Obras de Freud: aspectos teóricos e clínicos

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Quais foram as obras de Freud, por que será que ele foi tão importante para a criação da Psicanálise? Apesar de ser algo claro para alguns, ainda é possível haver alguma dúvida quando o assunto é as obras de Freud.

Pensando nisso, fiz este texto com a intenção de explicar os aspectos teóricos e clínicos nas obras de Freud e assim, mostrar quem foi este grande nome para a nossa atual Psicanálise. Ficou interessado? Continue lendo para saber tudo à respeito!

Quem era Freud? Características

Impossível falar de psicanálise sem saber ao menos um pouco da história e estudos de Sigmund Freud. Ele dedicou boa parte de sua vida ao estudo entre fracassos e contestações. Porém é hoje o primeiro nome que vem à cabeça ao tocarmos no assunto. As obras de Freud contribuíram para a área e são contempladas até hoje.

Sempre atento, Freud desenvolveu características em sua infância que fizeram parte de seus estudos na maturidade, com interpretações inclusive dos próprios sonhos e autoanálises. Casou-se com Martha Bernays depois de longos anos de trocas apaixonadas e confissões sobre o andar de seus estudos e teorias, e teve seis filhos com ela.

Obras e Estudos de Freud

Freud ganhou de Jean-Martin Charcot, médico francês, uma bolsa de estudos, onde pôde se aprofundar mais a respeito da mente humana. Trabalhou em sua própria clínica utilizando-se de vários métodos. Porém se dedicou imensamente ao hipnotismo (método da sugestão hipnótica), onde conseguia pequenos progressos, segundo relatou em várias cartas que trocava com o amigo e médico otorrinolaringologista Fliess.

Com as experiências trocadas juntamente com Josef Breuer em vários casos já transcritos no módulo anterior, Freud desenvolveu outras formas de tratamentos que são inclusive fundamentais para os entendimentos da psicanálise hoje.

Em 1897, Freud deu base à psicanálise, iniciando um processo de autoanálise de seus relacionamentos e comportamentos desde a infância, associações e sonhos. Dentro do que se refere à base da teoria/prática freudiana, Freud descobriu a partir disso o inconsciente, fase anal, sexualidade desde a infância, sonhos, complexo de Édipo, entre outras coisas muito discutidas na atualidade.

A Interpretação dos Sonhos de Freud

Em 1900, Freud publicou o livro A Interpretação dos Sonhos, dois anos de o mesmo estar concluído, onde foi transcrita uma série de avanços no que se refere a questões da mente humana. E essa é apenas uma das grandes obras de Freud.

Em 1905, Freud começou a ter um pouco mais de destaque devido aos constantes avanços na psicoterapia, com inúmeras notas e publicações, inclusiva a do Caso de Dora, não elucidado por completo. Juntamente com outros grandes nomes, foi criada a IPA (Associação Psicanalítica Internacional) com intuito de se obter mais e mais avanços em várias partes do mundo.

Porém, por Freud sempre colocar suas ideias ligadas à sexualidade em pauta — não somente devido à guerra, mas também por conta de Alfred Adler e Carl Gustav Jung se colocarem em oposição.

Mesmo assim, Freud ainda fez outras publicações, como a do caso de Schreber, importante juiz que se autodefendeu, buscando recuperar suas posses, mas que acabou morrendo em uma clínica de psiquiatria; sobre o Narcisismo e ainda tem outras obras de Freud de destaque.

Interpretação de Sonhos e aparelho psíquico

O livro foi possível graças às próprias experiências de Freud e à importância dos sonhos, criando assim a primeira tópica freudiana. Os sonhos estão ligados a experiências, memórias, infância, perturbações comuns, e cada significado pode apresentar uma estrutura significativa.

São elas: os estímulos sensoriais e sensações reais externas e internas.

São restos diurnos, que, como o próprio nome fala, são frutos das situações cotidianas quando estamos acordados e conscientes, e também conteúdos inconscientes reprimidos, que são os sentimentos mais escondidos dentro do nosso inconsciente.

Existem dois conteúdos:

  • o conteúdo manifesto, que é aquele que o indivíduo pode ou não se recordar, e
  • o conteúdo latente, que é aquele que fica reprimido dentro do inconsciente.

Eles podem ser de deslocamento, condensação e representação/simbolização.

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    Acontecimentos posteriores das Obras de Freud

    Mais tarde, foram retomadas as atividades da instituição, logo quando Freud descreveu sobre o Id, Ego e Superego e descobriu sobre seu câncer de mandíbula.

