredito que a linguagem é parte constitutiva do sujeito e a psicanálise a forma mais íntegra para a compreensão de nós mesmos.

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