    Em 1933, Adolf Hitler mandou queimar em praça pública quase todas as suas obras. Freud já não se considerava mais alemão, e aos 82 anos faleceu.

    Dos Primórdios, hipnotismo, associações, histeria, Complexo de Édipo

    Para melhor entender, irei transcrever uma divisão sucinta do pensamento freudiano que se divide em quatro partes, sendo elas:

    • investigar neurose e histeria,
    • o período em que passou sem autoanálise,
    • id e
    • libido e ego.

    Dadas essas pesquisas ao longo de sua vida, podemos dizer que elas repercutem até os momentos atuais.

    Através de cartas a Fliess, Freud descreveu sobre seus estudos em relação às neuroses, que ele dividiu em duas partes — neuroses atuais e psiconeuroses —, inclusive abandonando tratamentos como eletrochoques e tentando desenvolver uma relação com a Psicologia. Entretanto, isso acabou sendo inútil.

    Voltando às hipnoses de Breuer e ao caso de Anna O., que era submetida a elas e correlacionava a experiências ruins com os sintomas propriamente ditos. Em sua maioria, os sintomas desapareciam. Com isso, Freud descreveu que a histeria é o reviver do experimento ruim; a pessoa o reprime e tenta de qualquer forma se esquecer.

    Associação livre e o Conceito de Histeria

    Porém, em uma de suas sessões com uma paciente, Freud percebeu que não era necessário fazer sugestões às pessoas que tratava, mas sim somente deixá-las transcorrer com os fatos. Através dos relatos, Freud, com toda a sua experiência e estudos, conseguiu uma interpretação do caso conhecido como o de Associação Livre.

    O conceito da histeria por transferência foi dado por Freud ao caso do tratamento de Breuer com Anna O., que começou a fantasiar situações devido à sua necessidade infantil de amor paterno. Logo, Breuer se viu forçado a interromper o tratamento dela. A transferência faz com que o indivíduo atualize seus desejos inconscientes.

    A resistência também era uma barreira, visto que o paciente bloqueava a tentativa de se avivar o pensamento/situação em análise. Através de cartas a Fliess, Freud relatou suas autoanálises e correlações aos sentimentos nutridos simultaneamente por sua mãe, pai e por sua filha Mathilde, e daí criou outro conceito: o Complexo de Édipo.

    Reprodução do Nível Inconsciente

    Os níveis do inconsciente se manifestam de diferentes formas ou se “adaptam” entre as defesas da mente humana, de modo que podem ser reproduzidos de uma maneira interpretativa ou aceitável que pode chegar ao nível inconsciente. Para o desenvolvimento permissivo dentro do campo de atuação científico, Freud colocou dois princípios básicos fundamentais:

    • multideterminação e
    • a existência do inconsciente.

    Pois, segundo a teoria do trauma, o indivíduo reprime experiências que mais tarde se tornarão algum tipo de sintoma físico. No caso, a pulsão é aquilo que o indivíduo manifesta, ligado diretamente a algo que possa ter acontecido e acaba por se manifestar (catexia).

    Os impulsos instintivos humanos seriam de duas naturezas:

    • autoconservação (satisfação básica e essencial) e
    • sexual (diretamente ligadas à libido ou partes erógenas).

    O modelo topográfico é dividido em três partes:

    • inconsciente (que não apresenta uma lógica),
    • pré-consciente (que funciona como um filtro do que permanece no inconsciente ou não) e
    • consciente (tudo aquilo que está disponível à mente).

    O recalcamento

    O recalcamento censura tudo entre o inconsciente e o pré-consciente, fazendo assim com que experiências ruins que poderiam definir o desenvolvimento da pessoa se mantenham a nível inconsciente.

    Porém, o retorno do recalcamento é a “chance” de que tudo aquilo que está a nível inconsciente transite para o nível consciente, embora isso aconteça em forma de angústias, depressões, fobias, medos excessivos etc.

    Segundo modelo estrutural do aparelho psíquico, defesas do Ego

    São estruturas psíquicas que interagem entre si juntamente com o inconsciente, consciente e pré-consciente. São elas o ID, EGO e SUPEREGO.

    • Ele as descreve como um iceberg, cuja porção maior e submersa representaria o ID, ou o inconsciente. São impulsos descoordenados e que se apresentam mais fortemente em recém-nascidos e do qual não possuem muita racionalidade.
    • O SUPEREGO está localizado de maneira imersa, porém tem como partes a inconsciente, pré-consciente e consciente respectivamente, logo, fica a nível intermediário e segue certos padrões determinantes de caráter moral.
    • Já o EGO, também em parte submerso ou “inconsciente”, outra parte consciente (respondendo pela ideia que fazemos de “eu” e nossa interação consciente com a realidade externa), serviria de amparo do ID e do SUPEREGO. Em outras palavras, serve como mediador das pulsões. De acordo com interação entre eles, podemos determinar as personalidades distintas da pessoa.

    Recomendação de artigo: leia também este outro nosso texto que mescla de forma ilustrativa a relação entre primeira tópica (inconsciente, pré-consciente e consciente) e segunda tópica (id, ego e superego).

    Defesas do EGO

    Dentre as defesas do EGO, podemos descrever:

    • Recalcamento/repressão: que se trata de uma briga entre o ID e o SUPEREGO, de forma a proteger o sistema.
    • Negação: é dada no indivíduo pouco evoluído e, como o próprio nome diz, ele nega a realidade e prefere a ficção.
    • Renegação/Recusa: é a não-aceitação de situações do EGO que podem ser nocivas, porém que o indivíduo as têm em nível de consciência.
    • Regressão: também, como o próprio nome diz, é um mecanismo do EGO para se defender.
    • Conversão orgânica: devido a experiências reprimidas, passado e aflições, o indivíduo acaba por descarregar a pulsão em seu próprio organismo através de sintomas físicos.
    • Projeção: é o descarregamento interno projetado para pessoas ou objetos.
    • Deslocamento: a carga de agressividade passa de um objeto para o outro.
    • Racionalização: isolamento de coisas que não podem ser compreendidas.
    • Formação reativa: o sentimento de sofrimento é substituído por extrema docilidade.
    • Sublimação: consegue transformar sentimentos nocivos/destrutivos em boas ações.

    Conclusão       

    As obras de Freud foram marcadas por grandes acontecimentos e a formação então do que conhecemos hoje como Psicanálise, que é uma terapia utilizada por diversos profissionais.

    Quer conhecer mais sobre a Psicanálise e se tornar um terapeuta na área? Conheça agora nosso curso 100% on-line. Nele, é possível aprender um mais sobre as obras de Freud e de outros psicanalistas famosos. 

    O artigo presente sobre principais ideias e obras de Freud foi enviado pela aluna do nosso curso Psicanálise Clínica Ana Claudia Drugovich, exclusivamente para o nosso Blog Psicanálise Clínica.

    6 thoughts on “Obras de Freud: aspectos teóricos e clínicos

    1. Psicanálise Clínica disse:

      Olá, Fabiana, tudo bem? Os conteúdos cobrados em provas do nosso Curso são aqueles que constam nas apostilas e vídeo-aulas, da área de membros.

    2. Renata Barros disse:

      olá. estou com problemas no meu teclado. peço desculpas pela falta de pontuação, acentuação e maiúsculo.

    3. Psicanálise Clínica disse:

      Renata, tudo bem? Publicamos de 4 a 8 artigos por dia, baseando-nos em pesquisa. Também publicamos artigos de alunos (quando há assinatura ao final do post). Tudo gratuito. Mesmo assim, sabemos que os textos nunca serão perfeitos (não perseguimos este ideal de perfeição, tampouco é justo que alguém projete em nós este ideal). Você poderia nos apontar especificamente, indicando quais os problemas encontrados neste texto? Relatos de forma vaga não são “construtivos”, não nos ajudam em nada, acabam apenas nos diminuindo enquanto projeto e diminuindo o valor do autor do texto, que dispôs o seu tempo para ajudar alguém em seus estudos, mesmo correndo o risco de conter erros. Uma outra forma de ajudar: publique um artigo seu em psicanaliseclinica.com/colunistas sobre este tema (ou outro), assim mais pessoas partilharão do seu conhecimento. Obrigado.

    4. David Ferreira da Silva disse:

      Agradeço à colega Ana Claudia Drugovich pelo artigo.
      Um comentário do Instituto, confesso, me estimula a pensar sobre escrever também – embora minhas limitações.
      Obrigado!

    5. Raquel da Fonseca Freitas disse:

      Ótimo texto, principalmente pra quem não entende nada sobre Psicanálise, esse texto dá uma boa pincelada pra ter uma noção inicial. Parabéns!

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